Amábile Lúcia Visintainer nasceu numa modesta família de Vigolo Vattaro, na província de Trento, no norte da Itália, no dia 16 de dezembro de 1865. Era a segunda filha do casal Antônio Napoleão e Ana, pobres lavradores, mas muito bons católicos.

         Necessitando ajudar a família, já aos oito anos Amábile empregou-se numa fábrica de seda na cidade de Trento, onde separava os casulos para a indústria.

Ocorreu então naquela época um período de carestia e peste, que levou muitos italianos a emigrarem para outros países em busca de melhores condições de vida. Desse modo Antonio Napoleão Visintainer resolveu tentar a sorte no Brasil, para onde vinham muitos de seus conterrâneos. A família veio para cá em 1875, quando Amábile tinha 9 anos, estabelecendo na vila de Vígolo, em Nova Trento, Santa Catarina.

         Nessa vila Amábile conheceu outra conterrânea, Virgínia Rosa Nicolodi, que se tornou sua grande amiga. Muito piedosas, elas se ajudavam mutuamente para servirem a Nosso Senhor. As duas fizeram a Primeira Comunhão no mesmo dia, quando Amábile completou 12 anos. Desde então elas passaram a dedicar-se à caridade, consolando e ajudando os necessitados, os idosos e os abandonados, auxiliando o Pe. Servanzi na cataquese das crianças, assistência aos doentes, e na limpeza da capela do vilarejo, dedicada a São Jorge.

Aos 13 anos Amábile decidiu consagrar-se totalmente a Jesus, mas esse desejo foi adiado porque, com a morte da mãe em 1887, ela teve que assumir temporariamente a direção da casa e o cuidado dos irmãos, até o pai contrair novo casamento. Apesar disso, ela continuava a dedicar-se às obras de apostolado.

Naquela região do Brasil não havia comunidades religiosas femininas para o cuidado dos doentes. Quando Amábile tinha já por volta de 25 anos, conseguiu licença do pai e, a conselho do Pe. Marcelo Rocchi, S.J., mudou-se com Virginia para um casebre doado por Beniamino Gallotti próximo à capela, para aí rezar, cuidar dos doentes, e instruir as crianças.

A primeira paciente chegou no dia 12 de julho de 1890, data considerada como o dia da fundação da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, primeira congregação religiosa feminina fundada em solo brasileiro.

Após a morte da enferma em 1891, juntou-se a elas a jovem Teresa Anna Maule. Em 1894 o trio fundacional da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição transferiu-se para a cidade de Nova Trento.

Em 1895 a congregação foi aprovada pelo Bispo de Curitiba e, em dezembro desse ano, as jovens fizeram os votos religiosos. Amábile recebeu o nome de Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus.

A santidade e a vida apostólica de madre Paulina e de suas irmãzinhas atraíram muitas vocações, apesar da pobreza e das dificuldades em que viviam. Além do cuidado dos doentes, das crianças órfãs, dos afazeres da paróquia, para se manter elas trabalhavam também na pequena indústria da seda.
         Em 1903 Santa Paulina abriu uma casa em São Paulo, no bairro do Ipiranga, para cuidar dos filhos dos antigos escravos. As religiosas receberam o apoio do Pe. Luiz Maria Rossi, e ajuda de benfeitores, em especial do conde José Vicente de Azevedo.

No Capítulo Geral reunido em fevereiro de 1903, a Irmã Paulina foi eleita Superiora Geral por toda vida, mas seu governo durou apenas seis anos pois, por dissentimentos internos e dificuldades provenientes do exterior, em agosto de 1909 a Madre Paulina foi deposta do cargo pela autoridade eclesiástica, e enviada para Bragança Paulista, a fim de cuidar de asilados. Ali também deu testemunho de sua humildade heróica e amor ao Reino de Deus.

Nesse ano de 1909 a Congregação cresceu nos Estados de Santa Catarina e em São Paulo. As Irmãs assumiram então a missão evangelizadora na educação, na catequese, no cuidado às pessoas idosas, doentes e crianças órfãs.

         Durante 9 anos (de 1909 a 1918), não faltaram à Madre Paulina sofrimentos no corpo e na alma. Padeceu inclusive a noite mística do espírito. Segundo o Pe. Luís Maria Rossi, S.J., naqueles anos ela, por manifesta permissão divina, foi vítima de amor e expiação pela santificação de suas filhas espirituais.

         No ano de 1918, depois de serem novamente reconhecidas suas comprovadas virtudes por todas as Irmãs, elas obtiveram que Madre Paulina pudesse voltar ao noviciado de São Paulo, para edificação das noviças, que viam nela um modelo acabado de todas as virtudes.

Devota do Santíssimo Sacramento, costumava passar horas inteiras na capela em adoração a Jesus Sacramentado. Imbuída de grande entusiasmo e forte espírito missionário, Madre Paulina costumava dizer que queria ser a última de todas, contanto que a Congregação seguisse adiante.

         Entretanto, seu calvário não tinha terminado. Por causa da diabetes, teve que submeter-se a contínuas amputações, e finalmente à perda total da vista. Com paciência heróica aceitou todos esses sofrimentos.

A veneranda Madre alegrou-se quando, em 1934, algumas Irmãs foram enviadas aos povos indígenas em Mato Grosso. Rejubilou-se também com o Decreto de Louvor dado pelo Papa Pio XI, em 1933, à Congregação.

Finalmente, aos 77 anos, Madre Paulina entregou sua alma a Deus na Casa Geral em São Paulo, no dia 9 de julho de 1942, já com fama de santidade.

Madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus foi beatificada por João Paulo II em 1991, e por ele canonizada em 2002.

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