No Calendário tradicional celebra-se hoje, a festa de Cristo Rei.
O Missal Romano Quotidiano comenta sobre a Festa de Cristo Rei que: “No século XVII surgiram na Europa os erros do liberalismo e do laicismo que, negando a Deus e à Igreja a supremacia sobre a sociedade civil, proclamaram a independência absoluta entre os Estados e a Igreja, e organizaram a vida social e individual como se Deus não existisse.
“Mais tarde veio juntar a isso a estatolatria, que reivindica ao Estado direitos divinos, dando origem aos frutos amargos do orgulho e do egoísmo, à luta entre os indivíduos, ao ódio de classes e às rivalidades entre as nações, com a desagregação das famílias, as discórdias civis e as guerras fratricidas” (Edições Paulinas, 1959, p. 1177).
Para remediar essa situação, o papa Pio XI instituiu a festa de Cristo Rei, fixada para o domingo que precede à solenidade de Todos os Santos, como coroamento dos mistérios da vida de Cristo, e como confirmação do título “Rei dos reis, e coroa de todos os Santos”.
Foi o que fez esse pontífice com a encíclica “Quas Primas”, de 11 de dezembro de 1925, na qual demonstra que o laicismo é a negação radical desta realeza de Cristo, organizando a vida social como se Deus não existisse, o que leva à apostasia das massas e conduz a sociedade à ruína.
O próprio Nosso Senhor confessou a sua realeza diante de Pilatos: “Disse-lhe então Pilatos: Logo tu és rei? Respondeu-lhe Jesus: Tu dizes, eu sou rei. Para isso nasci, e para isto vim ao mundo, para dar testemunho à verdade; todo aquele que é da verdade, ouve a minha voz” (Jo 18, 37).
Pelo que diz Pio XI na mencionada encíclica: “Disto se segue que, para Cristo, anjos e homens lhe estão sujeitos. Cristo é também Rei por direito adquirido, bem como por direito natural, pois ele é nosso Redentor … [Assim,] Nós não somos mais propriedade nossa pois, se Cristo nos comprou ‘por um grande preço’, nossos próprios corpos são os ‘membros de Cristo’”.
Coerente com isso, diz o Pontífice: “Se a Cristo nosso Senhor é dado todo o poder no céu e na terra; se todos os homens, comprados pelo seu sangue precioso, são por um novo direito submetido ao seu domínio; se este poder abraça todos os homens, deve ficar claro que de nossas faculdades não está isento seu império. Ele deve reinar em nossas mentes, que deve concordar com perfeita submissão e firme convicção às verdades reveladas e às doutrinas de Cristo. Ele deve reinar em nossas vontades, que devem obedecer às leis e preceitos de Deus, deve reinar em nossos corações, que deve desprezar os desejos naturais e amar a Deus acima de todas as coisas, e apegar-se a ele sozinho. Ele deve reinar em nossos corpos e em nossos membros, que devem servir como instrumentos para a santificação interior de nossas almas ou usar as palavras do apóstolo Paulo como instrumentos de justiça a Deus “.
“Oh! que ventura não pudéramos gozar, se os indivíduos, se as famílias, se a sociedade se deixasse reger por Cristo! Então, finalmente –— para citarmos as palavras que, há 25 anos, Nosso Predecessor Leão XIII dirigia aos Bispos do mundo inteiro —– então fora possível sanar tantas feridas; o direito recobrara seu antigo viço, seu prestígio de outras eras; então tornaria a paz com todos os seus encantos, e cairiam das mãos armas e espadas, quando todos de bom grado aceitassem o império de Cristo, Lhe obedecessem, e toda língua proclamasse que “Nosso Senhor Jesus Cristo está na glória de Deus Padre.”
Essa festa tem uma dimensão escatológica que aponta para o fim dos tempos, quando o reino de Jesus será estabelecido em toda a sua plenitude até os confins da terra. Também leva ao advento, quando a Igreja comemora a chegada do rei recém-nascido.