Uma das glórias da Companhia de Jesus, Santo Estanislau Kostka, é um dos santos não-mártires mais jovens da Igreja, pois faleceu aos 18 anos incompletos, tendo entretanto vivido para a virtude como um ancião.

Adoecendo gravemente, na vigília da gloriosa festa da Assunção, pediu para lhe serem administrados  os Últimos Sacramentos, que recebeu angelicamente. E às três horas da manhã do dia 15, Nossa Senhora, acompanhada por uma multidão de Anjos, veio receber a virginal alma de Estanislau Kostka.

Estanislau nasceu em 1550 no castelo de Rostkow, em uma família das mais nobres da Polônia, que se distinguia pela invariável fidelidade à antiga fé católica, diante das tempestades luteranas e renascentistas. Seus pais foram João Kostka, Senador do Reino, e Margarida Kriska, de estirpe não menos ilustre que o marido.

O santo foi dessas almas que parecem ter, desde o berço, correspondido a todas as graças especialíssimas com que Deus as cumulava, percorrendo em pouco tempo na santidade, uma carreira que muitos levam a vida inteira para atingir.

De uma pureza extrema, qualquer palavra mais livre fazia o menino enrubescer e até mesmo perder os sentidos. Quão diferente da perversão infantil que grassa em nossos dias! “Falemos doutra coisa, costumava dizer o velho pai, senão o nosso Estanislauzinho levantará os olhos ao céu, para dar em seguida com a cabeça no chão”. A par dessa extrema delicadeza de consciência, o menino foi desde cedo também um modelo de sabedoria e honestidade.

Ele teve como preceptor um jovem cavaleiro, João Bilinski, para lhe ensinar as primeiras letras. Aos 14 anos seu pai o enviou com este e com o irmão mais velho, Paulo, para Viena, onde o Imperador Fernando tinha fundado um colégio jesuíta. Os dois irmãos foram recebidos na qualidade de internos.

Quando Maximiliano I fechou o internato eles foram viver na casa de um aristocrata luterano, o Senador Kimberker, por determinação do pai. O que parece incrível para um católico, não se sabendo a razão desse fato tão condenável. Para a consciência reta de Estanislau, o viver sob o mesmo teto que um herege era um contínuo tormento.

Certo dia o adolescente adoeceu tão gravemente, que os médicos declararam nada mais ser possível fazer, e que a medicina já não podia salvá-lo. O doente suplicou então ao irmão e ao preceptor que chamassem um sacerdote para ministrar-lhe os Sacramentos, ao menos a Sagrada Comunhão. No entanto os dois, temendo desgostar o luterano que jamais permitira a entrada de um sacerdote católico em sua casa, optaram por fazer ouvidos moucos.

Estanislau se lembrou então de ter lido certa vez que os que se recomendavam a Santa Bárbara, não morriam sem receber os Sacramentos. Com fervor, pediu então a intercessão dessa Santa em seu favor. E ela apareceu trazendo-lhe a Sagrada Comunhão. Pouco depois ele recebia também a visita de Nossa Senhora com o Menino Jesus nos braços, que colocou nos de Estanislau. A Mãe de Deus recomendou-lhe então que entrasse para a Companhia de Jesus.

Estanislau quis obedecer imediatamente ao conselho de Nossa Senhora. Foi procurar então o Pe. Provincial dos jesuítas na Áustria, mas este lhe negou a admissão sem a autorização do pai. Ele recorreu depois ao Legado Papal, mas este também não quis se comprometer.

Aconselhado então pelo Pe. Francisco Antônio, confessor português da Imperatriz, fez o voto de peregrinar de casa em casa da Companhia pelo mundo, até encontrar uma que o admitisse sem condições.

Para isso teve que sair escondido de casa e tomar a estrada para Augsburgo. Doou seus trajes de seda a mendigos, e se vestiu com uma grosseira túnica adrede preparada.

Entrementes seu irmão e o preceptor, dando-se conta da fuga, partiram de carruagem atrás do fugitivo. Quando dele se aproximaram, Estanislau, como um pobre peregrino, pediu uma esmola. Sem se darem conta, jogaram-lhe uma moeda e continuaram o caminho.

Foi então uma peregrinação sem fim a de Estanislau, até encontrar, em Dilingen, o grande São Pedro Canísio, que reconquistaria para a verdadeira fé quase metade da Alemanha pervertida pelo ímpio Lutero. Como os Santos se entendem, foi sem dificuldade que ele o enviou com outros dois pretendentes, à casa mãe, em Roma.

Bem recebido por São Francisco de Borja, então terceiro Geral dos jesuítas, que lhe disse: “Estanislau, eu te recebo, e não te posso negar este gosto, porque tenho muitas provas de que Deus te quer em nossa Companhia”.

Em pouco tempo o jovem polonês mereceu de seus condiscípulos o cognome de Anjo do Noviciado. Seu amor a Deus era tão veemente, que lhe abrasava o peito mesmo visivelmente. Assim, um dia, o Padre-ministro encontrou-o muito cedo no pátio, perto da fonte, refrescando-se. “Que fazes aqui numa hora tão matinal?” perguntou-lhe. Respondeu o noviço: “Padre,  meu peito ardia muito e vim buscar um pouco de alívio.

Estanislau tinha a mais profunda devoção a Maria Santíssima. Estudava e compilava os textos mais belos em seu louvor, e as passagens mais próprias a demonstrar sua grandeza. Em sua honra, desde pequeno rezava o Rosário. A quem lhe perguntava por que amava tanto a Maria, respondia: “Como não A hei de amar, se é minha Mãe?”

Adoecendo gravemente, na vigília da gloriosa festa da Assunção, pediu para lhe serem administrados  os Últimos Sacramentos, que recebeu angelicamente. E às três horas da manhã do dia 15, Nossa Senhora, acompanhada por uma multidão de Anjos, veio receber a virginal alma de Estanislau Kostka.

Ele morria aos 18 anos incompletos, tendo passado apenas 10 meses no noviciado jesuíta.

 Acorreu tanta gente a seu enterro, que levou seu médico, Dr. Francisco Tolet, depois nomeado Cardeal, a exclamar: “Eis uma coisa verdadeiramente maravilhosa: um pequeno noviço polonês que morre, faz-se honrar pela cidade de Roma como um Santo!”

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