Um dos mais importantes santos da Idade Média, apesar de recluso trabalhou incansavelmente para a reforma e progresso da Igreja numa época muito conturbada em que antipapas disputavam o trono pontifício.

Os primeiros anos de Pedro foram cercados pelos maiores sofrimentos. Ele nasceu em Ravena, na Itália, no ano de 1007, de pais nobres mas caídos na pobreza, e com muitos filhos. Quando veio ao mundo, seu irmão mais velho fez áspera reclamação à sua mãe, dizendo que a família já era muito grande e muito pobre para ter mais uma boca. A senhora ficou tão abalada, que abandonou o recém-nascido à sua própria sorte, recusando-se mesmo a amamentá-lo. Foi uma mulher de fora que, vendo a criança morrer à míngua, teve pena dela, e tomou-a a seus cuidados.

Quando o menino era um pouco maior, ficando órfão, um irmão – talvez o mesmo irmão mais velho –, tomou-o consigo, mais como servo do que como irmão, fazendo-o guardador de porcos.

Entretanto, apesar de todas as circunstâncias tão desfavoráveis, o pequeno Pedro não era um revoltado, não se sentia um “injustiçado” ou um “oprimido”, mas contentava-se com a partilha que recebera das mãos de Deus. Um exemplo de seu espírito sobrenatural naquele tempo, temos num dia em que, no campo, encontrou uma moeda de algum valor. Pensou logo em comprar algo que pudesse saciar à sua contínua fome. Mas depois, refletindo um pouco, viu que isso lhe daria apenas um prazer muito passageiro. Resolveu então usar o dinheiro para mandar celebrar uma Missa pela alma do falecido pai… Isso é que é perfeita caridade!

Foi então que outro irmão, Damião, arcipreste (título honorífico que, em alguns países europeus, se confere a um pároco) em Ravena, compadecido da sorte do caçula, levou-o consigo. Vendo as grandes qualidades do menino, pô-lo a estudar, e dele cuidou com desvelo paterno. Mais tarde, agradecido, Pedro quis acrescentar ao seu nome o desse benfeitor.

Graças aos seus extraordinários dotes intelectuais, o jovem pastorzinho logo recuperou o tempo perdido para o estudo, fazendo tão grandes progressos, que o irmão o fez estudar depois nas escolas de Ravena, Faença e Parma. Quando Pedro Damião tinha apenas 25 anos, já era afamado professor na última cidade.

Um dia do ano de 1035 Pedro Damião encontrou-se com dois eremitas camaldulenses de Fonte Avelana, cuja regra, muito restrita, fora escrita por São Romualdo. Ficou tão encantado com a espiritualidade e o desapego do mundo desses eremitas, que logo pensou em ser um deles. Assim, dois meses depois se apresentava a esse mosteiro, que ficava aos pés dos Apeninos, e pedia admissão.

Pedro Damião entregou-se ali ao estudo das Sagradas Escrituras e da doutrina da Igreja de modo que, pouco depois, o Superior ordenou-lhe que pregasse aos religiosos da comunidade. Como o sucesso foi grande, a notícia espalhou-se por outros mosteiros vizinhos, e todos pediam ao prior que lhes mandasse Frei Pedro Damião para pregar também para eles.

Escolhido para prior do convento, entre as práticas de piedade que estabeleceu nos mosteiros sob sua jurisdição, estão a recitação do Ofício Parvo de Nossa Senhora, a dedicação das segundas-feiras às almas do Purgatório, das sextas-feiras à Paixão de Nosso Senhor, e dos sábados a Nossa Senhora. São Pedro Damião escreveu para seus monges o livro “Do desprezo do mundo”.

Estava reservado a São Leão IX, elevado ao papado no início de 1049, a missão de procurar remédio eficaz às desordens da Igreja na época. Para isso nomeou seu conselheiro e sua destra o monge de Cluny, Hildebrando, futuro Gregório VII, que se tornaria uma das maiores glórias da Igreja.

Foi então que São Pedro Damião escreveu seu “Livro de Gomorra”, que dedicou ao papa santo, e no qual fustigava com vigor os desmandos da época, sobretudo o homossexualismo entre os eclesiásticos.

À morte de Nicolau II houve um cisma. Ao papa Alexandre II, eleito por influência do futuro São Gregório VII, os simoníacos e escandalosos opuseram o bispo de Parma, Cadalo, com o nome de Honório II. A este São Pedro Damião mandou duas enérgicas cartas repreendendo-o por sua ambição, e ameaçando-o com os castigos divinos. Depois, às suas instâncias, congregou-se um Concílio em Mântua em 1064, no qual se confirmou a destituição de Cadalo. Feito cardeal, muita coisa se poderia dizer deste grande Santo em prol da Igreja, que o espaço não nos permite abordar. Ele faleceu na volta de uma de suas missões, cerca de Faença, na véspera da festa da Cátedra de São Pedro, da qual era muito devoto, em 22 de fevereiro de 1072. Leão XII estendeu seu culto à Igreja universal em 1828, declarando-o Doutor da Igreja.

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