Abraços, lágrimas, euforia: não foi a final da Copa, mas da COP21 em Paris. Os organizadores comemoraram com emoção um “acordo histórico” sobre o clima futuro do planeta, sob a presidência do chanceler socialista francês Laurent Fabius.
Ele apresentou o texto como constituindo “o melhor equilíbrio possível, forte e delicado, que permitirá a cada delegação voltar a casa com conquistas importantes”, informou o jornal “Le Monde” grande torcedor pelo sucesso da COP21.
Lindas palavras, dignas de um bom degustador de champanha, da mais cara e melhor.
Porém o que é que de fato aprovou “por consenso” a COP21?
O noticiário eufórico não dava margem nem para começar a decifrar a charada. Não se encontrava nenhuma informação objetiva sobre os temas fundamentais da colossal reunião.
Foi preciso aguardar que o tema saísse das primeiras páginas dos jornais, que o banzé midiático ambientalista abaixasse, para se saber que a pára-vento de euforia tinha encoberto um grande vazio de metas concretas.
A questão do dinheiro apaixonava a mídia: os “ricos” culpados sem processo do aquecimento global deveriam passar um mínimo de 100 bilhões de dólares por ano a partir de 2020 para os “países pobres”. Esses são apresentados como vítimas do aquecimento provocado planetário pelos proprietários consumistas ocidentais. Sim, pelo seu carro, sua fazenda, sua loja, sua fábrica!
Esses 100 bilhões de dólares seriam só o “piso”. Em reuniões sucessivas – COPs ou não – o número só aumentaria.
E, gracinha, essa dinheirama não iria direto para os “países pobres” pois esses já foram declarados incapazes de administrá-lo ou, pior ainda, réus de querer imitar o desenvolvimento capitalista ocidental.
A catarata de dinheiro iria para um Fundo Climático Verde que o distribuiria entre os grupos e programas de governos que executasse planos “ecologicamente sustentáveis” de desenvolvimento.
Em poucas palavras seria distribuído para a confraria verde radical como as ONGs que infernizam a Amazônia brasileira e para os governos amigos como os lulopetistas, bolivarianos, ou animados por fantasias anarco-tribalistas.
O texto aprovado em Paris – qualificado de acordo com “a” minúscula – “entreabre uma porta” para essa meta e “por consenso” concorda que o mínimo deve ser de 100 bilhões de dólares anuais.
Mas ninguém se compromete a adiantar algo, exceção feita de algumas doações ou promessas de investimentos que também beneficiam ao doador.
Em resumo: teatro jornalístico verde e nada de real.
Foram muitas as promessas de “reforçar a compreensão, a ação e o apoio” sobre esta questão. Mas o acordo com “a” minúscula exclui qualquer devaneio de pagamentos de “compensações” ou despesas pela “responsabilidade” dos danos ambientais que teriam provocado os proprietários consumistas e hedonistas.
Grande decepção para os fanáticos apocalípticos anticapitalistas.
O acordo ainda reconhece que as “contribuições previstas a nível nacional” anunciadas pelos Estados, as promessas de redução das emissões de gases estufa são “positivamente insuficientes” para obter o fantasmagórico objetivo de reduzir o aquecimento global a um máximo de 1,5 °C em relação à era pré-industrial.
Fiasco reconhecido, portanto, também neste cobiçado ponto.
O acordo deveria entrar em vigor em 2020, mas são numerosos os signatários, que com frases enviesadas já deixaram claro que não o cumprirão.
O presidente Vladimir Putin se pôs logo de início na posição “que paguem eles, nós não cortaremos nada”.
Alegou que só cortará algo após ter modernizado a herdada indústria soviética do tamanho de muitos Mamuts, informou a agência romena RFI.
Para entrar em vigor em 2020, o acordo deverá ser ratificado por pelo menos 55 países que produzam pelo menos 55% das emissões de gases estufa. E qualquer país poderá se retirar do acordo quando bem o entender.
A ratificação pode ser dada por certa, considerando que entre os máximos emissores desses gases, poluição e outros, estão países socialistas dispostos a nada cumprir e a judiar em toda a medida possível aos EUA e à Europa capitalista que quadradamente poderiam tentar cumprir.
Os EUA já deixaram categoricamente claro que não ratificarão acordo algum nesse sentido.
As ONGs e os ativistas radicais não escondem sua frustração.
James Hansen, ex-cientista da NASA e um dos máximos arautos do aquecimentismo qualificou o acordo de “uma fraude e uma farsa” falando para o jornal “The Guardian” de Londres, noticiou “El Mundo” de Madri.
Para Hansen o acordo com “a” minúscula de Paris não passa de uma “súmula de palavras e de promessas sem efeitos concretos”.
“Esse acordo é uma escusa forjada pelos políticos para poder dizer: ‘temos uma meta de dois graus e tentaremos melhorá-la cada cinco anos’”.
Hansen acrescentou decepcionado que nem tenha sido mencionado o bicho papão a quem se atribui a maior causa do aquecimento global: as energias fósseis.
Em Paris, Hansen pediu impostos ainda mais pesados por cima dos combustíveis fósseis, do carvão e do gás, como se já não fossem extravagantes demais.
Hansen deplorou que os 196 países signatários não estabeleçam um objetivo claro nem definam um calendário ou sequer um horizonte.
May Boeve, diretora da ONG ativista 350.org chorou que os “ricos” não paguem em “justiça” o mal feito aos pobres, e que a dinheirama sonhada pela confraria verde não chegue a seus cofres mas continuem sendo feitos “projetos verdes, empréstimos ou colaborações” entre governos, escreveu “La Nación”.
Maxime Combes, da ONG Attac-France tripudiou que o acordo envie para as calendas gregas ou, na linguagem do acordo “para uma data ulterior”, o compromisso concreto de reduzir as emissões.
Segundo o militante verde, as promessas e metas nacionais não vinculantes ganharam a partida. Os países que não cumpram suas metas nacionais não serão punidos nem perseguidos, lamentou o ativista radical. Em consequência as metas inatingíveis não serão de fato atingidas, como não poderia deixar de ser.
Tampouco os “países pobres” serão acompanhados e não serão perseguidos se aquecem o planeta com seus planos de desenvolvimento.
O telão desceu, o teatro acabou, estouraram as garrafas de champanhe, os políticos comemoraram, as vítimas ficamos salvas por muito pouco, e os ambientalistas apocalípticos se preparam para novas investidas.
Mas, pelo menos desta vez, a tapeação para impor uma ditadura universal verde não conseguiu enganar a opinião pública que acompanhou com supremo desinteresse os dislates da assembleia ambientalista planetária de Paris.