Este santo nasceu em Zuilen, cerca de Utrecht, no norte da Holanda, no ano de 743. Seus pais, Tiadgrim e Liafburga eram ricos frísios de nobre linhagem. Ainda jovem Ludgero encontrou-se com o grande apóstolo da Alemanha, São Bonifácio, e a figura do Santo e seu subseqüente martírio, ficaram impressos profundamente em sua mente juvenil.
Depois de receber educação elementar no mosteiro que São Gregório Abade (707-775) dirigia perto de Utrecht, foi em 767 para Iorque, na Inglaterra onde, durante quatro anos foi discípulo do célebre Alcuíno, com o qual travou uma amizade que durou toda a vida.
De regresso da Inglaterra, o santo ensinou algum tempo em Utrecht, recebeu a ordenação sacerdotal em Colônia, e consagrou vários anos a evangelizar a Frísia, onde São Bonifácio tinha sido martirizado. Foi depois passar três anos no Monte Cassino, a fim de se familiarizar com as instituições beneditinas, convivendo com os monges, mas não emitindo os votos religiosos.
Em 787, Carlos Magno foi procurá-lo em Monte Cassino, encarregando-o de retomar a missão na Frísia. Ofereceu-lhe então o bispado vacante de Treveris, que o santo recusou.
Ludgero trabalhou também na conversão da Saxônia e da Vestefália. Fundou um mosteiro em Werden, no condado de Mark, outro em Helmstadt, e um terceiro, em 795, em Mimigardefort, no território da Saxônia, em torno do qual teve origem mais tarde a cidade de Münster.
Elevado a bispo dessa cidade em 802, Ludgero dedicou-se com toda a energia à formação de um clero virtuoso e instruído. Ele próprio dava todos os dias uma aula de Sagrada Escritura a seus padres. O santo vivia em grande austeridade, e distribuía quase todos os seus rendimentos em obras de caridade.
Isso serviu de pretexto para o acusarem a Carlos Magno como lapidador dos bens de sua Sé, negligenciando a conservação das igrejas. O Imperador mandou chamá-lo para comparecer à Corte. Ludgero obedeceu, e estava rezando o breviário quando um camareiro o avisou de que tinha chegado a hora da audiência. O bispo respondeu que iria quando terminasse a oração. Ao apresentar-se depois diante do Imperador este, irritado, disse-lhe: “Bispo, não é correto da vossa parte fazer-me esperar desta maneira”. O santo respondeu: – “Príncipe, não está Deus infinitamente acima de Vossa Majestade, e não vos obedeço eu colocando o Seu serviço acima de tudo, como me recomendastes quando me nomeastes bispo?”
– “Isso é verdade, respondeu Carlos Magno, e sinto-me satisfeito por verificar que procedeis como eu esperava. Já agora digo-vos mais, que não tornarei a dar crédito aos que interpretam mal o vosso procedimento”.
Enfim, no Domingo da Paixão, 26 de março de 809, Santo Ludgero ouviu Missa em Coesfeld bem pela manhã, e pregou nessa igreja. Foi depois para Billerbeck onde, às 9 horas da manhã, pregou novamente e rezou uma segunda Missa. Nessa tarde ele expirou pacificamente entre seus fiéis seguidores. Levantou-se então uma disputa entre Müster e Werdem pela posse do corpo. Chamado seu irmão para opinar, depois de uma consulta com o Imperador, ele decidiu em favor de Werden, onde suas relíquias permaneceram por 11 séculos, sendo uma parte delas levada para sua igreja episcopal de Münster.