Com exceção de Cristo Jesus e de sua Mãe Santíssima, São João Batista é o único santo nos anais da Igreja de quem se celebra o nascimento e a morte.

Martírio de São João Batista por condenar o adultério
São João Batista, por ter condenado o adultério do rei Herodes, teve sua cabeça decapitada pelo rei adúltero, que não aceitou a condenação do santo mártir quando afirmou o “non licet” (“Não te é permitido tomá-la por mulher”, Mt 14, 4).

O Precursor, preparando o caminho do Senhor, pregava o batismo da penitência na Galiléia e Peréia, que estavam sob a jurisdição de Herodes Antipas. Este, por razões políticas, havia se casado com a filha do rei Aretas, dos nabateus. Mas, em uma visita a Roma, caiu de amores por sua sobrinha Herodíades, mulher de seu meio-irmão Filipe, e levou-a a separar-se do marido e a unir-se incestuosamente a si.

Quando e onde São João encontrou Herodes, não nos é dito nos Evangelhos. Mas deles aprendemos que ele ousou interpelar e repreender destemidamente o tetrarca por seus atos malignos, especialmente por seu público adultério e incesto.

Herodes então mandou prender o Batista, influenciado pela ímpia Herodíades, que nutria profundo ódio por ele, e desejava matá-lo (Mc, 6, 19) porque ousava criticar sua união infame.

Entretanto, Herodes “quis matá-lo, mas teve medo da multidão, que o tinha como profeta” (Mt, 14, 5), e acabou tendo uma certa simpatia por ele apesar de tudo, pelo que de bom grado o ouvia, seguindo muitas vezes suas sugestões.

Em seus grilhões na prisão provavelmente na fortaleza de Macaerus, São João era assistido por alguns de seus discípulos, que o mantinham em contato com os eventos do dia. Aconteceu então que, como alguns deles não estavam convencidos de que Jesus era mesmo o Messias,  o Batista quis que eles se certificassem disso diretamente da boca do Salvador. Por isso os enviou a Jesus, para perguntar-lhe: “És tu aquele que há de vir, ou esperamos por outro?” (Mt 11, 2-6). E, vendo os milagres que o Redentor operou diante deles, se convenceram  plenamente de que Ele era o Messias prometido.

Contudo, a ira de Herodíades contra o Precursor, ao contrário da de Herodes, nunca diminuíra, apesar de o ver na prisão. E procurava uma oportunidade para obter sua morte.

Ocorreu então que Herodes, no dia de seu aniversário, seguindo a moda romana, deu uma festa aos “príncipes e tribunos e homens principais da Galiléia”. Durante os festejos, sua enteada Salomé, filha de Herodíades, dançou e agradou muito a Herodes e aos que estavam à mesa com ele. De modo que o rei, imprudentemente, disse à moça que lhe daria tudo o que lhe pedisse. É claro que Salomé foi logo perguntar à mãe o que pedir. Herodíades viu então a ocasião de perder de vez o Batista, e disse-lhe que pedisse ao rei a cabeça de João Batista num prato! A que ponto pode chegar uma mulher corrompida!

A infeliz jovem, que utilizava seus encantos para fazer o mal, foi em presença do rei, e fez o pedido infame. O rei viu então o desastrado efeito de sua imprudência. Diz o Evangelho que ele ficou triste, mas muitos julgam que, como ele era muito venal, isso foi por pura hipocrisia. Mas mandou que a ordem fosse executada, ocorrendo então o martírio do Precursor. (Mt 14, 1-13).

Os assassinos não escaparam à ira de Deus. O rei da Arábia, cuja filha tinha sido repudiada por Herodes, entrou em guerra contra o adúltero, venceu-o e exilou-o. O imperador de Roma, por sua vez, desterrou-o para Lião, na Gália. Assim, abandonado por todos, fugiu com Herodíades para a Espanha, onde ambos morreram na maior miséria.

O Martirológio Romano diz sobre o Precursor neste dia: “A Degolação de São João Batista. Herodes mandou lhe cortar a cabeça quando se avizinhava a festa da Páscoa. Não obstante, sua memória é celebrada solenemente no dia de hoje, data em que se achou pela segunda vez a veneranda cabeça. Mais tarde, foi levada para Roma, onde se conserva com a máxima veneração pelo povo na igreja de São Silvestre, no Campo de Marte”.

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