Este santo nasceu por volta do ano 1197 em Droitwich, no Worcestershire, Inglaterra, sendo o segundo filho de Ricardo e Alice de Wyche. À morte de seus pais, suas propriedades passaram para seu irmão mais velho. Mas, devido aos impostos de transmissão e outras despesas, a família ficou empobrecida. Ricardo precisou então trabalhar com as próprias mãos para o irmão em sua fazenda. Os dois isso fizeram com tanto empenho, que em breve a restauraram em boas condições.
Agradecido pela ajuda de Ricardo, o irmão o tornou seu herdeiro. Ocorreu então que alguns amigos pretenderam casá-lo com uma moça da nobreza. Mas o santo rejeitou a proposta, aconselhando o irmão a que se casasse ele com a pretendida para dar continuidade à sua casa. Transferiu então para ele seus direitos sobre a herança paterna, dizendo que, quanto a si, ele queria levar uma vida de estudo à serviço da Igreja.
Para isso, foi estudar na Universidade de Oxford, onde morava com dois companheiros na mais extrema pobreza. Logo depois de formado, o Ricardo começou a ensinar naquela universidade.
Entretanto, visando completar sua formação, partiu para Paris e Bolonha, onde estudou Direito Canônico. Nessa cidade adquiriu tal reputação que, ao voltar à Inglaterra, foi eleito chanceler da Universidade de Oxford.
Foi então que seu antigo tutor, o futuro Santo Edmundo de Abingdon, tornando-se arcebispo de Canterbury, o nomeou em 1237 chanceler de sua diocese.
Santo Edmundo era respeitado como matemático, perito em dialética e teologia, formado pelas Universidades de Paris e Oxford. Ele promoveu o estudo de Aristóteles, foi renomado orador popular, tendo pregado a VI Cruzada. Como bispo dedicou-se à reforma de sua arquidiocese, e ao suporte dos direitos do papa Inocêncio IV. Ora, isso desagradou o rei, que exilou o santo para Pontigny. Como São Ricardo partilhava dos ideais do santo bispo, o seguiu no exílio. Santo Edmundo faleceu em 1240, e foi canonizado em 1246, apenas 6 anos após sua morte.
Ricardo resolveu então receber a ordenação sacerdotal com os dominicanos de Orleans. Retornando à Inglaterra, foi nomeado novamente chanceler de Canterbury pelo seu novo bispo, o beato Bonifácio de Saboia.
Vagando a sé de Chichester, São Ricardo foi eleito para ocupá-la. Mas o rei Henrique III e parte do Capítulo local não quiseram aceitá-lo, porque favoreciam outro candidato. Entretanto, o arcebispo Bonifácio recusou-se a confirmar o candidato do rei, e os dois lados apelaram para o Papa.
Como represália, o rei confiscou as propriedades do bispado de Chichester e suas rendas, apesar de o papa Inocente IV ter confirmado a eleição de Ricardo, e o consagrado em Lyon em março de 1245.
Quando, finalmente, São Ricardo tomou posse de sua diocese, o rei recusou-se por dois anos a devolver suas propriedades, e só o fez quando ameaçado de excomunhão; mas proibiu que se desse abrigo e alimento ao bispo.
O santo teve que viver então na casa do vigário de Tarring, de onde visitava sua diocese à pé, e cultivava figos nos tempos livres. Vivia com muita frugalidade e temperança. Usava um silício de crina e, em sua dieta, excluía toda carne, vivendo só de legumes. Era intransigente com os usurários e com o clero corrupto.
São Ricardo, com o auxílio de seu Capítulo, codificou um corpo de estatutos para a organização da Igreja em sua diocese, pois naquele tempo eram muitos os sacerdotes que se casavam sacrílega e secretamente, apesar da proibição do Direito Canônico. Por isso suas mulheres não eram consideradas suas esposas legítimas, mas amantes ou concubinas.
O santo empenhou-se muito na pregação de uma cruzada. Para isso estava pregando em Dover, por ordem do Papa, depois de ali dedicar uma capela dedicada a Santo Edmundo. Foi ali que faleceu aos 56 anos, no dia 3 de abril de 1253.
Seu corpo foi sepultado em sua catedral de Chichester, atraindo muitos peregrinos. Em 1538, durante o reinado do lúgubre Henrique VIII, o relicário do santo foi destruído por ordem de Thomas Cromwell.