Este santo, também pouco conhecido no Brasil, nasceu no de 1789, ano em que eclodia na França a diabólica Revolução Francesa, que suscitaria depois uma série de revoluções em toda a Europa. Foi fundador das Filhas de Maria Santíssima do Horto, e dos Missionários de Santo Afonso de Ligório.
Antônio foi um dos seis filhos de pobres agricultores, Santiago Gianelli e Maria Tosso, e nasceu no dia 12 de abril em Carro, La Spezia, na Arquidiocese de Gênova, recebendo o batismo no dia 19 do mesmo mês.
Muito pobre para freqüentar a escola, o pároco local, D. Antônio Arbaseto, ensinou-lhe as primeiras letras e o preparou para a Primeira Comunhão, que ele fez em 1801. Antônio continuou seus estudos durante oito anos com o preboste de Castello, Pe. Francisco Ricci.
Entretanto, como os pais não tinham meios para que ele pudesse continuar seus estudos, a proprietária das terras que cultivavam, Da. Nicoletta Assereto, tomou o jovem à sua conta em 1807, e assim ele pôde freqüentar a escola do seminário de Gênova como aluno externo, recebendo a ordenação sacerdotal em 23 de maio de 1812.
No ano seguinte foi nomeado vigário da igreja de São Mateus, ainda em Gênova, e inscreveu-se na Congregação das Missões Suburbanas, participando cada vez mais nas missões populares.
A par disso, por uma dezena de anos o Pe. Antônio ensinou retórica no colégio de Carcare, em Savona, e depois no seminário de Gênova. Entre seus alunos, conta-se o venerável Frassinetti.
Quando o bispo Lambruschini tomou posse da diocese em 1820, para recepcioná-lo o Santo organizou um recital que intitulou “A reforma do Seminário”, no qual defendia sua postura para a formação dos futuros sacerdotes. O bispo achou as medidas propostas por ele tão convincentes, que mandou pô-las em prática em seu seminário. Elas tiveram notável repercussão e um sucesso imediato, frutificando durante todo o período da restauração pós-napoleônica.O Santo passou desse modo a colaborar assiduamente com o arcebispo na atividade pastoral da diocese, combinando sua vida de educador no Seminário com freqüentes missões para sacerdotes.
Em abril de 1826 o Pe. Gianelli, por indicação de D. Lambruschini, foi designado por bula pontifícia arcipreste de Chiávari, recebendo a paróquia de São João, de onde tinha que coordenar e dirigir as outras199 paróquias que dependiam da Vicaria.
Em 1827 o santo criou uma pequena congregação missionária para sacerdotes, que colocou sob a proteção de santo Afonso Maria de Ligório, destinada a aprimorar o apostolado da pregação ao povo e ao aperfeiçoamento do clero.
Santo Antônio organizou também um Conservatório com um grupo de piedosas mulheres que trabalhavam em diversas obras de caridade, sobretudo no hospital, e que resultou em 1829 no núcleo inicial do Instituto das Filhas de Maria Santíssima do Horto, para a educação gratuita das meninas pobres. Suas religiosas eram assim designadas por causa da proximidade do Santuário de Nossa Senhora do Horto, que se venerava em Chiávari.
Santo Antônio Gianelli foi responsável pela redescoberta da teologia tomista e da Suma Teológica quando lecionava na preparação teológica e filosófica dos candidatos ao sacerdócio.
Evidentemente a fama desse grande batalhador chegou até o Vaticano, sendo ele nomeado bispo de Bobbio em 1838. Ele recebeu a sagração episcopal na catedral de Gênova, e fez sua entrada em sua diocese no dia 9 de julho, nela permanecendo até o fim de sua vida, e imprimindo-lhe um invejável espírito de renovação religiosa.
Ajudado pelos “ligorianos”– a sua jovem congregação que ele reconstituiu com o nome de Oblatos de Santo Afonso –, o santo reorganizou o tecido eclesiástico da sua diocese, removendo párocos pouco zelosos, e expulsando os indignos.
D. Antônio Maria Gianelli recomeçou em sua diocese as visitas pastorais que estavam suspensas havia 19 anos, convocou dois sínodos diocesanos, e reorganizou o seminário.
Extenuado pelo trabalho e austeridades, o santo bispo entregou sua alma a Deus em Piacenza, em 7 de junho de 1846, aos 57 anos de idade, sendo enterrado na sua cidade episcopal. Antônio Maria Gianelli foi beatificado em 1925 pelo papa Pio XI, e canonizado por Pio XII em 1951.