Uma das mais célebres mártires dos primeiros séculos, desde tempos imemoriais Santa Catarina era venerada no mosteiro do Monte Sinai quando, no século XV, os monges descobriram seu corpo. Seu culto irradiou-se do Monte Sinai, e sua festa foi incluída no calendário litúrgico por João XXII (1316-1334). Filósofos e estudantes, amoladores, moleiros, carpinteiros, curtidores, torneiros e fiandeiros escolheram-na como patrona.
Segundo uma das legendas que correm a respeito da Santa, muitas vindas da Idade Média, Catarina era de nobre origem, e nasceu em Alexandria, no Egito, em fins do século III.
Bem pequena ainda começou a instruir-se nas verdades da santa religião e, dotada de uma inteligência superior, mais tarde se aprofundou na ciência teológica, e também se dedicou dum modo particular ao estudo das ciências profanas. Tendo apenas dezoito anos, em discussões públicas, confundia os maiores filósofos da cidade natal.
Nesse tempo o Imperador Maximino tinha decretado nova perseguição aos cristãos e à sua doutrina. Tendo conhecimento do grande preparo de Catarina, prometeu um prêmio ao filósofo que conseguisse afastar a jovem da religião cristã.
Na discussão pública para a qual Catarina foi convidada, puseram em ação todo o aparato de argumentações sofísticas para desorientar a donzela. Catarina, porém, iluminada pelo Espírito Santo, respondeu-lhes com tanta clareza e sabedoria, que seus opositores abandonaram os erros e pediram admissão entre o número dos catecúmenos. Todos morreram pela fé, à qual se tinham convertido.
O Imperador, surpreendido pelo êxito inesperado da discussão, procurou pessoalmente ganhar as simpatias de Catarina, para destarte fazê-la abandonar o Cristianismo. Entre outras muitas promessas que lhe fez, estava a de elevá-la à dignidade de Imperatriz. Catarina, porém, rejeitou todas as pretensões do tirano, não querendo reconhecer por esposo do coração senão o divino Salvador.
Maximino mudou então de tática e em vez do amor, que não lhe possuía, revelou o ódio sem limites contra a religião de Cristo e contra a nobre donzela. Durante onze dias Catarina foi sujeita a toda sorte de sofrimentos. Duras flagelações revezavam com desumanas privações. O resultado foi que muitas pessoas que visitaram a pobre vítima das iras imperiais, se convertiam ao Cristianismo.
Esta circunstância provocou mais ainda o furor do déspota, que baixou uma ordem segundo a qual Catarina devia ser colocada sobre uma roda com lâminas cortantes e ferros pontiagudos. Catarina fez o Sinal da Cruz sobre o instrumento do martírio, e este se desconjuntou imediatamente, fato que causou máxima admiração e determinou a conversão de outros pagãos.
Maximino não mais ousou aplicar outras medidas, com receio de tornar-se propagandista do Cristianismo. Por isto deu ordem para que Catarina fosse decapitada. A jovem cristã recebeu jubilosa esta sentença e saudou o dia que lhe ia proporcionar a maior das venturas: a união com o celestial esposo.
Diz a história da vida de Santa Catarina que o corpo da Santa foi levado pelos Anjos ao monte Sinai. Falcônio, arcebispo de São Severino, referindo-se a esta lenda, diz: “Os Anjos, isto é, os religiosos do convento de Sinai, levaram o corpo da mártir ao monte santo, onde o sepultaram com todas as honras”. A maior parte das relíquias de Santa Catarina se acham de fato no Mosteiro de Sinai. Santa Catarina é considerada grande mártir tanto pela Igreja Oriental como pela Ocidental, e figura entre os 14 Santos Auxiliadores, e foi uma das “vozes” que falavam com Santa Joana D’Arc.