Depois de ter ontem se alegrado com seus filhos que entraram na glória do Céu, a Igreja pede hoje por todos aqueles que, nos sofrimentos purificadores do Purgatório, esperam o dia em que poderão associar-se à assembléia dos Santos. Nunca, em toda sua liturgia, se afirma de modo mais vivo a misteriosa unidade que existe entre a Igreja triunfante, a Igreja militante e a Igreja padecente. Jamais se cumpre de modo mais palpável o duplo dever de caridade e de justiça que é, para os cristãos, conseqüência da sua incorporação no Corpo Místico de Cristo. Em virtude do dogma tão consolador da Comunhão dos Santos, os méritos e sufrágios de uns são aplicados a outros, a pedido da Igreja que, pela Santa Missa, indulgências, esmolas e sacrifícios de seus filhos, oferece a Deus os méritos superabundantes de Cristo e dos seus membros.
A oração pelos mortos esteve em uso entre os cristãos desde as origens. A crença no Purgatório e na eficácia da oração a fim de apressar a purificação das almas dos defuntos que nele estão, bastam para a explicar. É inútil tentar aproximá-la, tal como a temos, com o que ocorre em outras religiões, muitas delas pagãs, que também cultuam os mortos. Tais esforços nada provariam, a não ser mostrar que o respeito pelos mortos é um sentimento ligado à lei natural com que todo homem nasce, e que, na diversidade dos tempos e lugares, apresenta analogias.
A Missa pela alma dos que “morreram marcados com o sinal da Fé”, é muito antiga. Mas a comemoração de Todos os Fiéis defuntos deve-se a Santo Odilon, abade de Cluny, que a instituiu em 998, e a fixou no dia seguinte à festa de Todos os Santos. Esta prática, em breve se estendeu por toda a Cristandade.