A data do nascimento desse mártir é desconhecida. Ele faleceu no dia 12 de setembro de 413. Alto oficial (tribunus et notarius) na corte do imperador Honório, ele possuía a total confiança do seu imperial senhor por causa de seu bom senso e conduta irrepreensível.

Em 411 Honório o enviou à África como juiz plenipotenciário para presidir e dar sentença na grande conferência entre os representantes dos católicos e dos hereges donatistas.

O donatismo era um movimento rigorista, que afirmava depender a eficácia dos Sacramentos da dignidade do ministro, o que a Igreja condena.

A conferência começou no dia 1º. de junho de 411, e durou vários dias. Marcelino, que tinha a direção das negociações, com grande paciência e inteira imparcialidade decidiu em favor dos católicos, o que revoltou os hereges.

É preciso dizer que o grande interesse que Marcelino mostrou nas questões teológicas e religiosas, redundara numa íntima amizade com o grande bispo de Hipona, Santo Agostinho, que escreveu-lhe muitas cartas, e dedicou-lhe vários livros. São Jerônimo também escreveu-lhe uma carta.

Marcelino era homem muito culto. Foi para responder a perguntas feitas por ele que Santo Agostinho escreveu “Sobre a remissão dos pecados” e “O Espírito e a letra”. Também escreveu para o santo mártir os tratados “Sobre a Trindade”, que Marcelino não chegaria a ler. O santo bispo de Hipona também dava-lhe a ler os capítulos da Cidade de Deus à medida em que os ia compondo.

Ocorreu então que, quando os decretos imperiais foram publicados contra os hereges, Marcelino e seu irmão Apringio foram denunciados pelos donatistas ao Imperador como cúmplices do usurpador Heracliano.

É preciso dizer que a fraqueza e timidez do imperador Honório, pioradas pelas circunstâncias históricas dos ataques de vândalos e visigodos, tornaram seu governo um dos piores dos anais romanos. Suas intervenções face aos eventos eram invariavelmente negativas, contribuindo para o enfraquecimento e o declínio final do Império. Por isso não é de espantar que tenha acreditado na calúnia dos donatistas, e condenado os dois irmãos, sempre corretos em seu serviço, à morte.

Santo Agostinho e vários bispos da África intercederam por eles, mas de nada adiantou.

São Flávio Marcelino foi decapitado no dia 12 de setembro de 413 por ordem de Marino.

Apenas um ano depois da execução da pena é que o erro da justiça romana foi reconhecido pelo próprio imperador Honório. Mas já era tarde. Entretanto, a acusação foi anulada, e a Igreja passou a reverenciar Marcelino como mártir.

É assim que ele é considerado pelo Martirológio Romano, que diz neste dia: “Em Cartago, São Marcelino, morto pelos hereges na defesa da fé católica”. Sua festa litúrgica foi marcada para o dia 6 de abril, data de sua errônea execução.

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