Santa Isabel da Hungria

Parece que Deus deu ao mundo esta gloriosa princesa para fazer ver até aonde pode ir a força da humildade cristã e o amor à cruz, o desapego das coisas da terra, o espírito de pobreza na felicidade de um ilustre nascimento, e o desejo de se despojar para revestir os pobres de Jesus Cristo”, diz o Pe. Giry, em sua biografia da Santa.

Santa Isabel nasceu em Presburgo, hoje Bratislava, no dia 7 de julho de 1207, numa família de santos. Era filha de André II, rei da Hungria, ilustre por sua piedade e justiça, e de Gertrudes, filha do Duque da Caríntia, da família dos Condes Andechs-Meram. Por sua mãe, Isabel era sobrinha de Santa Edviges, duquesa da Silésia e da Polônia. Por seu irmão Bela IV, grande e santo rei que sucedeu seu pai no trono, foi tia de Santa Cunegundes, que conservou a virgindade no casamento com Ladislau, rei da Polônia, e de Santa Margarida da Hungria, que se santificou no claustro. O segundo irmão de Isabel, Colomã, foi rei da Galícia e príncipe da Rússia, e guardou continência perpétua com a bem-aventurada Salomé da Polônia, sua esposa.  Por fim, Santa Isabel da Hungria foi tia-avó de outra grande Santa, sua homônima, rainha de Portugal, e prima segunda de Santa Inês de Praga. É uma glória que é só da Idade Média a de ter tantos santos assim nos mais altos escalões da sociedade.

Em 1211 o landgrave Herman I, duque da Turíngia, príncipe de Hesse e da Saxônia e conde palatino, pediu ao rei da Hungria a pequena Isabel em casamento para seu filho Luís. Em consequência, seguindo os costumes da época, a menina foi enviada à Alemanha aos quatro anos de idade para ser educada com o futuro esposo, que tinha na ocasião 11 anos.

Não obstante o tumulto e a vida puramente secular e mundana da Corte, somada à pompa com que cercavam a pequena princesa, ela cresceu muito religiosa, com evidente inclinação para a prece, e piedosa observância de pequenos atos de auto-mortificação.

Os dois futuros esposos se davam muito bem, apreciando um a virtude do outro. Quando Luís tinha vinte anos e Isabel quase catorze, realizou-se o casamento.

Isabel via nos pobres figuras de Cristo padecente, e socorria-os com maternal afeto. Por amor à brevidade, não narraremos o milagre das rosas, muito conhecido.

No ano de 1227, acudindo à voz do Sumo Pontífice que convocava uma quinta Cruzada para reconquistar o Santo Sepulcro, Luís, como verdadeiro príncipe cristão, alistou-se para acompanhar o imperador Frederico II. Contudo, o valoroso príncipe morreu da peste em Otranto, antes de chegar a Jerusalém.

Começou então para Isabel o que poderíamos chamar de “sua paixão”.  Seu cunhado, que deveria ser o regente por causa da minoridade de seu filho de somente cinco anos, a crermos em quase todas as biografias correntes da santa, deu-lhe ordem de sair do castelo, nada levando, a não ser os filhos. Isabel apenas murmurou: “Levaram-me tudo, mas ainda tenho a Deus”.

De sua união com Luís, Santa Isabel tinha três filhos:  Hermano, nascido em 1222; Sofia, em 1224 e Gertrudes, em 1227, todos ainda muito pequenos, sendo a última de apenas dois meses de idade. Todos eles acompanharam a mãe em sua desgraça.

Isabel e os filhos viveram então da caridade alheia, até que os cavaleiros que tinham acompanhado o Duque da Turíngia à Cruzada voltaram trazendo seu corpo. Corajosamente enfrentaram os Príncipes, irmãos do duque falecido, e exprobaram-lhes a crueldade praticada contra a viúva de seu próprio irmão e contra seus sobrinhos. Os príncipes não resistiram às palavras dos cavaleiros e pediram perdão a Santa Isabel, restaurando-a em seus bens e propriedades. Graças a isso, seu filho Hermano, como tinha direito, foi declarado herdeiro, sob a tutela do tio.

Santa Isabel foi fortemente influenciada pela espiritualidade franciscana, cuja Ordem surgiu naquela época. Por isso, na Sexta-feira Santa de 1228, foi recebida na Ordem Terceira de São Francisco com duas de suas damas.

A santa faleceu na noite de 19 de novembro de 1231, com apenas vinte e quatro anos de idade, sendo canonizada em 1235, tal era a fama de sua santidade.

Mistérios de Deus: infelizmente, no dia 18 de maio de 1539, o landgrave Felipe de Hesse, descendente em linha direta de Santa Isabel, fez celebrar pela primeira vez, na própria igreja onde estavam seus restos mortais, o culto protestante. Depois desapareceu com a urna que continha seus ossos. Entretanto, em 1548, o facínora, tendo sido feito prisioneiro pelo imperador Carlos V, foi obrigado a restituir à igreja de Santa Isabel suas relíquias, parte das quais já se haviam espalhado pela Europa.

Mas não é tudo. Depois do protestantismo a Turíngia, embalsamada pelo aromadas virtudes da Santa, no fim da II Guerra Mundial caiu no comunismo. Finalmente, em 1990, com a reunificação da Alemanha, a Turíngia tornou-se mais uma vez livre, mas grande parte de sua população já se tornara ateia como os dirigentes sem-Deus que a escravizaram durante perto de cinquenta anos.

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