A mãe de Constantino, o Grande, nasceu em meados do século III, possivelmente em Drepanum, no Golfo de Nicomédia, mais tarde conhecida como Helenópolis. Seus pais eram de origem humilde. Santo Ambrósio referiu-se a ela como sendo “stabularia” ou estalajadeira (empregada ou dona de estalagem).

No entanto Helena se tornou a legítima esposa do general Constâncio Chlorus. Seu primeiro e único filho, Constantino, nasceu em Naissus, na Alta Moésia, no ano 274.

No ano de 292 Constâncio, tendo-se tornado co-regente do Império Romano do Oeste, por considerações de natureza política, abandonou Helena, a fim de se casar com Theodora, a enteada do imperador Maximiano Heráclio, seu patrono e simpatizante. Mas seu filho Constantino permaneceu sempre fiel e junto à mãe.

Com a morte de Constâncio Cloro em 308, Constantino, que o sucedeu como co-regente do Império, chamou sua mãe para a Corte, conferiu-lhe o título de Augusta, e ordenou que toda honra fosse dada a ela como a mãe do soberano. Mandou inclusive cunhar moedas com sua efígie.

A influência do filho, após ter-se tornado cristão depois da vitória sobre Maxêncio, a levou a abraçar também o cristianismo. Isso está diretamente atestado por Eusébio: “Ela (a mãe) tornou-se, sob sua (Constantino) direta influencia, uma tão serva e devota de Deus, que se poderia acreditar ter sido, desde sua mais tenra infância, uma discípula do Redentor da humanidade”.

A partir de sua conversão, Helena teve uma vida fervorosamente cristã e, por sua influência e liberalidade, favoreceu a disseminação mais ampla do cristianismo. A tradição associa seu nome com a construção de igrejas cristãs nas cidades do leste, onde a corte imperial residia, principalmente em Roma e Trier, e não há razão para se rejeitar a tradição que liga a seu nome as igrejas erguidas por ela na Palestina. Ela foi para lá, apesar de sua idade avançada, quando Constantino, depois de sua vitória sobre Licínio, tornou-se único dono do Império Romano no ano de 324.

Foi na Palestina, como aprendemos de Eusébio (loc. cit., xlii), que ela resolveu aumentar a Deus, o Rei dos reis, a homenagem e tributo de sua devoção.

Santa Helena despejou nas terras regadas pelo Sangue infinito de Cristo suas graças e boas obras, “explorou com notável discernimento”, e “visitou-a com o cuidado devido ao pedido do próprio imperador”.

Depois de que “tinha mostrado devido veneração para os passos do Salvador”, ela fez construir duas igrejas para a adoração de Deus: uma em Belém, perto da Gruta da Natividade; e outra no Monte da Ascensão, perto de Jerusalém. A Imperatriz embelezou também a gruta sagrada do nascimento de Cristo com ricos ornamentos.

Esta permanência em Jerusalém provou o ponto de partida da tradição registrada pela primeira vez por Rufino quanto à descoberta da Cruz de Cristo.

Santo Ambrósio relata a esse respeito: Estando em Jerusalém, “O Espírito inspirou-lhe procurar o madeiro da Cruz. Aproximou-se do Gólgota, e disse: ‘Aqui está o lugar do combate; onde está a vitória? Eu procuro o estandarte da salvação, mas não o vejo’. Mandou então escavar o chão e encontrou de maneira desordenada três patíbulos. Fixou-se pois na cruz do meio, nela encontrando a inscrição posta por Pilatos. Helena tinha encontrado, enfim, a verdadeira cruz do Senhor, e a adorou”.

O Martirológio Romano Monástico, dela diz neste dia a esse fato: “No ano do Senhor de 330, Santa Helena, mãe de Constantino. Convertida ao cristianismo juntamente com seu filho, que foi o primeiro imperador romano cristão, fez uma peregrinação à Terra Santa, e teve a alegria de descobrir e venerar as preciosas relíquias da Cruz do Salvador, em cujo local mandou construir uma basílica”.

A generosidade principesca da Imperatriz-mãe era tal que, segundo Eusébio, ela ajudava não apenas indivíduos, mas comunidades inteiras. Os pobres e indigentes eram os objetos especiais de sua caridade. Helena visitou as igrejas em todos os lugares santos com zelo piedoso e fez-lhes ricas doações.

Se a santa Imperatriz conduziu-se desse modo enquanto esteve na Terra Santa, fato testemunhado por Eusébio, bispo de Cesareia na Palestina, não devemos duvidar que manifestou a mesma piedade e benevolência nas outras cidades do Império em que residiu depois de sua conversão.

Sua memória em Roma é principalmente identificada com a igreja de Santa Croce in Gerusalemme. No local atual desta igreja era anteriormente o Palatium Sessorianum, e por perto estavam as Thermae Helenianae, cujos banhos derivavam de seu nome. O Sessório, que ficava perto do palácio de Latrão, provavelmente serviu como residência de Helena quando ela ficou em Roma. De modo que assim a primeira basílica cristã da cidade teria sido erguida nesse local por Constantino, por sugestão dela, e em honra da verdadeira Cruz.

Quando, segundo conta Sócrates, o imperador, em 327, melhorou Drepanum, cidade natal de sua mãe e decretou que fosse chamada Helenópolis, é provável que esta última tivesse já voltado da Palestina.

Constantino estava a seu lado quando ela morreu, na idade avançada de cerca de oitenta anos, o que deve ter ocorrido em torno do ano 330, pois as últimas moedas que se sabe terem sido cunhadas com seu nome tinham essa data. O Martirológio Romano diz que ela morreu na Cidade Eterna: “Em Roma, na Via Lavicana, Santa Helena, mãe do mui piedoso imperador Constantino, o primeiro que, com seu belo exemplo, mostrou aos demais príncipes como devem proteger a Igreja e promover sua dilatação”.

O corpo de Santa Helena foi levado de Roma para Constantinopla, e colocado para descansar na abóbada imperial da igreja dos Apóstolos. Presume-se que seus restos foram transferidos em 849 para a Abadia de Hautvillers, na Arquidiocese de Reims, conforme registrado pelo monge Altmann em sua “Translatio”.

Ela passou a ser reverenciada como santa, e essa veneração se espalhou, no início do século IX, até mesmo pelos países ocidentais.

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