Este santo era o filho mais velho de Eugênio IV, rei da Escócia, no século VI. Ele, com mais dois irmãos, foi colocado pelo rei sob a tutela de Conan, bispo de Soder. Dócil às instruções de seu tutor, Fiacre demonstrou desde cedo preferir o serviço de Deus aos prazeres e honras do mundo. Por isso, chegando a idade, apesar de ser o herdeiro, resolveu abandonar a Corte do pai para se retirar em alguma solidão, ao abrigo das tormentas do século. Fiacre comunicou seu plano à princesa Sira, sua irmã, que quis segui-lo. Resolveram então sair do país de nascimento onde lhes seria mais difícil levar uma vida de penitência, e embarcaram para a França.

Lá chegando, os dois irmãos se dirigiram a Meaux, cujo bispo era São Farão, que os recebeu generosamente e com muita gentileza, levado pelo fato de terem recebido, ele e os da casa de seu pai, as bênçãos do missionário irlandês, São Columbano. São Farão encaminhou então a princesa para um mosteiro de virgens consagradas, onde ela passou santamente o resto de seus dias.

São Fiacre, no entanto, pediu-lhe um local afastado, na floresta, para se ocupar da contemplação das coisas divinas. São Farão deu-lhe então a um pedaço de terra em Breuil, que depois ficou conhecido com o nome do santo escocês. Lá ele construiu um pequeno mosteiro que consagrou à Virgem. Fiacre levava uma vida angélica, comendo pouco para poder alimentar os inúmeros pobres e peregrinos que começaram a afluir ao seu mosteiro.

Um desses foi seu conterrâneo e parente, Chilain que, voltava de uma peregrinação a Roma. São Fiacre o recomendou então a São Farão, que o ordenou sacerdote. Enviou depois Chilain ao Artois, onde havia restos de idolatria, para pregar o Evangelho e acabar a conversão do povo dessa província. Lá esse santo morreu no exercício de suas funções apostólicas. Suas relíquias foram depois depositadas no relicário de São Fiacre, em Meaux, no qual se confundiram as relíquias dos dois santos.

Como o número de pobres e peregrinos que acorriam ao mosteiro de São Fiacre foram num crescendo, o santo começou a ter dificuldade para alimentá-los. Isso levou-o a recorrer outra vez a São Farão, pedindo-lhe um terreno na floresta, suficientemente grande para ele plantar os legumes necessários para atender a seus visitantes. Para prová-lo, o santo bispo disse-lhe que lhe daria toda a terra que ele conseguisse, lavrando um dia inteiro, desbravar.

São Fiacre pôs mãos à obra depois de ter-se encomendado a Deus. Ocorreu então que ele, à medida que avançava, a terra se abria por si mesma, e as árvores iam caindo liberando a área. E assim o santo pôde dispor de um grande terreno para suas hortaliças. Por esse fato, São Fiacre passou a ser particularmente venerado pelos jardineiros e horticultores da região da Île-de-France.

Seguindo o costume dos monges irlandeses, São Fiacre não permitia às mulheres entrarem em Breuil, nem na capela em que ele foi enterrado. Tendo a rainha Ana d’Áustria, mãe de Luís XIV, feito uma peregrinação àquele lugar santo, contentou-se em rezar do lado de fora, na porta do oratório.

São Fiacre entregou sua alma a Deus no dia 30 de agosto de 670. Seu corpo foi enterrado na capela que ele tinha edificado em honra da Virgem Mãe de Deus.

Em 1620, um religioso escocês que recebeu do Soberano Pontífice a ordem de ir à Inglaterra assistir aos católicos perseguidos pela fé, ao atravessar o Canal da Mancha, seu navio foi assaltado por tão terrível tempestade, ameaçando submergir. Esse religioso rezou então a São Fiacre, pedindo-lhe que socorresse o navio. O santo lhe apareceu dizendo: “Eu sou Fiacre, escocês como tu; tende confiança em Deus, e eu rezarei para que te preserve do naufrágio”. No mesmo instante cessou a tempestade, e o navio chegou a porto seguro.

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