Este santo, padroeiro dos professores e dos educadores, foi um instrumento da Providência Divina para a fundação das primeiras escolas profissionais e das mais antigas escolas normais. Gênio na arte de educar, é um exemplo para nossos dias em que a educação se secularizou e procura abstrair de Deus, como se nem Ele nem a Eternidade existissem.

João Batista de La Salle nasceu na histórica cidade francesa de Reims em 30 de abril de 1651, em pleno reinado de Luís XIV, o Rei Sol. Foi o mais velho dos dez filhos de Luís de La Salle, magistrado e conselheiro do rei, e Nicola de Moet de Brouillet, de nobre e abastada família. Dos dez filhos do casal, quatro morreram cedo, e somente seis atingiram a idade adulta.

A infância de João Batista foi pura e inocente. As primeiras palavras que conseguiu pronunciar claramente foram os nomes adoráveis de Jesus e Maria. Seus pais tinham um empenho solícito na educação dos filhos, especialmente no que se refere ao seu desenvolvimento religioso, moral e intelectual. Formando-nos à maneira antiga, eram muito exigentes em matéria de obediência, e muito sérios na condução do lar. Esmeraram-se sobretudo na formação de seu primogênito.

A avó paterna, que morava com a família, lia para o pequeno João Batista a Vida dos Santos; e o avô rezava com ele o Breviário. Nisso consistia a maior distração do menino.

Seus estudos foram feitos na casa paterna, numa escola local, e depois no Colégio des Bons Enfants, da Universidade de Reims. Ao terminar seu curso de filosofia, graduou-se em 10 de julho de 1669 como Mestre de Artes.

Tendo completado os estudos clássicos, literários e filosóficos, João Batista quis fazer seu doutorado na Universidade de Paris, e depois seguir o curso de Teologia na não menos célebre Universidade da Sorbonne, considerada a melhor do mundo.

Entretanto, os planos dos homens nem sempre são os de Deus. Em 19 de julho de 1671, apenas nove meses depois de sua chegada a Paris, faleceu-lhe a mãe. Menos de um ano depois, em 9 de abril de 1672, também seu pai deixou este mundo, o que obrigou João Batista a voltar para casa a fim de cuidar dos seis irmãos menores que lhe restavam.

Com vinte e um anos de idade era agora o chefe da família, tendo a seus cuidados terminar a educação dos irmãos.

João Batista entregou-se a essa tarefa com suma discrição e prudência. No tempo livre que lhe sobrava depois e dos seus estudos teológicos, João Batista entregava-se às boas obras, visitando pobres e doentes, e distribuindo muitas esmolas.

Aos 27 anos de idade, quando os irmãos já podiam cuidar de si mesmos, o Santo teve que ceder à ordem de seu diretor espiritual, e receber a ordenação sacerdotal no dia 9 de abril de 1678, com a idade de 27 anos.

Pode-se dizer que, se não houvesse Providência, São João Batista fundou sua obra quase que por acaso. Pois ocorreu que um dia seu diretor espiritual, Cônego Nicolau Roland, ficando doente à morte, pediu ao seu dirigido que cuidasse de um instituto religioso que ele fundara havia pouco, a Congregação das Filhas do Menino Jesus para a instrução de meninas, sobretudo órfãs.

Acresce-se a isso que, em 1679, para atender ao pedido de uma benfeitora, a Senhora Maillefer, ele auxiliou o professor Adriano Niel a abrir uma escola gratuita em Reims. Pouco depois, foi-lhe confiada uma outra escola. Desse modo São João Batista de La Salle foi encaminhado lentamente para o campo de ação que seria o de toda sua vida: o das escolas cristãs.

Batista de la Salle reuniu então um grupo de professores para atender a todos esses pedidos, e começou a ser insensivelmente atraído por essa obra. Ele os visitava diariamente para encorajá-los, ou para sugerir-lhes métodos mais práticos para a consecução de seu fim.

Esse convívio, e o ter-se tornado de algum modo responsável pelos professores, conduzia o Cônego La Salle, cada dia mais, a uma visão do mundo e a uma vida muito distante da que ele tinha levado até então.

Foi então que, no ano de1684, ele reuniu seus doze principais discípulos para deliberar sobre as constituições que deviam seguir. Como eles eram todos celibatários, pensaram então em constituir-se numa Ordem religiosa. Para isso, adotaram um hábito religioso e o nome de “Irmãos das Escolas Cristãs”.

Os doze queriam fazer votos perpétuos de obediência, pobreza e castidade; mas o Fundador, mais prudente, sugeriu que eles fossem feitos apenas por um período de três anos, sujeitos a renovação.

São João Batista de La Salle estabeleceu para si e para os Irmãos, como fundamento de vida, o espírito de fé, que consiste em ver, julgar, amar, e obrar sempre à luz do Evangelho; ou seja, seguir a doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A confiança de João Batista na misericórdia de Deus era plena. No dia 3 de abril o pároco local o visitou e, ao encontrá-lo muito doente, extenuado e alquebrado, mas sereno e feliz, o advertiu: “Saiba, senhor, que ides morrer logo, e comparecer diante do tribunal de Deus”. Ao que respondeu o Santo: “Sei muito bem, e estou plenamente submisso à sua vontade; minha sorte está entre suas mãos”.

Foram suas palavras finais. Às quatro horas da madrugada de 7 de abril de 1719, João Batista de la Salle entregou sua bela alma a Deus aos sessenta e oito anos de idade.

Dele diz o Martirológio Romano: “Em Ruão, o natalício [para o céu] de São João Batista de la Salle, presbítero e confessor; habilíssimo na instrução dos jovens, principalmente os pobres; benemérito da Religião e da sociedade civil. Fundou o Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs. O Sumo Pontífice Pio XII constituiu-o principal padroeiro celeste, junto a Deus, de todos os mestres que se dedicam à instrução de meninos e adolescentes”.

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