Santo Elói é desses santos que, assemelhando-se mais a Anjos do que a simples mortais pela inocência e singular caridade, teve uma vida digna de figurar na Legenda Áurea. Apreciador da riqueza e da beleza no culto divino e na sociedade temporal, como bispo perseguiu os simoníacos, confundiu os hereges e castigou os maus padres.

Santo Elói, bispo de Noyon e de Flandres. Foi ourives e depois conselheiro dos reis merovíngeos. Fundou no Limousin a abadia de Solignac.

Elói ou Elígio nasceu no ano de 588 em Chatelac, perto de Limoges, na então Gália, hoje França, de pais nobres e piedosos de origem romana. Formado desde cedo nos exercícios de piedade, seus pais lhe imprimiram tal desprezo pelo mundo, que ele não parecia ter nascido senão para calcá-lo aos pés.

Adolescente, observando o pai sua singular aptidão para trabalhos manuais, colocou-o como aprendiz de um ourives da cidade, enviando-o depois a Limoges, para a fábrica de moedas pertencente ao fisco e dirigida pelo mestre Abón, a maior autoridade nesse ofício.

Em pouco tempo Elói fez tantos progressos, que seu mestre o enviou a Paris com carta de recomendação para Bobón, o tesoureiro do rei Clotário II, a fim de se aperfeiçoar. O jovem tinha então apenas vinte anos.

Sua conversação era tão honesta e agradável a todos, que em pouco tempo granjeou na corte muito boas amizades. Entre outras, ganhou a simpatia do tesoureiro Bobón, e as dos futuros Santos Adueno (Ouen) e Desidério.

Ocorreu então que, desejando o rei fazer para si um trono rico em pedrarias, perguntou a Bobón quem seria capaz de fazê-lo. O tesoureiro indicou Santo Elói. O rei aceitou a indicação, e mandou entregar ao santo grande quantidade de ouro e pedrarias, com o desenho do trono. Passado algum tempo, Elói entregou-lhe não um, mas dois tronos.

O rei ficou perplexo, pois Elói poderia ter apresentado um só trono, e ficado com o resto das jóias. “Eis aqui uma grande exatidão, disse-lhe o rei, e tu mostras com isso que se pode fiar em ti para coisas muito mais consideráveis”. E passou a encomendar-lhe negócios de muito maior monta, e a tê-lo no número de seus conselheiros e embaixadores.

Falecendo Santo Acário, Bispo de Noyon (França), o clero e os fiéis daquela diocese – como era costume da época – escolheram para sucedê-lo Santo Elói. Como ele ainda era leigo, preparou-se com São Cesário de Arles durante um ano para receber o sacerdócio, sendo depois por ele sagrado Bispo em maio de 641, juntamente com seu amigo Santo Ouen.

Elói foi um bispo segundo Deus, cuidando de suas ovelhas com espírito inteiramente sobrenatural.

Enfim, tendo atingido os 70 anos, cheio de boas obras, Santo Elói chegou ao termo de sua carreira terrena. Chorado por todos, especialmente pelos pobres, entregou sua alma a Deus no primeiro dia de dezembro do ano 659 de nossa era.

A fama deste Santo é tal, que perdurou durante séculos, sendo ele lembrado até hoje em singela canção cantada pelas crianças francesas.

O Calendário Romano Monástico diz dele neste dia: “Santo Elói, bispo de Noyon e de Flandres. Foi ourives e depois conselheiro dos reis merovíngeos. Fundou no Limousin a abadia de Solignac. A cidade de Dunquerque dedicou-lhe sua principal igreja, venerando-o como seu fundador”.

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