Conformando-nos com a disposição da Providência, vinculada ao retrospecto em cada final de ano, devemos entregar-nos, sob o olhar de Maria, à tarefa de medir, pesar e prognosticar
É uma praxe fazer-se um retrospecto no início de cada novo ano, e seria inútil tentar fugir a ela, por mais rotineira que pareça. Ela nasce da própria ordem natural das coisas, pois Deus criou o tempo e o quis para os homens dividido em anos. Esta duração anual, unidade sempre igual a si mesma, é admiravelmente proporcionada à extensão da existência humana e ao ritmo dos acontecimentos terrenos.
Quis a Providência que a inexorável cadência dos anos proporcionasse aos homens, nos dias que servem de ponte entre o ano velho e o ano novo, a ocasião para um exame atento de tudo quanto neles e em torno deles se foi mudando, para uma análise serena e objetiva dessas mudanças, para uma crítica dos métodos e rumos velhos, para a fixação de métodos e rumos novos, para uma reafirmação dos métodos e dos rumos que não podem nem devem mudar.
Cada fim de ano se parece, de algum modo, com um Juízo em que tudo deve ser medido, contado e pesado, para a rejeição do que foi mau, a confirmação do que foi bom, e o ingresso em uma etapa nova.
Conformando-nos com esta disposição da Providência, escrita na própria ordem natural das coisas, entreguemo-nos ainda uma vez, sob o olhar de Maria, a esta tarefa de medir, pesar e prognosticar. Prognosticar, sim. Pois habitualmente Deus não revela a ninguém o futuro, e a mente humana não recebe o dom de fazer por si mesma prognósticos infalíveis. Quis entretanto que o intelecto do homem tivesse o lume suficiente para estabelecer conjecturas prováveis, que podem servir de elemento precioso para a direção das atividades humanas. (Catolicismo, nº 97, Janeiro/1959).
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NdR: No artigo de capa da edição deste mês da Revista Catolicismo o retrospecto de 2019 é apresentado pelo nosso colaborador Luis Dufaur. (Para fazer uma assinatura desta publicação, envie um e-mail para catolicismo@terra.com.br ).