Você gosta desta inferneira com diversos nomes — stress, inquietação, burburinho, tumulto, agitação, rebuliço, embrulhada, afobação, polvorosa, nervosismo, excitação psíquica, irritabilidade, ansiedade?
Caso sua resposta seja afirmativa, meus pêsames! Mas, neste caso, talvez seja melhor não ler este artigo.
Antes de tudo, cumpre ressaltar que verdadeira calma não é preguiça.
Vejamos o que diz o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a respeito: “A preguiça não é natural, posto que não há animal na natureza que seja preguiçoso. Nem mesmo o bicho preguiça o é. A preguiça tampouco é um sentimento; ela é antes um estado exacerbado de repouso.”
Sê-lo-á então a imobilidade? Também não! Em outra ocasião, ele complementou:
“Essa calma que estou descrevendo é cheia de frescor e de mobilidade.
Com disposição para aceitar a variedade das coisas, e não ficar atarraxada viciosamente num determinado objeto, com exclusão de outros. É uma espécie de flexibilidade de toda a alma, própria das articulações e do ser de um organismo vivo, por onde diante de tudo o que vai acontecendo, vai-se aceitando, modelando, recusando, na alegria e no bem-estar da vida.”
Os ouvidos e as mentes estão deformados de tal maneira pelo espírito moderno que, quando se fala de tranquilidade, tem-se a impressão de um repouso que não comporta nenhum movimento, nenhum som. Que é todo feito de inação e quase de vácuo. Mas é o contrário! Uma imagem da tranquilidade da ordem é uma bela música sacra executada e cantada. Ou mesmo uma música não sacra, mas bonita.
Isto é a tranquilidade da ordem. É a harmonia! Como o sol que chega à Terra, sem pressa, sem fadiga, sem “torcida”.
Resta saber se combatividade e calma são termos contrários. Ledo engano! Diz o provérbio que um mar tranquilo nunca formou um marinheiro habilidoso. O Prof. Roberto de Mattei, em seu livro Plinio Corrêa de Oliveira — Profeta do Reino de Maria, afirma: “Na espiritualidade pliniana, a amabilidade e a cortesia de trato são inseparáveis da atitude de luta contra o mal, pois a vida cristã é uma luta” (p. l98).
De modo admirável dizia a grande Santa Teresa de Ávila:
“Nada te perturbe,
Nada te espante,
Tudo passa,
Só Deus não muda.
A paciência
Tudo alcança,
Quem tem Deus,
Nada lhe falta.
Só Deus basta.”
Lembremo-nos que luta e calma são inseparáveis. E o Prof. Plinio, que fez de sua vida uma luta, era muito conhecido também por sua calma.
Ele dizia que o mundo de hoje é um “nervosário”, ou seja, um celeiro de nervosos. Ora, a placidez supõe um mínimo de entretenimento. A única coisa verdadeiramente entretida na vida é tomar contato com um valor superior, o que dá uma impressão ao mesmo tempo empolgante, atraente e difícil de exprimir.
E para nós, brasileiros, é uma consolação ler na lápide mortuária de São Frei Galvão (no Mosteiro da Luz na capital paulista), o grande santo nascido nestas terras:
“Conservando sempre sua alma entre suas mãos, adormeceu placidamente no Senhor.”
Que diferença com as aparvalhadas e agitadas preguiças, ou preguiçosas agitações de nossos dias!