Na 31ª Bienal de São Paulo, um conjunto de obras blasfemas e anticatólicas revela a perseguição religiosa e o acinte público a Deus
O conjunto de obras expostas na 31ª Bienal de Arte de São Paulo (6 de setembro a 7 de dezembro) constitui um amontoado anticristão de caráter ocultista, sacrílego e persecutório, sem conter nada de arte autêntica. Seu lema é “Como (…) coisas que não existem”. As reticências são propositais, para que cada um pense e inclua seu próprio verbo. Calharia melhor, no entanto, o lema que tomamos como título desta notícia: Como zombar da fé com uma arte inexistente. O efeito normal dessa exposição é destruir nas almas sua ordenação interna, posta por Deus, os parâmetros e princípios da civilização cristã, a noção de bem e de mal, e sobretudo o respeito devido a Nosso Senhor e à Santíssima Virgem.
“Espaço para abortar”
Logo na entrada do prédio da Bienal, o visitante se depara com a “obra” Espaço para abortar, constituída de cabines denominadas “úteros gigantes”. [foto 1] As mulheres visitantes são convidadas a entrar e ouvir depoimentos sobre o aborto gravados por outras mulheres durante uma “procissão-performance”, no primeiro dia da Bienal.
Representantes do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira estiveram no local durante esse evento, e foram hostilizados pelos agentes pró-aborto (assista ao vídeo em www.ipco.org.br). A foto ao lado [ou abaixo] mostra como moças bem jovens são convidadas a entrar nos tais “úteros” e ouvir a propaganda abortista. Diga-se de passagem que no Brasil o aborto provocado é crime.
Errar de Deus
No andar de cima da Bienal, a blasfêmia começa a aparecer. Na exposição Linha do tempo, um travesti vestido como Nossa Senhora das Dores. [foto 2] Um pouco adiante, a exposição Errar de Deus contém um nauseante arsenal de sacrilégios: uma imagem da Virgem Maria envolta por uma serpente prestes a picá-la; [foto 3] uma imagem do Imaculado Coração de Maria pronta para ser triturada por um ralador; [foto 4] a Santa Ceia dentro de uma frigideira; [foto 5]um Crucifixo em que o crucificado é devorado por corvos; [foto 6]uma imagem em que a Virgem e o Menino Jesus são devorados por escorpiões e baratas! [foto 7]
Ao final da visita, as pessoas — a maioria delas estudantes levados por suas escolas — são convidadas pelo guia a assinar uma petição ao Papa Francisco, pedindo a “abolição total do inferno”, com uma linguagem em que o sacrilégio e o sarcasmo anticristão se misturam.[foto abaixo]
Perseguição religiosa de caráter homossexual
Perto daqueles horrores encontra-se outra exposição, supostamente proibida para menores de 18 anos, “com obras que subvertem ícones católicos, como uma Virgem barbada” (“Folha de S. Paulo”, 6-9-14), levando a blasfêmia ao ápice. “O Estado de S. Paulo” (31-8-14) menciona outra peça na mesma sala, contendo “corpos andróginos e relações homoeróticas em frente a imagens religiosas como a Virgem de Guadalupe”. Por respeito aos leitores de Catolicismo, limito-me a citar textos publicados em jornais, embora tenha visto pessoalmente essa imundície.
De acordo com o site oficial da Bienal (ver http://app.31bienal.org.br/pt/single/1110), a obra Casa particular “encena a última ceia de Jesus com seus discípulos em um dos prostíbulos da rua San Camilo, em Santiago [do Chile]. Nessa ação, uma das prostitutas, sentada no centro da mesa, assume o duplo papel de Cristo e de Pinochet, dizendo […], depois de oferecer pão e vinho: este é meu corpo, este é meu sangue”. Outra obra, na mesma sala, apresenta cenas de uma procissão, em que uma imagem de Nossa Senhora é levada em andor por travestis, seguidos de várias duplas homossexuais.
Diversos quadros literalmente pornográficos, postos diante de uma imagem da Santíssima Virgem em tamanho natural, mostram quanto se quis atingir a figura de Nossa Senhora.
Uma exposição no mesmo local convida os alunos a levarem para casa cartões comemorativos da quebra de imagens católicas, [fotos abaixo] destruição de igrejas e conventos pelos comunistas, durante a guerra civil espanhola (1936-1939).
Uma revolução na alma humana
Essa Bienal acena para uma revolução contra Deus, procurando subverter a ordem interna do ser humano, acostumá-lo ao caos e à revolta. Explica o site oficial da Bienal: “As diversas crises políticas, sociais, religiosas, econômicas e ecológicas que vivenciamos […] e a sensação de que carecemos dos meios ou opções para realizar uma mudança verdadeira parecem ter chegado a um estado de virada”.
Para um católico que tenha honra e brio, é notório, isto sim, que o mundo precisa de uma mudança verdadeira e que chegamos a um estado de virada: a família sendo destruída, a fé esmaecendo, os costumes se degradando. Essa virada verdadeira está divinamente bem expressa na Mensagem de Fátima.
Mas não é essa mudança verdadeira, essa virada, que entendem e querem os organizadores da Bienal: “A virada — a nossa virada — não é moderna, orientada para o futuro, progressista. É, ao contrário, desordenada, às vezes enganosa, definitivamente inconstante. Ela parece estar tentando sair dos parâmetros estabelecidos a fim de dar espaço à complexidade e à flexibilidade, sem receio de conflitos e enfrentamentos. Esse estado de virada é nossa condição contemporânea e, por conseguinte, a condição desta 31a Bienal”, declara o site oficial da exposição.
Pelo que se pode constatar em diversas obras da Bienal, essa saída dos “parâmetros estabelecidos” não é outra coisa senão sair dos parâmetros da civilização cristã, do que ainda resta dela no mundo atual, rumo a um mundo relativista, sem moral, sem lei, contra Deus. Para seus organizadores, deve haver na sociedade uma transformação que “pode então ser entendida como uma forma de efetivar mudanças, apontando para novas direções de virada — valendo-se de transgressão, transmutação, transcendência, transgênero e de outras ideias transitórias que agem contra a imposição de uma única e absoluta verdade”.
Em outros termos, apresentar ao público uma série de ideias, impressões e símbolos para subverter a única e absoluta verdade, que só pode ser encontrada na doutrina e nas leis de quem afirmou: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6).
Coletivismo tribal
É digno de nota este outro trecho, que aponta para o velho sonho revolucionário de um mundo sem hierarquia, coletivista e tribal: “A 31ª Bienal quer analisar diversas maneiras de gerar conflito, por isso muitos dos projetos têm em suas bases relações e confrontos não resolvidos: entre grupos diferentes, entre versões contraditórias da mesma história ou entre ideais incompatíveis. As dinâmicas geradas por esses conflitos apontam para a necessidade de pensar e agir coletivamente”.
Apontando para a tarefa imperiosa de restaurar a civilização cristã, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira denunciou ideias equivalentes a essas da Bienal como sendo a meta da Revolução em nossos dias:
“Segundo tal coletivismo, os vários ‘eus’ ou as pessoas individuais — com sua inteligência, sua vontade e sua sensibilidade, e consequentemente seus modos de ser característicos e conflitantes — se fundem e se dissolvem na personalidade coletiva da tribo geradora de um pensar, de um querer, de um estilo de ser densamente comuns.
“Bem entendido, o caminho rumo a este estado de coisas tribal tem de passar pela extinção dos velhos padrões de reflexão, volição e sensibilidade individuais, gradualmente substituídos por modos de pensamento, deliberação e sensibilidade cada vez mais coletivos. É neste campo, portanto, que principalmente a transformação se deve dar.
“De que forma? Nas tribos, a coesão entre os membros é assegurada sobretudo por um comum pensar e sentir, do qual decorrem hábitos comuns e um comum querer. Nelas, a razão individual fica circunscrita a quase nada, isto é, aos primeiros e mais elementares movimentos que seu estado atrofiado lhes consente. ‘Pensamento selvagem’, pensamento que não pensa e se volta apenas para o concreto. Tal é o preço da fusão coletivista tribal” (Revolução e Contra-Revolução, III, Cap III, ponto 2).
Uma babel de ódio a Deus
Uma torre de Babel estilizada, carregada por várias pernas humanas — esse foi o símbolo escolhido para a 31ª Bienal, desenhado pelo artista indiano Prabhakar Pachpute. A torre de Babel sempre foi vista como um símbolo da revolta contra Deus. Sua escolha não deixa de ser sintomática.
Logo na entrada da exposição, um imenso mapa desenhado pelo artista Qiu Zhijie especialmente para a 31ª Bienal, funciona como um curioso prólogo para a caminhada pela exposição adiante. Representa ilhas, vulcões, rios, vales, serras e outros acidentes geográficos, cada um deles pertencente a uma religião, seita, instituição ou grupo ideológico; a família tradicional ao lado de “outras formas de família”; o Cristo Redentor colocado como um “líder carismático”, perto da região do ocultismo e da iniciação esotérica; o “cabo da revolução ininterrupta”, próximo ao templo da ciência, da clonagem e da cibernética. Enfim, uma mistura de tudo, como a dizer que no fim a verdade “única e absoluta” deve dar lugar a um amálgama em que o bem e o mal já não se distinguem. A profecia de Sofonias (profeta do Antigo Testamento) não diz outra coisa: “Naquele tempo, inspecionarei Jerusalém com lanternas, castigarei os homens que, sentados em sua borra, dizem consigo mesmos: O Senhor não faz bem nem mal” (Sofonias 1, 12).
“Os filhos d´Ela se levantaram e a proclamaram Bem-aventurada”
Segundo a doutrina ensinada por Santo Agostinho, ao contrário dos indivíduos, os povos e as nações, vistos como um conjunto, não vão nem para o Céu nem para o Inferno. Portanto, precisam ser premiados ou castigados nesta terra, em função da glória que dêem a Deus, ou das ofensas que pratiquem contra Ele.
Por exemplo, é próprio da justiça divina castigar não só os indivíduos que fazem com o demônio um pacto contra Deus, mas em seu conjunto a nação que o tenha feito. Como os países enquanto tais não irão para o Céu nem para o Inferno, tal castigo deve ser aplicado ainda nesta terra. Assim, da mesma forma que a paz verdadeira e o reto progresso são exemplos do prêmio que Deus concede a um país que o glorifica, as guerras, as epidemias, a fome, a seca podem ser castigos devidos a pecados coletivos.
O que faz com que um pecado seja coletivo? Primeiramente, o fato de ser perpetrado por homens públicos. Em segundo lugar, que tal pecado seja objeto da aprovação ou da indiferença geral. O grau de maldade que apontamos na 31ª Bienal foi exposto com financiamento do governo federal, com a aceitação e o patrocínio de importantes empresas nacionais e em meio à indiferença geral.
Diante disso, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira decidiu dar um brado de alerta a toda população da cidade de São Paulo, para que proteste veementemente contra as blasfêmias e os sacrilégios expostos nesta Bienal. O objetivo é conseguir que esse grave pecado encontre uma reparação em toda a medida do possível, e que a glória de Deus seja desagravada por filhos que buscam ser fiéis. Conforme lema inscrito no brasão dos padres do Imaculado Coração de Maria “Os filhos d´Ela se levantaram e a proclamaram Bem-aventurada”.
A Ação Jovem do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira está percorrendo a cidade de São Paulo, distribuindo um manifesto de alerta à população contra as blasfêmias anticatólicas da Bienal [fac-símile abaixo], vindo recebendo amplo apoio da população. Até o momento em que escrevo, o manifesto já deu origem ao envio de mais de 30 mil mensagens aos diretores das escolas de toda a cidade, e 20 mil ao Cardeal Arcebispo de São Paulo e ao clero paulistano. Aos primeiros, para que não levem seus alunos à Bienal. Aos últimos, para que se valham de sua influência e desaconselhem o comparecimento dos católicos ao evento.
Além disso, os voluntários do Instituto realizaram um ato público de reparação junto ao Monumento das Bandeiras [fotos acima], ao lado do parque onde se encontra a Bienal. Faça também sua parte: Entre no site www.ipco.org.br e envie sua mensagem aos diretores das escolas de São Paulo, pedindo que eles não permitam a perversão moral de seus alunos. Envie também sua mensagem ao Cardeal de São Paulo e ao clero paulistano, pedindo-lhes que atuem com decisão e eficácia contra as blasfêmias expostas na Bienal.