Os tempos são todos iguais, ou é mais ou menos isso? Tudo é relativo e assim vamos vivendo? Quase nada tem importância?
Cada época tem suas particularidades, caracteres e personalidade, ou é cinzenta — nem branca nem negra —, a cor da confusão e do relativismo de nossos dias?
Sem gosto, sem cor e sem sabor, ou, como dizia Camões, de uma “apagada e vil tristeza”, assim é o cinzento do nosso tempo.
Será tudo assim em todos os lugares? Esta “doce” ilusão será verdadeira? Basta um mínimo de compreensão das coisas para ser agredido pela realidade em sentido contrário.
Vejamos o panorama de hoje na França: após o mar de sangue com 130 mortos na casa de espetáculos Bataclan, em Paris, e o sangue de 84 mortos junto ao mar em Nice, temos agora o degolamento de um sacerdote francês de 86 anos, Padre Jacques Hamel [foto], em plena celebração da Missa. Enquanto o presidente Hollande declarava que “toda a França está sob a ameaça do terrorismo islâmico”, o primeiro-ministro Manuel Valls dizia que os franceses devem se acostumar a conviver com o terrorismo!
O bárbaro degolamento — cujo caráter histórico é mais um “sinal dos tempos” — suscitou viva emoção em todo o país e no exterior. O que ontem estava reservado aos nossos irmãos cristãos perseguidos no Iraque, no Paquistão ou na Nigéria, entrou bruscamente no nosso cotidiano.
Mas não é só na França. O Estado Islâmico (EI) reivindicou a responsabilidade pelo ataque a machado (!) perpetrado por um refugiado afegão no interior de um trem no sul da Alemanha. Uma bandeira do grupo terrorista, desenhada a mão, foi encontrada no alojamento do agressor. Segundo os primeiros dados da investigação, fornecidos pelo ministro do Interior da Baviera, Joachim Herrmann, várias testemunhas disseram que o jovem gritou “Allahu Akbar”; (“Alá é grande”). Houve depois o atentado ao shopping Olympia, de Munique, além de outros atentados individuais, todos com vítimas. É a escalada islamita!
Mas não são somente vidas humanas que estão sendo ceivadas por muçulmanos. É a própria sociedade, e o que nela há de mais elevado, que estão contribuindo para a sua própria destruição. Assim, na católica Irlanda, favorecida pela omissão do Episcopado, uma maioria de quase 2/3 do eleitorado votou recentemente a favor da reforma constitucional que legalizou o “casamento” homossexual precisamente em nome da “igualdade face ao matrimônio” de todos os que se “amam”, sem distinção de sua inclinação sexual. No fim do horizonte emergem perspectivas de caos religioso, moral e social inimagináveis até há pouco.
Por sua vez, a União Europeia começou a se esfacelar com a oportuna saída da Grã-Bretanha, que se sentia, como outros países do bloco, como se estivesse dentro de uma camisa de força. Será um sinal dos tempos? Bem, isto é com o Velho Mundo. Mas, e o Novo? O Brasil, por exemplo.
A imensa maioria das informações colecionadas por agentes de segurança sobre possíveis brasileiros envolvidos na criação do grupo autodenominado Ansar al-Khilafah, que no dia 18 de julho declarou lealdade ao Estado Islâmico, é resultado do trabalho de campo feito no Brasil. Sinais dos tempos da atual escalada islâmica!
Agora entra o pior. A Amoris laetitia, Exortação apostólica do Papa Francisco, abre os braços da Igreja e da sociedade para a demolição programada do casamento e da família. É o que diz o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira em momentoso e profundo documento disponível em seu site. Todo católico espera de Roma palavras de Fé, de esperança sobrenatural, de clareza doutrinária, mas é justamente de lá que vêm palavras favorecedoras do desvio sexual.
Com isso não serão apenas os homo e os transsexuais que poderão se utilizar dessa mudança de paradigma, mas também os promotores da poligamia, que poderão fazê-lo em nome do “pluriamor” (por que uma visão ‘egoísta’ do amor limitado a dois indivíduos?) e do incesto (por que dois consanguíneos também não podem se ‘amar’?).
Se a procriação deixar de ser a primeira finalidade do matrimônio, como se oporão os católicos a qualquer desvio sexual que possa ser institucionalizado num “casamento” espúrio e caricato feito em nome do “amor”? “O casamento não foi inventado para institucionalizar formas particulares de amor”.
A saída para o impasse no qual a Amoris laetitia coloca os católicos em geral e os movimentos pró-família em particular – que defendem o casamento monogâmico e indissolúvel entre um homem e uma mulher – é reiterar publicamente e por todos os meios lícitos a doutrina tradicional e imutável da Igreja nessa matéria, opondo-se aos erros em sentido contrário.
Dizia Nosso Senhor Jesus Cristo à multidão: “Quando vedes levantar-se uma nuvem no poente, logo dizeis: Aí vem chuva. E assim sucede. Quando vedes soprar o vento do sul, dizeis: Haverá calor. E assim acontece. Hipócritas! Sabeis distinguir os aspectos do céu e da terra; como, pois, não sabeis reconhecer o tempo presente?” (Lc 12, 54-56).
Para concluir, lembremo-nos de que já entramos no centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima, quando Ela, após advertir em 1917 para os terríveis castigos que viriam sobre o mundo caso este não se convertesse, também fez esta radiosa promessa: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”.