2021 EM RETROSPECTIVA — Parte I

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A retirada militar americana, completa e unilateral, causou o colapso do governo afegão

Catolicismo apresenta a matéria de retrospecto do ano findo com três artigos de seus colaboradores. O primeiro, mais extenso, trata de algumas nações do hemisfério norte e da dolorosa crise que atinge a Igreja Católica; o segundo expõe a situação de países da América hispânica; e o terceiro analisa o Brasil. Do denominador comum do mundo inteiro deduz-se que assistimos a uma vulcânica autodestruição acelerada de todas as instituições enquanto uma esquerda exausta confronta uma direita ressurgente.

  • James Bascom

Fonte: Revista Catolicismo, Nº 853, Janeiro/2022

Se houvesse uma única imagem capaz de resumir todo o ano de 2021, esta seria a do grande avião americano C-17 decolando da pista do aeroporto de Cabul cercado por centenas de civis afegãos. Em uma tentativa patética de escapar com vida do Taleban, alguns conseguiram agarrar-se ao avião e decolar, apenas para da altura das nuvens cair para a morte estatelando-se no solo. Depois de 20 anos e mais de US $ 2 trilhões gastos no Afeganistão, os Estados Unidos da América — o país mais poderoso do mundo — foram derrotados e humilhados perante o mundo inteiro por alguns milhares de selvagens maometanos empunhando fuzis AK-47s.

Essa poderosa imagem levou muitos a fazerem uma comparação entre Cabul e Saigon em abril de 1975, quando milhares de vietnamitas desesperados arriscaram a morte para escapar dos exércitos comunistas do Vietnã do Norte.

Como a queda do Vietnã do Sul para o Vietcong, a queda do Afeganistão para o Taleban não aconteceu porque os EUA foram derrotados no campo de batalha. Pelo contrário, os Estados Unidos nunca perderam uma batalha em ambas as guerras. Nem aconteceu por falta de dinheiro. De fato, alguns meses depois, o presidente Joe Biden e os democratas acabaram aprovando uma conta básica de US$1 trilhão, e ainda buscam mais trilhões. Tampouco aconteceu por necessidade militar. Os EUA mantêm há décadas tropas de combate sem funções em muitos países, incluindo a Coreia do Sul, a Alemanha, o Japão e o Iraque. A liderança militar americana há muito advertia que uma retirada completa e unilateral causaria o colapso do governo afegão.

Providencial reação, mas também autodestruição universal

         O que moveu os EUA à saída foi uma obsessão do governo Biden de se retirar a qualquer preço, ainda que isso significasse perder 20 anos de sangue e imenso tesouro, além de causar danos graves e permanentes ao prestígio americano em todo o mundo. Na verdade, foi um ato de suicídio diplomático e militar.

A retirada foi também e sobretudo simbólica, pois aconteceu menos de um mês antes do 20º aniversário dos ataques terroristas de 11 de setembro, quando movidos por uma providencial graça de belicosidade e unidade que os terroristas islâmicos não esperavam, os EUA reagiram com determinação para punir os terroristas responsáveis ​​pela morte de quase três mil pessoas em solo americano.

Desta vez, entretanto, o governo americano e, em certa medida, a opinião pública, demonstraram indiferença e até apatia para com a própria autodestruição. Embora as pesquisas mostrem que a maioria dos americanos vê como acertada a decisão de se retirar do Afeganistão, essa grande maioria igualmente se opôs à forma como o governo Biden a levou a cabo.[1]

         No entanto, a queda do Afeganistão foi um evento que, em muitos aspectos, simboliza o estado da civilização ocidental. As instituições do que resta do Ocidente cristão não estão morrendo, mas se autodestruindo. Como um vírus que destrói a célula que infecta, a esquerda radical sequestrou essas instituições e as transformou em armas da guerra cultural, destruindo-as no processo. Os revolucionários se infiltraram, polarizaram e fragmentaram todas as instituições em todos os campos, da política e da economia à cultura, e até mesmo a própria Igreja Católica.

Essa autodestruição universal não é um acidente, mas a consequência inevitável de um processo revolucionário analisado por Plinio Corrêa de Oliveira em sua magistral obra Revolução e Contra-Revolução. Desde os anseios anárquicos de Rousseau, os revolucionários sonharam com uma utopia em que a civilização, a ordem, a lei, a moralidade e a propriedade desapareceriam, para serem substituídas por uma sociedade tribal, primitiva, naturalista e igualitária em que a religião, a família e o país desaparecessem. É o destino do liberalismo, do progressismo, do socialismo e do comunismo.

Ao mesmo tempo, a reação contra esse processo revolucionário de autodestruição nunca foi tão intensa. Um bom número de pessoas em todo o Ocidente vai se opondo cada vez mais aos avanços radicais da Revolução gnóstica e igualitária, rejeitando os tótens do liberalismo e procurando respostas na tradição, de maneira especial no catolicismo tradicional. É inegável que a direita cresce em todos os lugares, enquanto a esquerda perde apoio popular. Surpreende que essa tendência seja mais acentuada nas gerações mais jovens.        

Abertura do Sínodo sobre a Sinodalidade

“Sinodalidade” e autodemolição da Igreja Católica

O exemplo mais claro dessa tendência autodestrutiva no mundo de hoje é a Igreja Católica. O Papa Francisco não está apenas semeando confusão, mas fomentando divisões e até cismas com suas palavras e ações.

Desde 2019, a chamada Via Sinodal — um novo tipo de estrutura de governo da Igreja na Alemanha — está procurando tornar a Igreja Católica mais igualitária e “democrática”. O Sínodo é uma assembleia parlamentar de clérigos e leigos que, na Alemanha, está tentando mudar os ensinamentos da Igreja sobre a moralidade sexual, o sacerdócio, o papel da mulher e a natureza hierárquica da Igreja.

Em maio, a Igreja Católica na Alemanha e a Igreja Luterana Alemã participaram de uma cerimônia ecumênica de “intercomunhão” em Frankfurt, na qual os católicos foram convidados a participar de uma “ceia evangélica” com protestantes, os quais, do mesmo modo, foram convidados a receber a Sagrada Comunhão em uma Missa católica. O bispo Georg Bätzing, presidente da Conferência Episcopal Alemã, declarou no mês anterior que “qualquer um que seja protestante e participe da eucaristia pode receber a comunhão” no evento ecumênico. “Queremos dar passos em direção à unidade” — acrescentou —, pois “quem acredita na consciência do que é celebrado na outra denominação também poderá se aproximar

[do altar]

e não será rejeitado”. Ele disse que a prática já é “mantida em todo o país” e, na verdade, “não constitui novidade”.[2]

Dom Bätzing também falou da possibilidade de ordenar mulheres ao sacerdócio, dizendo que os argumentos teológicos contra isso “não são mais aceitos”.[3]

A heresia declarada e o sacrilégio na Igreja alemã estão conduzindo, graças ao Caminho Sinodal, ao que muitos temiam: um cisma na Igreja Católica. Em março, quando os objetivos radicais do Sínodo se tornaram mais evidentes, Dom Philip Egan, bispo de Portsmouth, na Inglaterra, disse que o Caminho Sinodal levará a um “cisma de fato”. E acrescentou: “Minha preocupação é que estamos muito perto de um ponto sem volta com este Caminho Sinodal, quando bispos e pessoas passarem a promover posições contrárias ao magistério universal e à disciplina da Igreja, como a ordenação de mulheres, a intercomunhão etc.”[4]

No entanto, diante dessa promoção aberta da heresia na Igreja, o Papa Francisco permaneceu em silêncio. E deixou claro que deseja impulsionar a “sinodalidade” mais plenamente na Igreja. No dia 7 de setembro, o Vaticano divulgou um documento preparatório de 22 páginas para o Sínodo sobre a Sinodalidade — que começou em outubro e culminará com um Sínodo dos Bispos em 2023 —, intitulado “Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão”.[5]

Mesmo os progressistas radicais veem o Caminho Sinodal fluir para um cisma. Em 23 de setembro, o cardeal Walter Kasper, ex-presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, disse que o Caminho Sinodal proposto pelos bispos alemães é um esforço para “reinventar a Igreja”, que algumas das declarações do Sínodo contradizem “a compreensão sacramental da Igreja e do episcopado”, e que “muitos se perguntam se tudo isso ainda é inteiramente católico”.[6]

Após adotar várias declarações que desafiam a doutrina da Igreja, no dia 2 de outubro o bispo Dom Georg Bätzing encerrou abruptamente o Sínodo alemão, alegando que a reunião não estava apresentando quórum. Algumas semanas depois, o cardeal Kasper voltou a criticar o Caminho Sinodal Alemão. Afirmou que o Sínodo “se tornou uma farsa”, por colocar de lado as opiniões de uma minoria de bispos que se opôs às propostas de mudanças dramáticas no ensino e na disciplina da Igreja. O fato de um importante clérigo progressista como o cardeal Kasper se opor ao Sínodo aponta profundas divisões e obstáculos na Igreja alemã sobre os documentos propostos, que contradizem os ensinamentos tradicionais da Igreja.

Ativistas pró-LGBT na Praça de São Pedro

Agenda LGBT e Revolução na Igreja

O Papa Francisco passou todo o seu pontificado minando os ensinamentos tradicionais da Igreja sobre a homossexualidade. Ele apoiou ativistas do movimento homossexual, encontrou-se com homossexuais declarados e deu apoio explícito àqueles que buscam normalizar a homossexualidade na sociedade. Bispos católicos, padres e leigos que promovem a agenda LGBT são promovidos ou autorizados a continuar seu ministério, enquanto aqueles que se opõem a ela são silenciados ou perseguidos.

Em 25 de janeiro, o cardeal Joseph Tobin, um dos conselheiros mais próximos do Papa Francisco, juntamente com outros nove bispos, assinaram um documento intitulado “Deus está do seu lado: uma declaração dos bispos católicos sobre a proteção da juventude LGBT”, que condena o bullying de jovens LGBT.

Em fevereiro, o bispo de Mainz, Dom Peter Kohlgraf, declarou em uma entrevista que não se pode esperar que “casais” homossexuais vivam castamente e que a Igreja deve reconhecê-los. Ele pediu à Igreja que mude sua posição sobre o pecado homossexual e reconheça os “casais” homossexuais como uma forma legítima de casamento. “Muitas pessoas que têm atrações homossexuais pertencem à Igreja e são verdadeiramente piedosas no melhor sentido da palavra” — afirmou. Entre os bispos alemães que pediram a mudança da posição da Igreja se incluem o cardeal Reinhard Marx, de Munique; o bispo Franz-Josef Bode, de Osnabrück; o bispo Heinrich Timmerervers, de Dresden-Meißen, e o bispo Georg Bätzing, presidente da Conferência episcopal alemã.[7]

Portanto, foi com grande surpresa que em 15 de março a Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) respondeu aos bispos alemães em “Nota explicativa” contra o “casamento” homossexual, na qual afirmava que “a Igreja não tem e não pode ter o poder de abençoar uniões de pessoas do mesmo sexo”, e que “não é lícito dar uma bênção a relacionamentos, ou parcerias, mesmo estáveis que envolvam atividade sexual fora do casamento”.[8]

É difícil acreditar que o Papa Francisco tenha emitido esse documento de boa fé. Do contrário não teria aparecido em outubro de 2020 no filme “Francesco” — produzido por um homossexual ucraniano — endossando as uniões civis para “casais” homossexuais: “Os homossexuais são filhos de Deus e têm direito a uma família […]. O que temos de criar é uma lei de união civil. Dessa forma, eles serão legalmente cobertos”.[9]

Imediatamente após o Vaticano publicar essa “Nota Explicativa”, bispos progressistas de todo o mundo irromperam em protestos. Dom Johann Bonny, bispo de Antuérpia, na Bélgica, expressou sua “incompreensão intelectual e moral” do documento, chamando-o de “uma vergonha para minha Igreja”.[10] O cardeal Christoph Schönborn, de Viena, disse que a declaração da Congregação para a Doutrina da Fé “não exclui as bênçãos dadas a pessoas individuais com inclinações homossexuais”. E acrescentou: “Se é realmente o pedido da bênção de Deus para um caminho de vida que duas pessoas, em qualquer situação, estão tentando trilhar, então essa bênção não lhes será negada”.[11] Dom Paul Dempsey, bispo de Achonry, na Irlanda, disse que o documento do Vaticano era “profundamente ofensivo” e que muitas pessoas em relacionamentos homossexuais “enriqueceram a vida da Igreja e continuam a fazê-lo nas paróquias de todo o mundo”.[12] Muitos outros bispos em todo o mundo também condenaram o documento.

Os efeitos da “Nota explicativa” do Vaticano no mundo real não foram impedir a aceitação do pecado homossexual e de outras heresias na Igreja, mas de lhes dar um novo ímpeto. Assim, no dia 10 de maio, desafiando o Vaticano, cerca de 100 paróquias católicas alemãs participaram de uma cerimônia de bênção para “casais” do mesmo sexo. O cardeal emérito alemão, Dom Walter Brandmüller, chamou as bênçãos de 10 de maio de “um enorme escândalo, um sinal terrível de heresia, cisma e colapso da igreja”.[13]

Ainda no mês de maio, estourou um escândalo no sistema escolar católico de Ontário, no Canadá, quando um de seus distritos votou pelo hasteamento da bandeira do arco-íris no exterior das escolas católicas durante o “Mês do Orgulho”, para “garantir que os alunos da comunidade LBGTQ + sejam apoiados”. Muitos pais protestaram contra o referido distrito escolar. O cardeal Thomas Collins, arcebispo de Toronto, emitiu uma declaração dizendo que preferia a cruz como o símbolo de inclusão, mas em vez de condenar a bandeira do arco-íris, apelou para o diálogo.[14]

Na Itália, o último grande país europeu sem a lei da “homofobia”, grupos homossexuais italianos vêm tentando aprová-la há vários anos. Sua mais recente tentativa foi o chamado projeto de lei Zan — em homenagem a Alessandro Zan, o legislador abertamente homossexual que o apresentou —, o qual foi aprovado na câmara baixa no ano passado, precisando apenas ser referendado pelo Senado. Se isso acontecer, o projeto de lei seria usado como arma para punir e silenciar os cristãos que discordam da homossexualidade e da ideologia de gênero. Uma coalizão de grupos conservadores e católicos lutou para impedir que o projeto se tornasse lei.

De maneira surpreendente, no dia 22 de junho, o arcebispo Dom Paul Gallagher, ministro das relações das relações Secretário para as Relações com os Estados do Vaticano, invocando o direito do Vaticano sobre o Tratado de Latrão (1929), enviou uma nota diplomática ao governo italiano expressando sua preocupação com o referido projeto de lei. A nota verbal se lhe opôs como constituindo uma ameaça à liberdade da Igreja de ensinar a verdade sobre gênero, casamento e família. No dia seguinte, o primeiro-ministro italiano Mario Draghi deu a sua resposta afirmando que a Itália “é um estado laico, e enquanto laico não pode ser confessional”, e que o parlamento italiano “é livre” para aprovar leis que julgar adequadas.[15]

Uma semana depois, o arcebispo Dom Vincenzo Paglia, chefe da Pontifícia Academia para a Vida, reclamou que foi um “erro” do Vaticano manifestar preocupação sobre a legislação italiana pendente. Dom Paglia — que causou polêmica ao pintar um mural homoerótico em sua catedral de Terni — disse acreditar que a “homofobia” é um problema “óbvio” e “que deve ser combatido é ainda mais óbvio”. Mas a pressão de organizações italianas pró-família —especialmente de Pro Vita & Famiglia — foi forte, e em 27 de outubro o projeto de lei foi reprovado no Senado por 154 votos contra 131.[16]

O Papa Francisco interveio pessoalmente para apoiar notórios ativistas pró-LGBT ao longo desse ano. Em 28 de junho, durante o “Mês do Orgulho”, ele enviou uma carta manuscrita ao padre jesuíta James Martin, um notório ativista homossexual, conhecido por seu livro Construindo uma ponte: Como a Igreja Católica e a comunidade LGBT podem entrar em uma relação de respeito, compaixão e sensibilidade, no qual tenta tornar normal o pecado homossexual na Igreja Católica. O Papa Francisco agradeceu-lhe “pelo zelo pastoral e pela capacidade de estar perto das pessoas, com aquela proximidade que Jesus tinha e que reflete a proximidade de Deus”. E elogiou o padre Martin por “tentar imitar este estilo de Deus. Você é um padre para todos. Rezo por vocês para que continuem assim, sendo próximos, compassivos e com muita ternura”.[17]

Em agosto, o Papa Francisco enviou uma carta a Michael O’Loughlin, o correspondente nacional abertamente homossexual da revista dos jesuítas America. Sobre essa carta, O’Loughlin escreveu um artigo no “New York Times”intitulado: “O Papa Francisco enviou-me uma carta. Isso me dá esperança enquanto católico homossexual”. Em sua missiva, o Papa Francisco o elogiava “por iluminar a vida e dar testemunho a muitos padres, religiosos e leigos que optaram por acompanhar, apoiar e ajudar seus irmãos e irmãs doentes de HIV e AIDS, com grande risco para sua profissão e reputação”.[18]

O Papa Francisco enviou mais duas cartas manuscritas — em maio e junho —, desta feita ao Ministério New Ways, um grupo católico dissidente pró-LGBT nos EUA cofundado pela irmã Jeannine Gramick e pelo falecido padre Robert Nugent. Em 1999, a Congregação para a Doutrina da Fé condenou a irmã Gramick e o Padre Nugent por “grave erro doutrinário” sobre a moralidade sexual e os proibiu de ministrar aos homossexuais. Nas referidas cartas, o Papa Francisco elogiou a Irmã Gramick e o trabalho do Ministério New Ways: “Eu sei o quanto ela sofreu”. “Ela é uma mulher valente que toma suas decisões em oração”.[19]

Relatório sobre abuso sexual na França

Em 2018, a Conferência Episcopal da França estabeleceu a Comissão Independente sobre Abuso Sexual na Igreja (CIASE) para estudar a história do abuso sexual na Igreja francesa. Em 5 de outubro, a referida comissão publicou um relatório de 2.500 páginas, no qual calculava que mais de 300 mil menores foram abusados ​​por três mil clérigos ou agentes leigos da igreja desde 1950. Estima-se que 80% das vítimas eram meninos, sugerindo fortemente homossexualidade e pederastia.[20]

O grande número de supostos perpetradores e vítimas provocou um alvoroço na mídia contra a Igreja Católica e os bispos franceses. “Milhares de pedófilos na Igreja Francesa”, estampou em manchete a “BBC News”. O Arcebispo Eric de Moulins-Beaufort, presidente da Conferência Episcopal da França, expressou sua “vergonha e horror” com as descobertas. “Meu desejo hoje é pedir perdão a cada um de vocês”, disse ele em entrevista coletiva. Em sua audiência geral de 7 de outubro, o Papa Francisco declarou: “Às vítimas, desejo expressar minha tristeza e minha dor pelos traumas que suportaram, e minha vergonha, nossa vergonha, minha vergonha que por tanto tempo a Igreja foi incapaz de expressar, isso está no centro de minhas preocupações, garantindo-lhes minhas orações”. E prosseguiu: “Eu oro, e vamos todos orar juntos: ‘A Deus a glória, a nós a vergonha’: este é um momento de vergonha”.[21]

Em entrevista à “Franceinfo” no dia 6 de outubro, o arcebispo Dom Eric de Moulins-Beaufort foi questionado sobre se o segredo de confissão tinha precedência sobre as leis da república francesa. “O segredo da confissão se impõe a nós e, nisso, é mais forte que as leis da República”, disse. O ministro do Interior, Gérald Darmanin, convidou o arcebispo para discussões na sede do ministério em Paris, provocando muita raiva e medo entre os católicos franceses. No entanto, em 14 de outubro, o governo recuou depois que a Conferência Episcopal Francesa esclareceu que não faria concessões quanto ao segredo da confissão.[22]

Logo após a publicação do relatório da CIASE, alguns observadores começaram a expressar dúvidas sobre a exatidão dos achados. Oito representantes da prestigiosa Académie catholique de France publicaram uma crítica de 15 páginas ao relatório, mostrando que lhe faltava “rigor científico”. A CIASE só fez um estudo aprofundado de 1.600 casos e 10 mil incidentes e, a partir desses casos, exagerou o número total. Os próprios membros da comissão admitem que o número final possa diminuir em 50 mil… A crítica também aponta que a maioria dos casos é impossível de ser provada ou refutada devido à distância do tempo, e que a maioria dos supostos perpetradores morreu há muito tempo.

Além disso, as “recomendações” do relatório CIASE parecem favorecer uma reestruturação progressista da Igreja como solução. “A avaliação desproporcional deste flagelo alimenta a narrativa de um caráter ‘sistêmico’ e estabelece as bases de propostas para derrubar a Igreja-instituição”, disseram eles. O relatório do CIASE também pede que a Igreja enfraqueça o segredo de confissão para permitir a denúncia de crimes confessados ​​ao Estado francês.[23]

Em meio ao alvoroço da mídia, a Igreja Católica canadense sofreu uma onda de incêndios criminosos e vandalismos. Dezenas de igrejas, muitas delas em reservas indígenas, foram totalmente queimadas em circunstâncias muito estranhas

Revolução indigenista no Canadá

Quando o Papa Francisco sediou o Sínodo Pan-amazônico no Vaticano, em outubro de 2019, foi o ponto de partida para uma revolução social, econômica e religiosa visando dar uma “face amazônica” à Igreja Universal. Ou seja, utilizar-se da questão indígena para atacar a civilização ocidental e impor o tribalismo, a pobreza, o socialismo e o igualitarismo no Ocidente por meio de argumentos religiosos de uma suposta simpatia pelos índios americanos. Nas palavras do falecido bispo Dom Pedro Casaldáliga, notório ativista comuno-indigenista, essa revolução “transcomunista” teria sucesso onde o comunismo de estilo soviético falhou.

Em 2021, essa revolução indigenista deu um grande salto no Canadá. A mídia publicou, em junho, notícias sensacionais sobre a “descoberta” de uma série de cemitérios indígenas contendo restos mortais de milhares de crianças indígenas. Essas crianças foram matriculadas em Escolas Residenciais estabelecidas pelo governo canadense no século XIX e administradas por igrejas, incluindo a Igreja Católica. Reportagens da mídia acusaram a Igreja de ter abusado e até matado muitas crianças, retratando as escolas como campos de concentração e os cemitérios como “valas comuns”.[24]

Os bispos canadenses expressaram imediatamente “profunda tristeza” pelas “valas comuns”. O Papa Francisco manifestou-se chocado e pediu que fossem apurados os fatos após a descoberta. O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, exigiu um pedido de desculpas da Igreja Católica. Em uma entrevista coletiva, ele disse: “Como católico, estou profundamente decepcionado com a posição que a Igreja Católica tem assumido agora e nos últimos anos”. Também ameaçou mover uma ação judicial para obter os registros da Igreja.[25] Em 29 de junho, Trudeau revelou que falou “pessoalmente com o Papa Francisco a fim de impressioná-lo sobre a importância de um pedido de desculpas, mas de um pedido de desculpas aos canadenses indígenas em solo canadense”.[26] Em outubro, o Papa Francisco concordou em viajar ao Canadá em 2022 a fim de fazer “uma peregrinação para a apuração dos fatos e de reconciliação”.

Em meio ao alvoroço da mídia, a Igreja Católica canadense sofreu uma onda de incêndios criminosos e vandalismos. Dezenas de igrejas, muitas delas em reservas indígenas, foram totalmente queimadas em circunstâncias muito estranhas. Outras ainda tiveram suas janelas e imagens quebradas, portas pintadas com slogans satânicos ou anticatólicos. A maioria desses ataques, senão todos, não foram feitos por índios, mas por terroristas radicais de esquerda. Os líderes indígenas do Canadá imploraram aos perpetradores para não incendiarem suas igrejas: “Queimar igrejas não é uma solidariedade para conosco, indígenas. Como eu disse, não destruímos os locais de culto das pessoas”, declarou um líder indígena.[27]

Logo, muitos observadores começaram a ver a agenda política por trás da propaganda sobre as Escolas Residenciais. Na verdade, a mídia está deliberadamente ignorando os fatos para promover uma narrativa de esquerda. Um relatório do Dr. Scott Hamilton, do Departamento de Antropologia da Lakehead University em Ontário, mostrou que, embora tenha havido alguns casos de abuso de crianças no sistema de escolas residenciais, no entanto, a maioria dos problemas e abusos não foi culpa da Igreja Católica, mas do Departamento Canadense de Assuntos Indígenas, principalmente devido à falta de financiamento e negligência do governo. Os cemitérios não eram “valas comuns”, mas cemitérios normais, onde os professores e outros administradores também foram enterrados ao lado de crianças, em um momento em que as crianças pequenas tinham uma taxa de mortalidade muito mais alta.

Mais importante ainda, o momento do alvoroço da mídia ilustra a sua má-fé bem como a dos grupos que estão acusando a Igreja. Os abusos e problemas com as Indian Residential Schools já eram estudados e conhecidos no Canadá há décadas. Não houve nada de novo no que foi descoberto, mas a mídia irrompeu numa campanha de ódio muito bem coordenada contra a Igreja Católica e as Escolas Residenciais. O primeiro-ministro Trudeau, defensor radical dos “direitos” ao aborto, participou desse teatro de rua ao posar com um ursinho de pelúcia ajoelhado no chão em um desses cemitérios.[28]

A razão do repentino alvoroço da mídia não é a trágica, mas exagerada existência de alguns casos de abusos de crianças indígenas nas escolas residenciais do Canadá. Os revolucionários rejeitam a própria noção de assimilação, preferindo que os índios permaneçam pobres, subdesenvolvidos e separados da sociedade ocidental. A questão é promover a Revolução Indigenista prometida pelo Sínodo Pan-amazônico. Isto é, primeiro denegrir, humilhar e desmantelar a civilização ocidental a fim de promover um novo modelo social, econômico e cultural para o Ocidente, com base no primitivismo indígena pré-cristão e no paganismo. Esse alvoroço da mídia é um primeiro grande passo para realizar o sonho do Papa Francisco de uma Igreja e sociedade com uma “face amazônica”.

“Acabamos de falar sobre o fato de que ele estava feliz por eu ser um bom católico e por continuar recebendo a comunhão”, disse o presidente Biden aos repórteres

Vitória de Pirro de Biden e o debate sobre o aborto nos EUA

A eleição de Joe Biden e sua cerimônia de posse em 20 de janeiro marcaram uma importante virada na política mundial em 2021. Muitos viram a sua vitória como um repúdio ao “trumpismo” — ou melhor, como o fim da reação conservadora nos EUA representada por Trump, e a ascensão da esquerda católica ao poder. Na verdade, o movimento conservador norte-americano está mais forte do que nunca, Joe Biden é o presidente mais fraco em mais de meio século, e o movimento pró-vida vem causando sérios problemas para a Revolução nos EUA.

Além da presidência, a eleição de 2020 foi um desastre para os democratas, que segundo as pesquisas ganhariam mais de 15 cadeiras na Câmara dos Representantes, quando na verdade perderam 12 cadeiras, e quase perdem a maioria. Eles conquistaram três cadeiras no Senado, mas tampouco conseguiram a maioria. De fato, Joe Biden tem a menor maioria no Congresso desde John F. Kennedy em 1960. Os democratas também fracassaram em âmbito estadual, não conseguindo tirar dos republicanos o controle de uma única legislatura, e até perderam duas para os republicanos. Nas palavras de “The New York Times”, a “onda azul diminuiu nas casas estaduais de todo o país”.[29] [Azul é a cor do Partido Democrata].

Embora Joe Biden se apresentasse como centrista que traria “unidade” ao país, os democratas embarcaram em uma corrida para a extrema esquerda. Eles promoveram uma plataforma radical e comunista de abolição da polícia, “teoria racial crítica”, nacionalização da assistência médica, imigração ilegal irrestrita, teoria de gênero e eliminação das restrições ao “direito” ao aborto. Joe Biden nada fez para impedir essa marcha radical rumo à extrema esquerda. Como consequência, seu índice de aprovação caiu de 56% em janeiro para 44,7% em outubro, a maior e mais rápida queda de qualquer presidente americano desde a Segunda Guerra Mundial.[30]

Biden, o segundo presidente católico dos EUA, fez de sua fé católica uma parte importante de sua imagem pública. Sua cerimônia de posse foi repleta de importantes líderes da esquerda católica americana. Ele nomeou muitos esquerdistas católicos para o seu governo. Seu discurso inaugural evocou inclusive o slogan do “grito dos pobres” e do “grito da terra” do ex-frade franciscano e teólogo da libertação Leonardo Boff, no Brasil. Muitos observadores disseram que Biden representa a esquerda católica no poder.

Este conflito entre a fé de Biden e seu apoio ao aborto provocou uma reação maciça entre o movimento pró-vida, com predominância católica. Muitos ficaram indignados pelo fato de Biden, um pecador público e defensor do crime do aborto, continuar a receber a Sagrada Comunhão.

O arcebispo de Los Angeles, Dom José Gómez, presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB), embora favorável a muitas posições esquerdistas de Biden como em relação aos migrantes e à saúde, foi forçado a emitir uma declaração criticando seu apoio ao aborto. “É lamentável que um dos primeiros atos oficiais de Biden promova ativamente a destruição de vidas humanas nas nações em desenvolvimento […]. Esta ordem executiva é antitética à razão, viola a dignidade humana e é incompatível com o ensino católico”, escreveu ele.[31]

Isso provocou meses de debates sem precedentes e até de polêmicas dentro do episcopado americano. Alguns clérigos, como o cardeal Blaise Cupich, de Chicago, o cardeal Tobin, de Newark (New Jersey), o bispo Robert McElroy, de San Diego (Califórnia) e o bispo John Stowe de Lexington (Kentucky) atacaram Dom Gomez por criticar as posições pró-aborto de Biden. Dom Mc Elroy disse que os católicos deveriam ser “colaboradores orgulhosos”[32] da administração Biden e que era “destrutivo” negar a Sagrada Comunhão a Biden.

O próprio Papa Francisco interveio várias vezes no debate. Em seu voo de volta da Eslováquia para Roma, em 15 de setembro, ele declarou que “aborto é assassinato”, mas que “eu nunca recusei a Eucaristia a ninguém”. E perguntou: “O que um pastor deve fazer?” Ao que ele mesmo respondeu: “Seja um pastor; não vá condenando”. O presidente Biden visitou o Papa Francisco no Vaticano em 29 de outubro. “Acabamos de falar sobre o fato de que ele estava feliz por eu ser um bom católico e por continuar recebendo a comunhão”, disse ele aos repórteres.[33]

Outros bispos americanos, incluindo o arcebispo Salvatore Cordileone, de San Francisco (Califórnia), o bispo Joseph Strickland, de Tyler (Texas) e o arcebispo Joseph Neumann de Kansas City (Kansas) escreveram cartas pastorais e se manifestaram veementemente contra os políticos católicos pró-aborto, embora não tenham conclamado a lhes negar a Comunhão. O arcebispo Neumann disse em uma entrevista: “Obviamente, ou o presidente não crê no que acreditamos sobre a sacralidade da vida humana, ou não estaria agindo como está […]. E ainda assim, ele continua a receber a Eucaristia. Não podemos julgar seu coração. Mas consideramos a própria ação um grave mal moral”.[34] O cardeal Raymond Burke disse que os funcionários públicos católicos que promovem o aborto são apóstatas e provavelmente hereges também. “A recepção da Sagrada Comunhão por aqueles que pública e obstinadamente violam a lei moral em seus preceitos mais fundamentais é uma forma particular de grave sacrilégio […]. Claramente, nenhum padre ou bispo pode conceder permissão a uma pessoa que se encontra pública e obstinadamente em pecado grave a receber a sagrada comunhão”.[35]

Na sessão plenária de junho, os bispos votaram a redação de um documento sobre “Coerência Eucarística”, o qual foi aprovado e publicado na reunião de novembro. O documento repetia parte da doutrina da Igreja a respeito do pecado e da dignidade de receber a Sagrada Comunhão, mas não tratava sobre a questão da negação da Comunhão para políticos católicos pró-aborto como Joe Biden ou Nancy Pelosi. Em um artigo “The New York Times” afirmou que os “bispos católicos romanos dos Estados Unidos recuaram de um conflito direto com o presidente Biden”.[36] Embora a USCCB tenha evitado tomar qualquer posição firme em relação aos católicos pró-aborto, a intensa pressão dos católicos pró-vida para agir não só continuará com certeza, mas aumentará.

Centenas de milhares de pessoas protestaram contra o passaporte sanitário em toda a Europa.

Protestos contra o passaporte sanitário

Muitos governos em todo o mundo, especialmente na Europa, impuseram em 2021 passaportes sanitários para segregar e punir aqueles que não tomaram a vacina contra a Covid-19. Na França, cerca de 250 mil pessoas protestaram todo fim de semana, por mais de dois meses, depois que o país exigiu o passaporte sanitário para a frequência de restaurantes e outros locais públicos.[37]

Muitas dezenas de milhares de pessoas protestaram e até se amotinaram na Bélgica, Áustria, Holanda, Croácia, Itália e no Reino Unido, quando esses governos decretaram requisitos de vacinas para o trabalho ou para fazer compras em lojas.[38] Em novembro, o governo austríaco impôs o primeiro bloqueio no mundo para pessoas não vacinadas, gerando enormes protestos em Viena.[39] Muitas centenas de milhares protestaram contra mandatos semelhantes na Bulgária, República Tcheca, Austrália, Irlanda do Norte e em outros lugares. Quando o presidente Biden impôs um mandato do empregador para a vacina, milhares de americanos igualmente protestaram de Nova York à Califórnia.

Uma declaração publicada pelas TFPs e organizações irmãs de todo o mundo, em outubro de 2020, descreveu a pandemia Covid-19 como uma ferramenta nas mãos da Revolução para destruir o que resta da civilização cristã ocidental. Em 2021, os mandatos da vacina não cumpriram seu propósito, que é o de vacinar toda a população. Em vez disso, o tiro saiu pela culatra, causando raiva, divisão, ressentimento, polarização, conflito social e até mesmo ameaças de guerra civil.[40]

Grande mudança à direita na opinião pública mundial

A eleição de Donald Trump e Jair Bolsonaro, o voto Brexit e a ascensão de movimentos e partidos de direita em todo o mundo ocidental nos últimos 10 anos chocaram e irritaram os comentaristas de esquerda. Quando Donald Trump perdeu a reeleição em 2020, muitos presumiram que essa mudança para a direita cessaria. Ao contrário, essa tendência continua e até se acelera. Em nenhum momento da história moderna, talvez, o mundo ocidental experimentou um movimento tão maciço da opinião pública rumo à direita.

Em maio, uma empresa think-tank francesa chamada Fondation pour L’Innovation Politique publicou um importante estudo de quatro países europeus, França, Alemanha, Reino Unido e Itália, apontando que nesses países a opinião pública mudou profundamente para a direita em questões econômicas, imigração e Islã.[41] O segmento da população com maior probabilidade de ser identificado como de direita é o dos jovens.[42]

Na França, a ascensão do jornalista de direita Éric Zemmour e sua decisão de concorrer à Presidência em 2022 representam uma mudança significativa para a direita francesa. Um artigo publicado no “Le Figaro” em outubro descreveu esse movimento para a direita com o título “Seis meses antes da eleição presidencial, a sociedade francesa está mais à direita do que nunca”. Só nos últimos quatro anos, o número de franceses que se identificam como direitistas passou de 33% para 37%, enquanto os que se identificam como esquerdistas caiu de 25% para 20%. A maior parte dessa mudança se deve à preocupação com o crime, a imigração e o Islã.[43]

Essa grande mudança ocorreu também na Igreja Católica. Missas latinas tradicionais vêm crescendo muito nas últimas décadas, mas de modo especial (e paradoxalmente) sob o pontificado de Francisco. Desde o início da pandemia de Covid-19, o número de assistentes às missas tridentinas dobrou ou até triplicou. Uma pesquisa da Crisis Magazine estima que a frequência às Missas tradicionais nos EUA aumentou 71% desde janeiro de 2019.[44]

Essa mudança rumo à tradição é mais notável por ser sobretudo um fenômeno de jovens católicos nascidos muito depois da introdução do Novus Ordo Missae. A tendência conservadora também se passa no clero. Um relatório de 2021 da Survey of American Catholic Priests mostrou que nos últimos 20 anos os padres americanos são significativamente mais tradicionais e ortodoxos do que os padres das décadas de 1970 e 1980. “Os padres católicos ordenados a partir do ano 2000 tendem a ser anda mais conservadores”, registrou o documento.[45]

A resposta do Papa Francisco foi perseguir a Missa tradicional. Em 16 de julho ele publicou a carta apostólica Traditionis Custodes que impõe restrições à celebração da liturgia tradicional.[46] Uma carta anexa ao documento explicava que as razões para restringir o uso do Rito Tridentino eram por causa da “rejeição não só da reforma litúrgica, mas do próprio Concílio Vaticano II, alegando, com afirmações infundadas e insustentáveis, que traiu a Tradição e a ‘verdadeira Igreja’”.[47] Alguns bispos em todo o mundo começaram a colocar restrições à celebração do Rito Tridentino, mas a maioria, especialmente na América do Norte e na Europa, foi obrigada a manter o status quo. Embora o Papa Francisco tenha tentado impedir o crescimento do movimento tradicionalista na Igreja, é improvável que ele consiga deter aquilo que parece ser obra da graça entre os fiéis católicos.

Cerca de 300 mil soldados russos participaram de um simulacro de batalha com vistas a um possível conflito com EUA e seus aliados.

Nossa Senhora de Fátima e os acontecimentos

Com a Revolução destruindo instituições em todos os campos, ameaçando guerras internas e externas, perseguições e as formas mais radicais de socialismo, revolução e até satanismo, a mensagem de Nossa Senhora de Fátima é mais relevante do que nunca. Os “erros da Rússia”, como Ela alertou, são como um câncer, atingindo seu estágio final de metástase. Socialismo, comunismo, teoria de gênero, homossexualidade, blasfêmia, satanismo e perseguição sangrenta à Igreja estão ameaçando destruir as nações.

A própria Rússia, junto com a China comunista, está ameaçando guerras ao Ocidente. No final de 2021, os russos reuniram quase 200 mil soldados na fronteira com a Ucrânia, enquanto a China também vem aumentando suas forças como preparação para uma invasão de Taiwan. Qualquer guerra futura da Rússia ou da China provavelmente envolverá os EUA e outras grandes potências da Europa e da Ásia.

Uma guerra dos EUA com a Rússia ou a China não seria simplesmente um conflito entre grandes potências, como o foram os do século XX, mas um conflito de modelos: entre o liberalismo revolucionário e a “democracia”, de um lado, representados pelos EUA, e o nacionalismo autoritário, representado pela Rússia e pela China.

A reação conservadora no Ocidente é, em suas raízes, um cansaço geral e até uma rejeição do modelo dominante no Ocidente: o da democracia liberal. Enquanto esta vem levando a sociedade à desintegração e destruição por meio da imigração em massa e da teoria de gênero, as pessoas procuram novos modelos e novas ideologias.

Nem a democracia liberal nem o nacionalismo autoritário é a solução para a crise. Em vez disso, devemos retornar à Casa Paterna, isto é, à Igreja Católica e aos princípios da civilização cristã. Em seu livro Return to Order, John Horvat descreve essa ordem como a sociedade cristã orgânica, que floresceu na Europa medieval e cujos vestígios ainda podem ser encontrados hoje no Ocidente.

Em meio aos sofrimentos, ao caos, à corrupção e confusão de nossos tempos, muitos católicos são tentados a se desesperar e a buscar soluções políticas fora da Igreja. Pelo contrário, devemos ter a certeza de que a grande crise do nosso tempo resulta sobretudo de uma crise religiosa, cuja solução só pode ser encontrada no Magistério tradicional da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica.

Devemos também ter uma confiança ilimitada em Nossa Senhora e nas suas promessas feitas em Fátima. O caos, as guerras e os sofrimentos dos nossos tempos foram previstos pela Mãe de Deus há mais de um século, e é somente atendendo à sua mensagem e nos abrigando sob seu manto que poderemos navegar nos tempos apocalípticos que estão por vir.


[1]https://thehill.com/policy/defense/573028-majority-of-voters-disapprove-of-execution-of-afghanistan-withdrawal

[2]https://www.ncregister.com/news/catholics-and-protestants-share-communion-at-german-ecumenical-convention

[3]https://www.ncregister.com/news/catholics-and-protestants-share-communion-at-german-ecumenical-convention

[4]https://www.ncregister.com/news/catholics-and-protestants-share-communion-at-german-ecumenical-convention

[5]https://www.ncregister.com/news/catholics-and-protestants-share-communion-at-german-ecumenical-convention

[6]https://www.ncregister.com/news/catholics-and-protestants-share-communion-at-german-ecumenical-convention

[7]https://tylerclementi.org/press-release-catholic-bishops-join-with-the-tyler-clementi-foundation-to-protect-lgbt-youth-against-bullying/

[8]https://press.vatican.va/content/salastampa/en/bollettino/pubblico/2021/03/15/210315b.html

[9]https://press.vatican.va/content/salastampa/en/bollettino/pubblico/2021/03/15/210315b.html

[10]https://press.vatican.va/content/salastampa/en/bollettino/pubblico/2021/03/15/210315b.html

[11]https://press.vatican.va/content/salastampa/en/bollettino/pubblico/2021/03/15/210315b.html

[12]https://www.bbc.com/news/world-europe-54627625

[13]https://www.wsj.com/articles/catholic-priests-in-germany-bless-gay-couples-defying-pope-11620662111

[14]https://www.wsj.com/articles/catholic-priests-in-germany-bless-gay-couples-defying-pope-11620662111

[15]https://www.wsj.com/articles/catholic-priests-in-germany-bless-gay-couples-defying-pope-11620662111

[16]https://cruxnow.com/church-in-europe/2021/06/vatican-note-on-anti-homophobia-law-was-a-mistake-archbishop-says

[17]https://www.catholicnewsagency.com/news/249424/italian-senate-blocks-controversial-anti-homophobia-bill

[18]https://www.catholicnewsagency.com/news/249424/italian-senate-blocks-controversial-anti-homophobia-bill

[19]https://www.ncronline.org/news/people/pope-francis-thanks-new-ways-ministry-recent-correspondence

[20]https://www.bbc.com/news/world-europe-58781265

[21]https://www.bbc.com/news/world-europe-58781265

[22]https://www.catholicnewsagency.com/news/249282/france-s-catholic-bishops-will-uphold-confessional-seal-spokeswoman-clarifies

[23]https://www.ncregister.com/cna/french-catholic-academy-critiques-landmark-abuse-report

[24]https://www.cbc.ca/news/canada/british-columbia/survivors-faith-leaders-call-on-catholic-church-to-take-responsibility-for-residential-schools-1.6048077

[25]https://www.bbc.com/news/world-us-canada-57358292

[26]https://www.bbc.com/news/world-us-canada-57358292

[27]https://www.ctvnews.ca/canada/not-in-solidarity-with-us-indigenous-leaders-call-for-church-arsons-to-stop-1.5497911

[28]https://www.ctvnews.ca/canada/not-in-solidarity-with-us-indigenous-leaders-call-for-church-arsons-to-stop-1.5497911

[29]https://www.nytimes.com/2020/11/04/us/election-state-house-legislature-governors.html

[30]https://www.foxnews.com/politics/biden-has-lost-more-approval-at-start-of-term-than-any-president-since-world-war-ii-poll-finds

[31]https://www.usccb.org/news/2021/bishops-decry-executive-order-promotes-abortion-overseas

[32]https://www.usccb.org/news/2021/bishops-decry-executive-order-promotes-abortion-overseas

[33]https://www.catholicculture.org/news/headlines/index.cfm?storyid=52232

[34]https://www.catholicculture.org/news/headlines/index.cfm?storyid=52232

[35]https://www.catholicculture.org/news/headlines/index.cfm?storyid=52232

[36]https://www.nytimes.com/2021/11/17/us/catholic-bishops-biden-communion.html

[37]https://www.france24.com/en/europe/20210911-turnout-down-slightly-for-french-protests-against-covid-19-health-pass

[38]https://www.france24.com/en/europe/20210911-turnout-down-slightly-for-french-protests-against-covid-19-health-pass

[39]https://www.bbc.com/news/world-europe-59625302

[40]https://www.fondapol.org/en/study/the-conversion-of-europeans-to-right-wing-values/

[41]https://www.fondapol.org/en/study/the-conversion-of-europeans-to-right-wing-values/

[42]https://www.fondapol.org/en/study/the-conversion-of-europeans-to-right-wing-values/

[43]https://www.fondapol.org/en/study/the-conversion-of-europeans-to-right-wing-values/

[44]https://www.crisismagazine.com/2021/the-growth-of-the-latin-mass-a-survey

[45]https://www.crisismagazine.com/2021/the-growth-of-the-latin-mass-a-survey

[46]https://www.vatican.va/content/francesco/en/motu_proprio/documents/20210716-motu-proprio-traditionis-custodes.html

[47]https://www.vatican.va/content/francesco/en/motu_proprio/documents/20210716-motu-proprio-traditionis-custodes.html

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