Neste ano: Sagrada Família Jesus, Maria e José

Essa festa é geralmente celebrada no domingo seguinte ao Natal. Quando este ocorre no domingo, a Festa da Sagrada Família se celebra dia 30 de dezembro.

Sagrada Família, conjunto escultórico da Igreja do Carmo, Rio de Janeiro [Foto PRC]

Essa família santa, sendo a protetora de todas as famílias, o é especialmente dos seus membros mais vulneráveis e mais ameaçados hoje em dia pela indústria do aborto. Pelo que é oportuno citar aqui o trecho da “Carta às Famílias”, de 1994, em João Paulo II, depois de criticar “o progresso científico-tecnológico que se atua de modo frequentemente unilateral … [com] conseguinte característica puramente positivistas … que tem como seus frutos o agnosticismo no campo teórico e o utilitarismo no campo prático e ético … [que gera] uma civilização das ‘coisas’ e não das ‘pessoas’ … basta examinar-se … as tendências pró-abortistas que em vão procuram se esconder atrás do chamado ‘direito de escolha’ (pro choice) por parte de ambos os cônjuges, e particularmente por parte da mulher.  … Não menos grave, inclusive porque acompanhado de larga aceitação ou consenso de opinião pública, é o fenômeno das legislações não respeitadoras do direito à vida desde a sua concepção. Como se poderiam moralmente aceitar leis que permitem matar o ser humano não nascido ainda, mas já vivo no ventre materno? Desse modo, o direito à vida torna-se apanágio exclusivo dos adultos, que se servem dos próprios parlamentos para atuarem os seus projetos e procurarem os próprios interesses”.

Santa Melânia, a nova. Quadro em madeira talhada.

Ante a ameaça da parte dos povos bárbaros que pairava sobre Roma a partir do ano 408, muitas famílias ilustres começaram a deixar a Cidade Eterna e buscar refúgio nas províncias. Desse modo, grande número de patrícios se dirigira para o norte da África, onde tinham propriedades. Entre estes estavam Melânia, seu esposo Piniano e sua mãe, Albina, não só membros das mais ilustres e ricas famílias romanas, mas das mais fervorosamente cristãs.

Melânia, nascida em Roma no ano de 383, era filha de um rico senador romano, Publícola, e de sua esposa Albina, ambos cristãos, pertencentes a ilustres famílias patrícias. Seus familiares, tanto do lado paterno quanto do materno, ocuparam com grande distinção os mais elevados postos do Estado, e a jovem Melânia podia até ufanar-se de ter sangue imperial nas veias

Aos catorze anos, Melânia, “a Jovem” − como é chamada pelos hagiógrafos para distingui-la da célebre avó homônima − foi dada em casamento a Valério Piniano, rico herdeiro igualmente membro da gens Valéria. Seu pai, Valério Severo, foi Prefeito de Roma em 382, e era primo do pai de Melânia.

Depois da morte de uma filha de um ano e de um filho logo após o nascimento, Melânia e Piniano, de comum acordo, passaram a viver “como irmãos”, isto é, em castidade perfeita, dedicando-se às obras de misericórdia e ao apostolado.

Após a tomada de Roma por Alarico, os invasores bárbaros marcharam para o sul da Itália, devastando o Lácio, a Campânia, e as outras regiões por onde passavam. Avançaram até o ponto extremo da península Itálica, ocupando Reggio, à qual, junto com seus encantadores subúrbios, eles devastaram com o fogo e espada. Nesse tempo Melânia e os seus já tinham ido para a Calábria.

Em 410 embarcaram para a África, onde sua família possuía extensas propriedades rurais numa região mais remota da Numídia, precisamente em Tagaste, a terra natal de Agostinho.

Evidentemente, lá chegando, procuraram logo encontrar o bispo santo, o maior homem de toda a África, e de sua época, ao qual, quase nenhum humano, ou certamente pouquíssimos, se podem comparar de quantos floresceram desde o início do gênero humano.

Em Tagaste, além da tranqüilidade do lugar, Melânia e os seus podiam gozar da amizade do bispo local, que não era outro senão Alípio, o íntimo e fiel amigo de Santo Agostinho.

Melânia e seu esposo Piniano liquidaram então uma das maiores fortunas de seu tempo, e com o produto das vendas socorreram os pobres e a Igreja. 

O exemplo desse santo casal serve para mostrar o quanto o Cristianismo havia conquistado a alta sociedade do Baixo Império, revelando o desprendimento que muitas famílias aristocráticas faziam de suas riquezas em razão de um valor cristão em ascensão: a prática da caridade através da esmola;

Melania e os seus permaneceram na África por sete anos, vivendo ela Melânia entre as virgens consagradas que tinham sido outrora suas escravas, e que de ora em diante eram tratadas como irmãs.

Em 417, os três – Melânia, sua mãe Albina e Piniano empreenderam uma peregrinação à Terra Santa. Em Jerusalém, conheceram São Jerônimo, cuja discípula e colaboradora Santa Paula era prima de Melânia.

Decidiram ficar na Palestina e Melânia viveu doze anos em uma ermida próxima ao Monte das Oliveiras e depois em um mosteiro que ali ergueu. Sua mãe morreu em 431, e o marido Piniano em 432.

Enfim, Melânia passou o Natal de 439 em Belém e morreu em Jerusalém uma semana depois, no dia 31 de dezembro, em que sua festa é celebrada.

Diz o Martirológio Romano neste dia: “Santa Melânia Menor que, com o marido Piniano, abandonou Roma e mudou para Jerusalém, onde ela, entre as mulheres consagradas a Deus, e o marido entre os monges, seguiram a vida monástica. Ambos tiveram uma santa morte”.

Já o Martirológio Romano Monástico diz no mesmo dia: “Santa Melânia a Jovem. Depois de ter vendido seu rico patrimônio, reuniu-se com seu marido aos grandes mestres da vida espiritual da época: primeiro, Rufino de Aquiléia, na Sicília; depois, Santo Agostinho, na África. Estabeleceram-se finalmente em Jerusalém, junto de São Jerônimo, e fundaram um mosteiro no monte das Oliveiras”.

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