Ante a ameaça da parte dos povos bárbaros que pairava sobre Roma a partir do ano 408, muitas famílias ilustres começaram a deixar a Cidade Eterna e buscar refúgio nas províncias. Desse modo, grande número de patrícios dirigiram-se para a África, onde tinham propriedades. Entre estes estavam Melânia, seu esposo Piniano e sua mãe, Albina, não só membros das mais ilustres e ricas famílias romanas, mas das mais fervorosamente cristãs.

Santa Melânia, a nova. Quadro em madeira talhada.

Melânia, nascida em Roma no ano de 383, era filha de um rico senador romano, Publícola, e de sua esposa Albina, ambos cristãos, pertencentes a ilustres famílias patrícias. Seus familiares, tanto do lado paterno quanto do materno, ocuparam com grande distinção os mais elevados postos do Estado, e a jovem Melânia podia até ufanar-se de ter sangue imperial nas suas veias

Aos catorze anos, Melânia, “a Jovem” − como é chamada pelos hagiógrafos para distinguir da célebre avó homônima − foi dada em casamento a Valério Piniano, rico herdeiro igualmente membro da gens Valéria. Seu pai, Valério Severo, foi Prefeito de Roma em 382, e era primo do pai de Melânia.

Depois da morte de uma filha de um ano e de um filho logo após o nascimento, Melânia e Piniano, de comum acordo, passaram a viver “como irmãos”, isto é, em castidade perfeita, dedicando-se às obras de misericórdia e ao apostolado.

Após a tomada de Roma por Alarico, os invasores bárbaros marcharam para o sul da Itália, devastando o Lácio, a Campânia, e as outras regiões por onde passavam. Avançaram até o ponto extremo da península Itálica, ocupando Reggio, à qual, junto com seus encantadores subúrbios, eles devastaram com o fogo e a espada. Nesse tempo Melânia e os seus já tinham ido para a Calábria.

Em 410 embarcaram para a África, onde sua família possuía também extensas propriedades rurais, uma das quais precisamente em Tagaste, a terra natal de Agostinho.

Quiseram logo encontrar o bispo santo, o maior homem de toda a África, e de sua época, ao qual, quase nenhum humano, ou certamente pouquíssimos, se podem comparar de quantos floresceram desde o início do gênero humano.

Mas Melânia preferiu retirar-se para uma mais remota região da Numídia, e estabeleceu-se em Tagaste. Além da tranqüilidade do lugar, ela e os seus podiam gozar da amizade do bispo local, que não era outro senão Alípio, o íntimo e fiel amigo de Santo Agostinho.

Melânia e seu esposo Piniano liquidaram então uma das maiores fortunas de seu tempo, e com o produto das vendas socorreram os pobres e a Igreja.  O caso de Melânia e Piniano serve para ilustrar o quanto o Cristianismo havia conquistado a alta sociedade do Baixo Império, revelando o desprendimento que muitas famílias aristocráticas faziam de suas riquezas em razão de um valor cristão em ascensão: a prática da caridade através da esmola;

Melania permaneceu na África por sete anos, vivendo entre as virgens consagradas que tinham sido outrora suas escravas, e que de ora em diante eram tratadas como irmãs.

Em 417, os três – Melânia, sua mãe Albina e Piniano empreenderam uma peregrinação à Terra Santa. Em Jerusalém, conheceram São Jerônimo, cuja discípula e colaboradora Santa Paula era prima de Melânia.

Decidiram ficar na Palestina e Melânia viveu doze anos em uma ermida próxima ao Monte das Oliveiras e depois em um mosteiro que ali ergueu. Sua mãe morreu em 431 e o marido Piniano em 432.

Melânia passou o Natal de 439 em Belém e morreu em Jerusalém uma semana depois, no dia 31 de dezembro, em que sua festa é celebrada.

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