Deste Santo é dito no Martirológio Romano: “Em Sebaste, na Armênia, a paixão de São Brás, bispo e mártir. Sob o prefeito Agrícola, este grande taumaturgo sofreu uma longa flagelação, e foi suspenso a um tronco, sobre o qual lhe desfibraram as carnes com pentes de ferro. Depois, lançaram-no numa asquerosa enxovia, e submergiram-no num lago, donde saiu incólume. Por ordem do mesmo juiz, foi por fim degolado, junto com dois meninos”.
É preciso dizer que este mártir do início do século IV, só entrou no calendário romano acompanhado por notícias históricas, nos martirológios europeus do século IX. A partir daí, foi surpreendente a popularidade que esse bispo alcançou na Idade Média e depois. Em sua honra, levantaram-se só em Roma, 35 igrejas.
Embora as Atas de sua vida sejam do século IX, elas têm um fundo de verdade e historicidade que não se pode desprezar. A tradição oral e a liturgia conservaram sempre os traços fundamentais do seu caráter e santidade, apesar do exagero do autor anônimo de sua lenda escrita. São Brás é um dos 14 Santos Auxiliares.
Ele teria nascido em Sebaste no fim do século III, de pais abastados, que puderam dar-lhe boa educação. O santo especializou-se então em medicina. Mas logo se desiludiu com o que o mundo poderia oferecer-lhe, e retirou-se para a região do Monte Argeu como eremita. Sua vida de oração e penitência logo repercutiu na cidade. E quando faleceu o bispo local, os habitantes de Sebaste o aclamaram como seu novo pontífice. A contragosto, Brás teve que ceder.
Segundo as Atas, o novo bispo transformou a cova em que habitava em seu palácio episcopal. E de lá descia à cidade quando as obrigações do seu zelo pastoral o reclamavam. Essas Atas insistem nas múltiplas curas que começou a operar, sobretudo em favor dos pobres.
Ora, sucedeu então que Licínio, o marido de Constança, irmã do imperador Constantino, ficou com o Império do Oriente, mantendo Constantino para si o do Ocidente. Mas logo surgiu uma desavença entre os dois Imperadores. Constantino derrotou Licínio, contudo deixou-lhe a Trácia e a Ásia. Este então, por ódio a Constantino, começou a perseguir os cristãos, negando-lhes até o direito de frequentarem a igreja.
As províncias da Capadócia e da Armênia na época eram governadas em nome de Licínio, por um prefeito pagão e ferrenho anticristão chamado Agrícola. Como o bispo de Sebaste era o personagem mais brilhante entre os cristãos, decidiu persegui-lo. E aí entra o que diz o Martirológio Romano.
São Brás é o padroeiro contra as doenças da garganta porque, segundo referem as Atas, salvou a vida de um menino que estava próximo de morrer por ter engolido uma espinha de peixe. Curioso é que, na Rússia, segundo contam também as suas Atas, o santo era venerado como advogado especial nas doenças dos animais, pelos milagres que realizou em seu favor.