A este santo se ps e realizou grandes obras, dessas que se contam nos faustos da eternidade, ainda que não figurem nas páginas da História.
Gabriel nasceu no ano de 1838 em Assis, e no batismo recebeu o nome de Francisco. Aos 4 anos ficou órfão de mãe. A família então se transferiu para Espoleto, onde o menino fez os primeiros estudos com os Irmãos das Escolas Cristãs, e os continuou no colégio da Companhia de Jesus, onde foi eleito presidente da Academia de Literatura.
Quando Leão XIIodem aplicar as palavras da Sagrada Escritura: “Tendo vivido pouco, encheu a carreira de uma larga vida; sendo a sua alma agradável a Deus, por isso Ele se apressou a tirá-lo do meio das iniqüidades” (Sab 4, 13). Com efeito, São Gabriel morreu aos 24 anos, mas viveu muito para o céu, pois em pouco tempo adquiriu grandes méritoI o beatificou, afirmou que “ele, durante os estudos, pelo ardor da idade, concedeu um pouco com os afagos do mundo”. Consta que essa condescendência foi com festas, danças, e leitura de romances.
Quando Francisco tinha 18 anos, participava de uma procissão em louvor da Padroeira da cidade. Já várias vezes Deus lhe havia tocado a alma entre moléstias e graves doenças, mas Francisco tinha dado pouca correspondência aos apelos da graça. Desta vez porém, durante a procissão, o jovem fixou a face da Virgem, e pareceu-lhe que Ela o fitava de modo especial e lhe falava ao coração: “Francisco, o mundo não é para ti, espera-te a religião”. Ele não duvidou desse apelo e, no dia 21 de setembro de 1856, entrou para o noviciado dos Padres Passionistas – fundados por São Paulo da Cruz –, em Morrovalle de Ancona.
Ao vestir o hábito negro, ele tomou o nome de Gabriel de Nossa Senhora das Dores, pelo qual ficaria então conhecido.
Um ano depois Gabriel consagrou-se a Deus com os votos públicos de pobreza, castidade e obediência. Nesse dia sentiu-se mais intimamente unido a Deus e morto para o mundo.
O Irmão Gabriel aprofundou-se no carisma de sua Ordem, que é do amor a Jesus Crucificado e a Nossa Senhora das Dores, seguindo suas Regras com um amor prático e sacrificado, na linha austera e cogente marcadas por elas. Entretanto, em meio à penitência, conservava um caráter alegre, simpático, colocando-se inteiramente nas mãos de Nosso Senhor, na pessoa de seus Superiores.
Mas Deus chamou-o a Si quando só tinha as Ordens Menores. Com os benditos nomes de Jesus e Maria nos lábios, ele entregou sua bela alma a Deus no dia 27 de fevereiro de 1862, na ilha do “Gran Sasso”. Como São Luís Gonzaga, tinha apenas 24 anos e, como ele, tinha passado somente seis anos na vida religiosa.
Como comenta um hagiógrafo: “Ninguém se deu conta dos seus méritos, arrebatado como foi ao principiar a carreira. Aos olhos do mundo sumiu-se como flor sem frutos. Deus, porém, tinha visto quanto ele valia, o valor e grandeza das suas obras, aparentemente insignificantes e escondidas nas sombras silenciosas do claustro. Quando pareceu que ele desaparecia para sempre no silêncio da morte, foi que principiou a falar com a voz dos milagres, a voz que não é humana, mas sim potente e divina” (Pe. José Leite, SJ, Santos de Cada Dia, Editorial A.O.,Braga, 1993, vol. I, p.273).
Os milagres do humilde passionista continuaram a se multiplicar, de maneira que o imortal São Pio X o beatificou em 1908; e, em 1920, Bento XV o canonizou juntamente com Santa Margarida Alacoque.
Com propriedade diz o Intróito de sua Missa, citando o livro do Eclesiástico, 11, 13): “O olhar de Deus penetrou-o com amor, levantou-o da terra onde jazia, e exaltou a sua cabeça: admiraram-se muitos ao vê-lo, e glorificaram a Deus”.