A Igreja quer que hoje contemplemos o céu de todos os predestinados que “morreram em Jesus Cristo”, com seu Nome bendito nos lábios, e a fé no coração. Isto é, todos os heróis da virtude que brilham no céu como estrelas de primeira grandeza, e os pecadores arrependidos que, por fim, depois de se purificarem de suas manchas nas chamas do Purgatório, também gozam da eterna felicidade no céu.
A Igreja, essa Mãe benigna que no decurso do ano celebra incessantemente as festas dos santos, reúne-os todos hoje numa festa comum. Além dos que pode chamar pelo nome, ela evoca, numa visão grandiosa, a multidão inumerável dos outros “de todas as nações, tribos, povos e línguas, de pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidas com túnicas brancas e de palmas na mão” (Ap), aclamando Àquele que os resgatou com o seu sangue.
Foi no Oriente que se começou a celebrar a “memória de Todos os Santos” já no século V, festa que se encontra no Ocidente a partir do século VI em diversas épocas do ano. Segundo o Martirológio Romano, foi o Papa Gregório IV (827-844) que teve a honra de a estender a toda a Cristandade.
Essa festa era celebrada no primeiro domingo depois de Pentecostes, mas bem cedo, por causa do jejum das têmporas, foi transferida para o dia 13 de maio. Esse dia foi escolhido por Gregório IV para celebrar a dedicação do Panteão, templo construído no século 27 antes de Cristo em honra de Júpiter e de todos os deuses pagãos, e consagrado em 609 a Santa Maria e a todos os mártires. Esse mesmo papa transferiu então a festa para o dia 1º. de novembro. Sisto IV elevou-a a uma das maiores solenidades, com oitava. São João, em seu livro profético do Apocalipse, diz: “Ouvi, então, o número dos assinalados: cento e quarenta e quatro mil assinalados, de toda tribo dos filhos de Israel. … Depois disso, vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua, que estavam diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de túnicas brancas, e com palmas nas mãos. … Ele me replicou: Estes são os que vêm da grande tribulação, e lavaram suas túnicas e as alvejaram no sangue do Cordeiro” (Ap 7, 9-14), e entraram na eterna felicidade.