Este Santo, mais frequentemente chamado  João do Monte Alverne por sua longa permanência naquela montanha sagrada da Toscana na qual São Francisco recebeu os estígmas, é um dos frutos da “primavera da Fé”, como foi chamada muito propriamente a Idade Média. Ele nasceu em Fermo, nas Marcas italianas, em 1259.

Dotado de uma devoção muito precoce pelo mistério da Paixão, desde pequeno aprendeu a mortificar-se no que podia. Aos dez anos foi recebido entre os Cânones de São Pedro, em sua cidade natal. Três anos depois, desejoso de levar uma vida mais austera, entrou na Ordem dos Frades Menores. Sob a direção do célebre bem-aventurado Frei Tiago de Fallerone, progrediu rapidamente na perfeição.

Pouco depois de sua profissão religiosa, João foi enviado pelo Ministro Geral ao Monte Alverne, santificado pela presença do Poverello, e ali passou muitos anos em solidão, penitência e contemplação, sendo favorecido por êxtases e visões celestes.

Durante o rigoroso inverno do Alverne, não tinha senão um hábito grosseiro, polainas, e uma capa. Como seu eremitério ficava longe do prédio principal, algumas vezes ele chegava ao coro pálido como um boneco de neve. Além disso, em seu eremitério ele não tinha cama, e deitava-se diretamente no chão duro e frio. Conta-se que o próprio São Francisco apareceu-lhe para moderar suas mortificações, e que, por vezes, os anjos que lhe faziam companhia.

Tais austeridades entretanto não o impediam de pregar ao povo, e seus últimos anos foram dedicados ao ministério apostólico. Ele pregou em Florença, Pisa, Siena, Arezzo, Perugia e muitas outras cidades do norte e centro da Itália, fazendo maravilhas por toda parte. Seus contemporâneos relatam que ele gozava do dom da ciência infusa, e que prelados e príncipes ficavam espantados com sua sabedoria.

Pois, embora Frei João não tivesse quase estudado, dominava a Sagrada Escritura, e sabia tirar dela o que precisava. “Quando prego, me persuado de que não sou eu quem fala e ensina as verdades divinas, senão de que é Deus mesmo quem fala por mim”.

São João estava ligado por laços da amizade mais calorosa com o Frei Jacopone de Todi (1230-1306), poeta, que escreveu várias melodias religiosas em língua italiana, e é venerado como beato pelos franciscanos. São João do Monte Alverne administrou-lhe os últimos sacramentos em seu leito de morte.

Assegura-se que foi São João do Monte Alverne quem compôs o prefácio da Missa de São Francisco.

Estando a caminho de Assis, em Cortona o santo sentiu a aproximação da morte. Retornou então ao monte Alverne onde entregou sua alma a Deus aos sessenta e três anos, no dia 10 de agosto de 1322.

Ele foi enterrado no próprio Monte Alverne. Por causa dos muitos milagres realizados através de sua intercessão e de seu culto imemorial, este foi aprovado por Leão XIII em 1880. Sua festa é mantida na Ordem dos Frades Menores em 9 de agosto.

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