O século XVI, que viu fermentar por toda a Europa central a heresia de Lutero e congêneres, viu também florescer uma plêiade de grandes Santos que empreenderam a verdadeira Reforma pretendida pelos heresiarcas. Santo André Avelino foi um deles. Grande reformador do clero e de casas religiosas, venerado por príncipes e plebeus, foi um dos maiores santos de seu tempo.
Castronuovo, pequena cidade do então reino de Nápoles, foi o berço de Lancelote, filho de João Avelino e Margarida Apella. Casal piedoso, que prezava mais os bens espirituais que os materiais – que não lhes faltavam –, consagraram o menino logo ao nascer à Santíssima Virgem e se esmeraram em proporcionar-lhe uma educação profundamente cristã.
Após seus primeiros estudos, foi enviado a Veneza para cursar humanidades e filosofia. Voltou depois para Nápoles, onde doutorou-se com brilho na jurisprudência. Foi também ordenado sacerdote.
O Pe. Lancelote, cuja virtude já era admirada por muitos, foi então escolhido para reformar um convento de monjas decadentes, que viviam em total desordem. Aos poucos foi ganhando aqueles corações entibiados e reacendendo neles o fogo do amor de Deus. O convento passou a ser a admiração da cidade pelo seu fervor e desejo de virtude.
Lancelote resolveu abandonar o mundo, entrando para a Ordem dos Teatinos, fundada havia 30 anos por São Caetano de Tiene, e que visava especialmente a reforma do clero. Tinha ele então trinta e cinco anos de idade.
Por amor à cruz, Lanceloti escolheu em religião o nome do Apóstolo André, nela martirizado. Seu desejo de perfeição era tão grande, que fez dois votos heroicos, além dos três votos normais de obediência, pobreza e castidade: o de negar em tudo a própria vontade, e o de adquirir novo grau de virtude a cada dia.
Enviado ao convento de Nápoles, foi-lhe dado o cargo de Mestre de Noviços, que ele exerceu por dez anos com suma prudência e caridade, o que fez com que o escolhessem para Superior.
Indo depois para Milão, André era esperado por outro Santo, a quem havia chegado a fama de suas virtudes. Tratava-se do Cardeal São Carlos Borromeu, outro dos sustentáculos da verdadeira Reforma. Entre os dois estabeleceu-se uma amizade verdadeiramente sobrenatural, que só pode existir entre santos, e tão íntima, que Santo André comunicava a São Carlos, com toda simplicidade, as graças sobrenaturais que recebia do Céu. Assim, um dia contou que Nosso Senhor lhe tinha aparecido em toda sua glória, e lhe havia dado uma tão alta noção da beleza divina, que ele não era mais capaz de amar nenhuma coisa das que se dão tanto valor na terra.
A caridade de Santo André Avelino manifestou-se com muito mais intensidade durante a peste de Milão, em 1576.
Voltando a Nápoles, foi Superior do convento. Durante seu governo, ele descobriu e refutou publicamente hereges que combatiam a verdade sobre o corpo e sangue do Filho de Deus na Eucaristia, e fez punir o chefe deles.
Santo André, como todos os Santos, teve muito que sofrer, tanto por parte do demônio, quanto de seus subordinados. O príncipe das trevas o tentava continuamente contra a fé. Uma vez, quando André gemia sob forte tentação de ser do número dos réprobos, apareceram-lhe Santo Agostinho e São Tomás que, com palavras cheias de bondade, inspiraram-lhe nova confiança em Deus, assegurando-lhe o comprazimento divino para com ele.
Enfim, no dia 10 de novembro de 1608, quando o Santo já era quase nonagenário, ao dirigir-se para celebrar a Missa, teve um ataque de apoplexia entregando pouco depois sua valorosa alma ao Criador. Ele é um Santo muito popular na Itália, invocado contra a morte repentina e a apoplexia.</p>