A Companhia de Jesus se gloria, com razão, de contar entre os seus fundadores o maior apóstolo do século XVI. Companheiro de Santo Inácio em Paris, foi por ele conquistado para a causa de Jesus Cristo, e enviado para o Oriente, onde se tornou o grande missionário da Índia e do Japão.
Francisco nasceu no castelo de Xavier no dia 7 de abril de 1506. Contrariamente a seu pai e a seus irmãos, que seguiram a carreira das armas, ele preferiu a das letras, indo para a famosa universidade de Paris em 1525.
Lá foi companheiro de quarto de Santo Inácio de Loyola e de São Pedro Fabro, que o conquistaram para a Companhia que Inácio pretendia fundar para a defesa da Igreja. Fez os primeiros votos em 1534, e pôs-se à disposição de Santo Inácio, que depois o enviou para as Índias a pedido do católico rei de Portugal, D. João III.
Francisco fez de Goa, a então mundana capital da Índia portuguesa, seu campo de apostolado: confessava, pregava, visitava os doentes no hospital, e percorria as ruas com uma campainha chamando as crianças para o catecismo. Desse modo em pouco tempo transformou a cidade.
Deixando em Goa um substituto, foi para a costa da Pescaria, no extremo sul da Índia, onde viviam mais de 20 mil paravás, a maioria pescadores de pérolas, que não tinham senão o nome de cristãos. Num mês batizou mais de 10 mil deles, de modo que seus braços cansavam e a voz enrouquecia de tanto repetir o Credo e os Mandamentos.
Missionou também o reino do Travancor, as ilhas do Ceilão, Málaca e outras do Oriente antes de ir para o Japão.
No País do Sol Nascente se tornou outra vez criança para aprender a língua, os usos e costumes do país. Aos poucos foi conquistando aqueles orientais com sua pobreza, humildade e milagres. De modo que, quando voltou a Goa em 1551, deixava em vários pontos daquele Império algumas cristandades fervorosas.
Tentando penetrar na China, morreu numa pobre choça numa ilha deserta, na madrugada do dia 3 de dezembro de 1552, abandonado por todos.
Muitas almas no Oriente devem sua fé ao incansável missionário. Ele mesmo afirmou: “É tão grande a multidão dos que se convertem à nossa fé, que muitas vezes acontece cansarem-se os braços de tanto batizar, e há dias em que batizo um povoado inteiro”.
No processo de canonização do grande Apóstolo do Oriente, a Santa Sé reconheceu vinte e quatro ressurreições juridicamente provadas, e oitenta e oito milagres admiráveis operados em vida pelo ilustre Santo. Por outro lado, na bula de canonização são mencionados muitos milagres ocorridos em vida e depois da morte de Francisco Xavier, um deles sendo que as lamparinas colocadas diante da imagem do Santo, em Colate, ardiam muitas vezes tanto com água benta como com óleo.
O último milagre relacionado a ele é seu corpo incorrupto por séculos, e cujos restos mumificados e danificados por homens e elementos podem ainda ser vistos em Goa, coroando um dos mais notáveis exemplos do Evangelho posto em prática.
São Francisco Xavier foi designado patrono do reino de Navarra, e Bento XIV o declarou patrono de todas as missões do Oriente. São Pio X escolheu-o para “celestial patrono da Congregação e da Obra de Propagação da Fé”.
O Martirológio Romano Monástico diz dele hoje: “sacerdote da Companhia de Jesus. Originário de Navarra, fez parte do grupo dos primeiros companheiros de Santo Inácio de Loyola, em Paris. Enviado a evangelizar as Índias, anunciou a Boa Nova naquela região durante dez anos, e batizou milhares de pagãos. Chegou depois ao Ceilão e ao Japão, e morreu em 1552, no momento em que se preparava para ir à China. Novo Apóstolo dos Gentios, foi proclamado Patrono Celeste das Missões Católicas. Seu corpo repousa em Goa, na Índia”.