Vamos ao passo-a-passo do método utilizado pelo Prof. Plinio ensinando — a um auditório composto majoritariamente por jovens — como fazer a análise de um castelo na Espanha. O método serve para uma foto, um monumento, uma igreja, uma obra de arte etc.
“Primeiro olhando e tendo a primeira impressão.
“Segundo procurando ver qual é a sensação que causou em nós a fotografia, em cada um de nós a fotografia, e ver qual é o fundamento que essa sensação tem na própria foto.
A descrição da foto
“Então, eu vou descrever como eu imagino essa fotografia e a grandeza que ela tem. Em primeiro lugar, é preciso fazer uma distinção entre dois campos visuais admiravelmente harmônicos, mas perfeitamente distintos. Um é o castelo propriamente dito, com a montanha que lhe serve de base; e o outro é o conjunto de nuvens extraordinárias que dão uma espécie de moldura para o castelo e que completam a beleza do castelo.
Altaneria, dignidade, majestade extraordinária
“O castelo mais as nuvens fazem centralizar toda a vista na torre. A torre dá impressão de uma altaneira, uma dignidade, uma majestade extraordinária. A gente tem a impressão de que ela enfrenta do alto desse monte, um inimigo que vem ao longe. Mas que ela o enfrenta com galhardia, olhando como quem ameaça e como quem diz: Chega que eu te esmago, não te temo.
“E não dá impressão que seja fanfarronada da torre, porque a fotografia é tirada com tanto jeito que a pessoa percebe aí atrás outras muralhas do castelo que mostram como o castelo é profundo e, portanto, quanta fortificação têm, quanta tropa têm, e quantos elementos têm a torre para resistir. Quer dizer, esse atrevimento da torre, esse fidalgo atrevimento da torre, tem a sua razão de ser. O castelo é poderoso e a torre não teme nada.
“Se nós nos colocarmos na posição de um comandante do castelo, que está colocado no alto da torre, e que vê vir de longe o inimigo, que tem por assim dizer, personifica em si tudo quanto a torre tem de heroico, os senhores notam, entretanto, que esse comandante do castelo da torre como que desafia dois adversários. Um, é o adversário que vem de longe, que vem caminhando na terra, que vem no tropel de cavalaria, cavaleiros armados com espadas, com lanças, tocando olifantes e ameaçando chegar e escalar essa muralha que se confunde quase com a torre; e de outro lado, esse que está no alto tem outro adversário, são as nuvens do céu.
“Prestem atenção nas nuvens, elas se acumulam densas, majestosas, grossas, um pouco luminosas do lado de cá e do lado de lá escuras, carregadas, quer dizer, cheias de possibilidades de glória expressa na parte luminosa, mas (carregada) de ameaças de lutas expressa na parte sombria do fundo. Dir-se-ia que essas nuvens simbolizam o tremendo da batalha que deve dar-se. E seriam como que uma voz da história dizendo ao comandante do castelo, ao senhor feudal do castelo: “As ameaças da vida pairam sobre ti, chegou a tua hora de lutar. Sê herói ou serás esmagado”.
O Castelo domina o rochedo que está embaixo
“Voltem os seus olhos agora novamente para o castelo e os senhores notarão uma coisa curiosa. É que o castelo, a gente tem a impressão que domina a rocha que está embaixo, é uma garra que domina a rocha que está embaixo. Os Srs. notam que o castelo está em cima de um monte e que o castelo domina a rocha, mas de tal maneira que os Srs. notam nesse muro da frente, a rocha, a gente tem impressão que escalou a muralha do castelo, e subiu quase até em cima e que o castelo está em luta com ela e lhe diz desdenhosamente, como quem estende o braço: “Tu não me alcançastes”.
“Tecnicamente falando, para as condições de guerra do tempo, da guerra de arma branca, não da arma de fogo que usam hoje, mas esse castelo teve o seu significado militar antes das armas de fogo, é do tempo da arma branca. Tecnicamente falando, havia um inconveniente em que essas rochas subissem tão alto, porque davam ao adversário a esperança de subir, escarpar as rochas e saltar na muralha do castelo.”
Qual é a missão de um castelo desse?
“Lembrar à alma comodista do homem contemporâneo, alguma coisa que o deve envergonhar. É que ele perdeu o senso do sacrifício, ele perdeu o gosto da luta, ele não sabe mais o que é ser herói. Para as populações acovardadas de hoje em dia o castelo é uma lição de moral, que fica proclamando a grandeza de alma dos espanhóis da Reconquista, que por amor a Nosso Senhor Jesus Cristo, à Nossa Senhora e à Santa Igreja Católica, foram povoando a Espanha de castelos à medida que iam reconquistando a Espanha, para que os mouros não pensassem jamais em voltar, porque se eles quisessem voltar, encontrariam essa rede de castelos para fazer oposição a eles”.
Texto integral e áudio disponível em: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Mult_840505_castelos_espanhois.htm
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- A esse processo de análise, evidentemente lógico e pulcro, o Prof. Plinio chamava de Exercício de Transcendência. Uma nobre tarefa para nos diferenciarmos desse mundo revolucionário nas artes, nos costumes, nas instituições.
Muito Bom. Parab’ens!