Venceslau nasceu no ano 907, filho do duque Vratislau da Boêmia, católico, e de Dragomira, ardorosa pagã, mas recebeu educação cristã de sua avó, Santa Ludmila.
Introduzido recentemente na Boêmia por São Cirilo e São Metódio, o cristianismo ainda não tinha lançado raízes profundas na população, que permanecia em grande parte pagã. Na própria Corte, enquanto Ludmila, mãe de Vratislau, era cristã, Dragomira, sua esposa continuava nas antigas crenças pagãs.
O duque Vrastilau dedicou-se ao trabalho apostólico com grande empenho, e sua esposa fingiu se converter. Mas não escapava à sagacidade de Santa Ludmila sua falsidade, de maneira que, quando nasceram os dois filhos do duque, pediu para educá-los. Dragomira consentiu em separar-se do primogênito, Venceslau, mas conservou consigo o segundo, Boleslau.
Falecendo o duque quando Venceslau ainda era menino, sua esposa aproveitou-se da regência para dar livre curso a seu ódio pela verdadeira religião, decretando o fechamento das igrejas, proibindo o culto divino e a evangelização. Ao mesmo tempo favorecia de todos os modos os pagãos. O futuro santo, no entanto, continuava praticando em segredo a verdadeira religião, e recebia à noite os Sacramentos.
Quando ele subiu ao trono ao completar 18 anos, Venceslau impôs sua autoridade. Exilou a mãe e o irmão para uma província afastada, e procurou reorganizar o catolicismo muito tumultuado pelos cinco anos de despotismo de Dragomira. Sem atender à oposição que daí lhe poderia advir, fez tudo quanto pôde para apressar a conversão do país, secundando em tudo os missionários alemães vindos da Suábia e da Baviera, e dando ele mesmo o exemplo duma vida cheia de piedade e caridade cristãs. Construiu igrejas, mandou regressar os sacerdotes exilados pela mãe, e reconheceu a soberania do Império. Venceslau tinha costumes puros e coração magnânimo. Por piedade, ele próprio preparava, com trigo de seus campos e uvas de suas videiras, o pão e o vinho destinados ao Santo Sacrifício.
Por sua sabedoria e prudência, em pouco tempo transformou-se no perfeito príncipe católico e o paladino da Religião. Grande devoto da Sagrada Eucaristia e de Nossa Senhora, a Ela fez o voto de castidade perpétua.
Entretanto Draomira, do seu exílio, convencida de que a sogra Santa Ludmila era a grande incentivadora do neto, mandou sectários que a estrangularam enquanto rezava em seu oratório, na noite de 15 de setembro de 920.
Ao mesmo tempo Boleslau, aferrado ao paganismo, queria desfazer-se do irmão e tomar as rédeas do ducado. Num dia o recebeu à sua mesa com muita aparente amizade. Mas quando ele saiu e foi para rezar em uma igreja próxima, atacou-o de surpresa. Mal ferido, Venceslau, tirando a espada, lhe disse que poderia matá-lo. “Mas eu não serei fratricida diante de Deus”; e se deixou matar. O duque tinha apenas 23 anos de idade.
São Venceslau é herói nacional e patrono dos checos.
O Martirológio Romano Monástico diz dele no dia de hoje: “Perto de Praga, por volta do ano de 929, o martírio de São Venceslau, duque da Boêmia. Durante os quatro anos de seu governo, edificou por uma conduta irrepreensível sua Corte de costumes duvidosos, e se esforçou para cristianizar seu povo, ainda pagão. Venceslau tornou-se depois herói nacional e religioso dos checos. Foi o primeiro eslavo a receber as honras da canonização”.