No Pequeno Ofício da Imaculada Conceição temos estas verdades insofismáveis: “Por decoro do Filho não podia, o labéu de Eva macular Maria”, bem como: “Não podia uma Mãe assim eleita, por um momento à culpa estar sujeita”.

Comenta o Pe. Ribadeneira, discípulo de Santo Inácio, em seu Flos Sanctorum: “Quando o real profeta Davi falou aos príncipes do povo de Israel exortando-os a lavrar um templo magnífico e suntuoso ao Senhor, disse-lhes: ‘Esta é uma grande obra; porque não tratamos de fazer um palácio para um rei e homem mortal, mas um templo no qual more e habite um Deus’. Essas palavras se aplicam inteiramente à Santíssima Virgem, que foi o templo ou o palácio de Deus. E elas mais particularmente são aplicadas à Mãe de Deus na festa de sua puríssima conceição, porque foi o princípio de todas suas festas, na qual, depois de sua eterna predestinação, puseram-se os fundamentos deste templo divino, e começou-se a se aparelhar a casa na qual havia de morar o Senhor”.

Com efeito, decretara Deus, desde toda a eternidade fazer de Maria a Mãe do Verbo Encarnado e, por essa razão, A revestiu com as galas da santidade, e lhe tornou a alma morada digna de seu Filho.

A liturgia da Missa deste dia implora: “Ó Deus, que pela Imaculada Conceição da Virgem preparastes para vosso Filho digna morada, nós Vos suplicamos humildemente que, assim como, em atenção aos merecimentos desse mesmo Filho, Vos dignastes preservá-la de toda a mácula, nos concedais igualmente, por sua intercessão, a graça de chegarmos a Vós limpos do pecado”.

Embora desde a Idade Média viesse sendo defendida a conceição imaculada de Maria, foi somente no século XIX que, com a definição do Dogma da Imaculada Conceição, Pio IX a tornou uma verdade de fé. Desse modo esse Beato não fez mais que precisar, em termos teológicos, o que vinha sendo, através dos séculos, a fé constante da Igreja.

Pois a conceição imaculada de Maria vem clara e frequentemente citada pelos Padres dos primeiros séculos, entre os quais Santo Efrém (370), mas teve seu primeiro culto litúrgico na Palestina em princípios do século VIII. Aos poucos a festa estendeu-se a muitas igrejas do Oriente e, no século X já era obrigatória em todo o Império Bizantino. Foi introduzida em Roma no ano de 1476 pelo Papa Sixto IV.

Ao proclamar esse dogma, Pio IX afirma que a Santíssima Virgem, “no primeiro instante de sua concepção, por um privilégio especial, e tendo em vista os méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada de toda mácula do pecado original”.

Colocada no coração do Advento, a festa da Imaculada Conceição anuncia os esplendores da encarnação redentora.

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