Numa conversa, de improviso, o Prof. Plinio trata de cultura, inteligência, erudição, informação.
Nosso Brasil se reergue dos escombros legados pelos 13 anos petistas e uns tantos do socialismo dito democrático.
O que seria a cultura própria ao brasileiro?
Comecemos por conceituar a inteligência
“A inteligência, como é fácil ver, é a capacidade do homem de penetrar a realidade, de tomar conhecimento da realidade. A inteligência se distingue da cultura, porque a inteligência é uma qualidade nativa. A cultura será uma qualidade nativa? Ao menos enquanto tal, ela não o é. Depois nós veremos alguma coisa, se me lembrarem, da hereditariedade da cultura. Mas enquanto tal a cultura não o é.
Instrução se adquire mediante a inteligência
“Bem, a instrução é o conjunto de conhecimentos que o homem adquire mediante a inteligência. Quer dizer, não é uma pura memória das coisas, evidentemente, mas é uma memória compreendida das coisas. Uma memória em que as coisas estão explicadas e entendidas. Não é, portanto, a memória de um bicho. Nem é a memória de uma criança.
“Agora, a palavra instrução diz mais respeito à memória entendida, explicada das coisas que se adquire por meio do estudo, por meio da reflexão. Quer dizer, por meio de um esforço intelectual que não é inteiramente o comum, que o homem faz a qualquer hora do dia. E é por causa disto que certas informações estão excluídas do conceito de instrução. Por exemplo, conhecer o horário de trem não é instrução. Ou o horário do ônibus. É uma informação, mas é dessas informações correntes. Não é uma informação sobre algo que o homem adquire por uma concentração, por um esforço de pensamento mais notável.
Erudição não é cultura, ela é o ápice da instrução
“A erudição ainda não é propriamente a cultura. Ela é o ápice da instrução, mas ela ainda não é propriamente a cultura. Nós chamamos erudito aquele que tem um notável cabedal de conhecimentos adquiridos com um esforço intelectual notável também. Quer dizer, é o resultado de um esforço árduo. A instrução arduamente adquirida, de alta categoria e copiosa, esta se chama erudição.
O que é a cultura?
“O que é que vem a ser a cultura? A cultura está para o homem como a agricultura está para a terra. Nós poderíamos, se quiséssemos fazer uma espécie de paralelismo implicante, falar numa “antropocultura”, e numa agricultura ou numa avicultura.
“Quer dizer, é o cultivo do homem. O que é que é então a cultura? É o aprimoramento que a alma humana recebe pelo fato não só de ela ter uma grande instrução, mas de ela degustar a sua instrução como deve. De maneira que ela se enobrece, ela se eleva com sua própria instrução.
Os guias de Museus são instruídos; cultura é outra coisa
“Eu dou aos senhores um exemplo. Na Europa isso chama muito a atenção porque ainda existem excelentes museus, e há excelentes guias de museus. Nos guias de museus a gente tem uma amostra esplêndida do que é instrução e do que é cultura. Em relação aos objetos de um museu, há guias de museus notavelmente instruídos. Eles chegam e papagueiam aquelas coisas todas, mas como verdadeiros papagaios. Eles sabem tudo.
“Eles se colocam diante de um quadro e dirão: aquele lá é um Grecco, aquele lá foi pintado em tal época, é notável por causa de tal tonalidade, ali no fundo está tal personagem, olhem um tal jogo de luz, babá-babá-babá. Instruído ele é. Mas ele não tem um pingo de cultura. Quer dizer, a sua personalidade não assimilou nada daquilo. Quer dizer, ele não teve uma admiração, ele não teve uma penetração e um embebimento daquilo, mas ele é puramente um homem instruído naquilo.
Muitas vezes o erudito não é um homem culto
“Homem erudito muitas vezes não é um homem culto. É um indivíduo que adquiriu uma grande soma de conhecimentos com um esforço árduo, mas ele não inalou aquilo, aquilo não se entranhou nele. Ele não admirou, ele não amou e ele não se modelou de acordo com aquilo. O resultado é que a pessoa dele teve um aprimoramento apenas de superfície, por puro aprimoramento intelectivo, mas ele, no seu interior, não é um homem culto.
Tudo que o homem admira de algo modo penetra nele
“Então, o que vem a ser a cultura? Eu insisto. A cultura é o seguinte: o conceito de cultura resulta do princípio de que tudo quanto o homem admira, de algum modo entra nele, penetra nele e se incorpora a ele.
“Tudo aquilo que ele ama, de outro modo que não a admiração, penetra nele e se incorpora nele. Aquilo que ele rejeita, de um modo negativo, faz crescer nele o contrário do que ele rejeitou. Se, por exemplo, eu entro num quarto imundo e tenho a rejeição proporcionada pela sujeira, o meu senso de limpeza aumentou. E o contato com a sujeira aumentou a minha limpeza.
Se eu passo (…), e percebo uma cena imoral e tenho uma repulsa àquela cena imoral, a minha pureza aumentou. Quer dizer, a visão do mal, a visão do erro, a visão do que não deve ser vista, feita, operada como rejeição aumenta em mim o contrário daquilo que eu vi.
“Então nós chegamos à conclusão de que a cultura é o aprimoramento do homem considerado como um todo e que ela é resultado da instrução, ela é fruto da instrução, mas ela não se identifica com a instrução, porque o indivíduo pode ser muito instruído, e nem um pouco culto”.
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A cultura própria ao brasileiro é o aprimoramento humano (corpo e alma), considerado como um todo, rejeitando nossas más tendências e dando curso a nossas qualidades. Por exemplo, rejeitando o Petismo o brasileiro cresceu em identidade.
Mas isso já é assunto mais transcendental que o Prof. Plinio desenvolve no conceito de Luz Primordial (lado positivo) e defeito capital (lado negativo).
Leia a íntegra, ouça o mp3 em https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Mult_710815_cultura.htm#.XcyWYldKguU