Este simples irmão leigo franciscano, com fama de santidade já em vida, recebeu de Deus uma ciência infusa com a qual resolvia os mais complicados problemas de doutrina.
Seus pais, ainda que muito pouco favorecidos pela fortuna, viviam satisfeitos com sua sorte, ganhando o sustento quotidiano mediante o trabalho de suas mãos, com fé muito grande e muito grande confiança na amorosa Providência divina.
Diego nasceu nos albores do século XV, em São Nicolau do Porto, pequeno povoado andaluz da diocese de Sevilha.
Desde muito cedo mostrou seu amor à solidão, e já adolescente, sabendo que um virtuoso sacerdote vivia como eremita nas proximidades, uniu-se a ele para melhor servir a Deus.
Por volta do ano de 1409, o Beato Pedro Santoyo, grande promotor do ramo franciscano que seguia a Observância antiga, fundou vários conventos reformados. Um deles foi em Arrizafa, perto de Córdoba. Diego, que há muito queria ser franciscano, nele pediu ingresso como irmão leigo.
O fervor com que abraçou a vida conventual foi surpreendente: Dizem seus biógrafos que “ninguém lhe ganhava na prática da pobreza, da caridade, da obediência, da mortificação. Nunca estava ocioso”, pois a preguiça é a mãe de todos os vícios.
Frei Diego chegou a tal grau de união com Deus, que este se comprazia em comunicar-lhe muitas luzes a respeito dos principais mistérios de nossa santa fé e das doutrinas da Igreja. De modo que até mesmo doutores em teologia vinham consultá-lo a respeito das mais intricadas questões teológicas. E ele as expunha com tanta claridade e segurança, como se as estivesse vendo.
Mandado para o convento em Fuerteventura, nas Ilhas Canárias, os frades não encontraram outro melhor para suceder ao Superior falecido, que Frei Diego, apesar deste ser apenas irmão leigo. O que mostra a que grau de estima tinham da virtude e ciência infusa deste santo leigo.
No ano de 1450 celebrava-se em Roma o ano jubilar proclamado pelo papa Nicolau V, durante o qual seria canonizado São Bernardino de Siena (festa a 24 de maio). O Provincial dos franciscanos observantes, São João de Capistrano, convocou então todos os frades da Observância que estivessem disponíveis, para estarem presentes à grande cerimônia.
Assim Frei Diego encontrou-se em Roma com outro grande santo franciscano, Tiago das Marcas (1391-1476), também elevado à honra dos altares.
O afluxo de tantos religiosos à Cidade Eterna para o jubileu, com as precárias condições de hospedagem do tempo, acabou provocando uma epidemia. Foram muitos os frades atingidos. Por isso transformaram o convento de Ara Caeli em hospital, sob os cuidados de Frei Diego.
O santo desdobrou-se para atender a todos os empestados e à multidão de pobres que acorria ao convento em busca de alimento. A santidade do humilde frade tornou-se manifesta pela constante multiplicação do pão, dos medicamentos, e dos víveres, que fazia.
Muitos outros milagres foram atribuídos a São Diego, que entregou sua santa alma a Deus no dia 12 de novembro de 1463.