Revista Catolicismo, Nº 822, Junho/2019
Não conheceu a doçura de viver, quem não viveu antes de 1789 — portanto, antes da Revolução Francesa. A afirmação é do célebre diplomata francês Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord (1754-1838). A douceur de vivre (doçura de viver) à qual Talleyrand se refere, e que procurou descrever nas suas Memórias, não era apenas a felicidade terrena de que a população francesa desfrutava no Ancien Régime, mas também uma alegria de viver e bênção espiritual, remanescentes da Cristandade medieval, sacral e hierárquica, toda voltada para Deus e para tudo o que havia de mais elevado.
A Revolução Francesa destruiu essa alegria de viver que impregnava todas as classes sociais. Ela, desde o início, espalhou promessas de Liberté, Egalité, Fraternité (liberdade anárquica, igualitarismo injusto, fraternidade hipócrita). Enquanto isso guilhotinava cabeças, sobretudo da nobreza e aristocracia, massacrava o clero e o povo que regiam contra a Revolução (como ocorreu na região da Vendeia), atacava virulentamente a Igreja Católica, e assim conturbou completamente a ordem social, sem conceder nunca as benesses que prometia. E como seria possível consegui-lo, sem respeitar as desigualdades sacrais estabelecidas por Deus na sociedade, sem as bênçãos que só se obtêm pela fidelidade à Fé católica?
Neste ano, os atuais agentes da Revolução festejam os 230 anos desse sinistro acontecimento, cujo marco foi a queda da Bastilha em 14 de julho de 1789. Mas nada temos a comemorar, os que conhecemos em detalhes os distúrbios e deturpações impostos à França e ao mundo inteiro a partir dessa Revolução. Igualmente não nos satisfazem as interpretações “politicamente corretas” que nos impõem, sobre aquele que foi um dos mais sanguinários e injustos acontecimentos da História.
No artigo de capa da edição de junho da revista Catolicismo, [foto acima] fica ainda mais desmascarada a Revolução Francesa, enquanto parte de um processo revolucionário para destruir o que subsistia de uma civilização autenticamente católica. Renato William Murta de Vasconcelos, com seu estudo lastreado em historiadores sérios — entre os quais não se contam esses manuaizinhos de história difundidos em colégios de norte a sul do País —, ajuda-nos a entender e a combater mais eficazmente esse processo revolucionário, como também as suas consequências em nossos dias.