Transcrevemos as considerações do Prof. Plinio sobre a inimizade colocada por Deus entre Nossa Senhora e o demônio. Verdade lembrada e desenvolvida pelo grande São Luiz Grignion em seu Tratado da Verdadeira Devoção.
“Nunca Deus fez e formou senão uma inimizade, mas esta é irreconciliável e há de durar e mesmo aumentar até o fim do mundo: entre a Santíssima Virgem e o demônio. “Porei inimizades entre ti e a Mulher, entre sua descendência e a tua; ela te esmagará a cabeça e em vão armar-lhe-ás ciladas ao calcanhar” diz Deus à serpente no Paraiso.
“Portanto, para obter a paz para o mundo, não recorramos ao que nos dita a carne e o sangue, mas à Celeste Medianeira de todas as graças.
“Diz Nosso Senhor que Satanás não expulsa a Satanás. Não será, assim, o comunismo que livrará o mundo dos últimos redutos de resistência do nazismo, nem o liberalismo que nos livrará do comunismo. Somente a verdade nos libertará e esta verdade nós não a encontramos nessas doutrinas reiteradamente condenadas pela Santa Sé infalível, mas no fiel cumprimento dos mandamentos de Deus e da Igreja, que não precisa de salvadores, mas que pelo contrário, oferece aos povos e aos governos o único porto de salvação que é Nosso Senhor Jesus Cristo.
* * *
“Eis a mensagem de Fátima. Aparecendo àqueles três obscuros pastorinhos, quis Deus manifestar o poder de seu braço, abatendo os poderosos e exaltando os puros e humildes de coração.
“Para alcançar a paz para o mundo, a Celeste Medianeira de todas as graças não propôs aos homens todo um programa de assistência material ou de reajustamento de fronteiras.
“Para obter a paz para o mundo, a Mãe de Deus nos veio exortar a mudar de vida e a não mais afligir com o pecado a Nosso Senhor. Para alcançar a tranquilidade que tanto almejamos neste mundo conturbado pelas misérias e pelos sofrimentos, convida-nos a Virgem Santíssima a recitar o Santo Rosário e a fazer penitência pelos nossos pecados.
* * *
“Mas por acaso não estamos no século (século XX) do rádio e da energia atômica? E não foram aqueles os remédios que em plena Idade Média a Santíssima Virgem confiou ao zelo de São Domingos contra os erros e devastações dos hereges albigenses?
“E essas três crianças de Fatima que usam cilícios como se ainda vivessem no tempo de um São Jerônimo ou de São Francisco de Assis!
“Não vê então a Santíssima Virgem que os tempos modernos não comportam essas velharias?
“Certamente a Rainha dos Céus não se deixa levar pelos remédios e opiniões dos sábios e orgulhosos desta terra. Ela não ignora que seu Divino Filho é o mesmo ontem, hoje e para todo o sempre. E o problema do mal e das misérias humanas se prende àquela mesma serpente antiga, ao eterno Pai da Mentira que roubou a paz e a felicidade terrena de nossos primeiros pais.
“E ontem, como hoje, para a conquista da paz e da concórdia entre os homens, é preciso que inicialmente trabalhemos para que Cristo reine nos corações.
* * *
Lúcia, Francisco e Jacinta, a quem Nossa Senhora lhes apareceu em Fátima (1917)
“Para obtermos esta graça, volvamo-nos para nossa Rainha e Advogada.
“Maria, sobretudo nestes últimos tempos, diz o Bem-aventurado Grignion de Montfort, deve, mais que nunca, reluzir de misericórdia, de força e de graça: de misericórdia, para fazer voltar e receber amorosamente os pobres pecadores e transviados que se hão de se converter e volver à Igreja Católica; de força contra os inimigos de Deus, os idólatras, cismáticos e ímpios obstinados que se hão de rebelar de um modo terrível, para seduzir e fazer cair por meio de promessas e ameaças todos que lhes forem contrários; deve reluzir de graça, finalmente, para animar e confortar os valentes soldados e fiéis servos de Jesus Cristo, que pugnarão por seus interesses.
“Ultramontanos e piedosos devotos da Rainha dos Anjos, unidos ao Papa e à Santíssima Virgem, não sejamos como aquele ridículo iracundo administrador de Vila Nova de Ourém, que há vinte e oito anos atrás, a 13 de agosto de 1917, prendia os três pastorinhos de Fátima, impedindo-os de ir ao encontro aprazado com a Santíssima Virgem. Não impeçamos através de nossos atos e de nossa malícia, que se realizem as comunicações sobrenaturais entre o Céu e a terra. Pelo contrário, tenhamos abertos os corações às moções da divina graça e não poupemos esforços e sacrifícios e orações para que através da Santíssima Virgem, Cristo volte imperar em nossas almas, em nossas famílias, em todas as nações.”
Nota: Os trechos acima foram copiados do artigo “A paz social e o espírito do mundo”, da seção “Nova et Vetera”, do número do “Legionário” acima indicado.