A capital da República Tcheca é uma jóia arquitetônica, em que florescem admiráveis estilos característicos da civilização cristã
Existe uma arquitetura religiosa e uma arquitetura profana. Ao fazer tal afirmação, não estou querendo imitar o Conselheiro Acácio, mas apenas colocar o fundamento de algumas considerações que importa aqui desenvolver, a propósito das belezas feéricas da cidade de Praga, capital da atual República Tcheca.
A arquitetura religiosa foi esplendidamente desenvolvida na Europa da Idade Média, a partir do românico, desabrochando depois nessa maravilha inigualável da civilização cristã que são as catedrais góticas. Posteriormente o barroco, também ele digno, produziu monumentos religiosos de grande beleza artística, próprios a servir de moldura para a elevação do culto e a piedade dos fiéis nas igrejas e nas capelas, nos mosteiros e nos conventos.
Está fora do nosso panorama a chamada “arte moderna”, na verdade uma degenerescência da arte.
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E a arquitetura profana? Por definição, é aquela não especificamente religiosa. É a arquitetura dos castelos e dos palácios dos nobres, das mansões dos burgueses, das casas modestas mas dignas do povo em geral.
Aqui tocamos no ponto capital destas considerações. A arquitetura profana, embora não sendo especificamente religiosa, não deve ser a-religiosa, e menos ainda anti-religiosa.
Vamos por partes.
É claro que uma casa de família não deve assemelhar-se a uma igreja nem a um convento. Mas, como o homem é chamado a dar glória a Deus onde quer que esteja e em qualquer circunstância de sua vida, a casa que ele constrói para viver com os seus não deve visar apenas abrigá-lo das intempéries e proporcionar-lhe um justo bem estar, mas deve também ajudá-lo a elevar a alma até Deus. Como se obtém isso? Pela proporção e beleza do prédio, pelo bom gosto das cores, pela elevação das linhas arquitetônicas, pelos mil imponderáveis enfim que um edifício comunica a quem o contempla.
Nesse sentido, um castelo, um palácio, uma mansão, mesmo a simples residência de um camponês ou de um operário, cada qual no seu nível próprio, deve ajudar o espírito humano a elevar-se por meio da admiração e da contemplação. Dado que o homem é um ser composto de espírito e matéria, a casa não deve ter em vista apenas o corpo, mas deve satisfazer também os nobres anseios da alma.
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Estas eram algumas das considerações que fazíamos, um amigo e eu, numa tarde em que voltávamos de Praga, enquanto lamentávamos não poder permanecer por mais tempo na cidade.
A arquitetura de Praga, felizmente restaurada após os anos de pesadelo comunista, é um convite permanente à admiração e à contemplação. Não estou falando, evidentemente, dos prédios modernos nem da influência protestante a que a cidade foi submetida, muito menos de certas tendências ao ocultismo que encontraram ponderável guarida naquelas regiões.
O que nasceu da civilização católica, isto sim, é uma maravilha! Edifícios de grande beleza, de estilos muito diferentes (românicos, góticos, renascentistas, barrocos), todos misturados, sem ordem definida, formam um conjunto arquitetural verdadeiramente feérico, distribuído por ruelas e pequenas praças que mantêm toda a organicidade de um traçado medieval.
A portentosa catedral gótica, onde se encontra o túmulo do imperador Carlos IV do Sacro Império, que em Praga estabeleceu sua capital; o enorme castelo, visível de toda a cidade; as “cem cúpulas” das igrejas; numa área diversa da arquitetura, as vitrines com encantadores cristais brancos e coloridos da Boêmia; as numerosas e antigas pontes sobre o sinuoso rio Vltava, especialmente a artística ponte Carlos, do século XIV; tudo isso atrai, encanta, eleva.
E pairando sobre a cidade, as bênçãos do Menino Jesus de Praga, que se venera na igreja dos carmelitas descalços, junto a um altar onde reina Nossa Senhora Aparecida.
Muito bom!!!
Yo tambien estuve en Praga y puedo confirmar las bellezas de que habla este articulo. Me gustó mucho que el articulista relacione aquellas bellezas con la civilización cristiana. Cosa que pocos hacen.