O Espírito Santo, que vivifica a Igreja com seus dons e seus carismas, vivifica também os povos e as nações, de modo a fazer com que desabrochem suas qualidades e características inconfundíveis
Assim como “um é o brilho do sol, outro a brilho da lua e outro o brilho das estrelas; e ainda uma estrela difere da outra no brilho” (1Cor, 15, 41), assim também as nações e os povos, impulsionados por aquele “espírito suave e pacífico” de que nos fala São Pedro em sua primeira epístola (3,4), foram produzindo diferentes frutos de harmonia e santidade.
Viajando pelo interior da França, é impossível não sentir aquela doçura, aquela ordem, aquele equilíbrio que se evola dos campos e das aldeias como um perfume retido da Idade Média, que os frenesis modernos não conseguiram estancar.
Diferente é o que se percebe na Itália, onde a cada esquina ou a cada curva da estrada nos aguarda um inesperado, sempre genial. Por detrás do pórtico simples de uma igreja abre-se um templo deslumbrante, esplendoroso de arte, carregado de relíquias, freqüentado por um povo esfuziante de inteligência e ardor.
Austera e sublime é a Espanha. Terra da grandeza e da coragem, das touradas e do desprezo pela morte, sabe ser alegre na seriedade, cavalheiresca até na dor.
O que dizer de Portugal, calmo e sadiamente popular, jeitoso no trato, empreendedor na ação, tão afim com o nosso Brasil?
A vocação imperial da Áustria manifesta-se em seus monumentos, em seus edifícios, em sua magnífica história, que parece impregnar até o ar que se respira em Viena.
A Alemanha, tão ciosa da ordem, com seu pendor para a música e para o canto, com seu espírito lógico e sua propensão para a filosofia.
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Seria um erro achar que essa é uma visão sentimental e saudosista dos povos. Ela é real e pode facilmente ser percebida por quem não se detém na análise superficial das coisas, quase como um burro diante de um palácio. Tais valores permanecem à maneira de brasas, ou ao menos de cinzas ainda quentes, de um fogo que ardeu intensamente no passado.
A partir de certo momento histórico, porém, um novo espírito revolucionário começou a soprar no mundo, como saído de uma anti-Igreja. Estéril, massificante e igualitário, ele faz com que as características regionais ou nacionais de cada povo cedam ante um mesmo modelo pré-concebido, um mesmo estilo, uma mesma opressão, seja em Nova York, São Paulo, Paris ou Tóquio. O cimento acachapante dos edifícios, o cinza uniforme do colorido, o degradado e deprimente das vestimentas são sempre os mesmos por toda parte, não têm originalidade.
A pretexto de igualdade, o espírito moderno veste os povos com uma camisa de força e tira a cada qual sua legítima espontaneidade. A pretexto de liberdade, faz saltar como uma mola, das cavernas profundas da alma humana vulnerada pelo pecado original, os instintos desregrados e os vícios de toda ordem que ali dormiam. A pretexto de fraternidade, suprime a caridade, jogando os pobres contra os ricos e fazendo as raças se digladiarem entre si.
O antigo espírito, o da Igreja, é construtivo, enquanto o novo é demolidor; o antigo é vivificante, o novo é letal; o antigo é protetor de tudo quanto é bom, belo e verdadeiro, por isso é hierárquico, harmoniza as desigualdades legítimas e proporcionais, é casto, é santo, constitui uma escada de ouro para que os homens subam até Deus. O novo é igualitário, massificante, impuro até o grau da lascívia, é uma rampa lamacenta que arrasta para o Inferno.
É por isso que, com o coração transbordante de confiança na intercessão de Nossa Senhora, pedimos: Emitte Spiritum tuum et creabuntur, et renovabis faciem Terrae –– Enviai, ó Deus, o vosso Espírito, e tudo será criado, e renovareis a face da Terra.
Ao Sr. Gregorio Vivanco Lopes:
Então os maus tratos aos animais, como ocorre nas touradas madrilenhas é coisa digna de elogios?
É a Igreja Católica fundada por Jesus Cristo de cujo sangue soube fazer a aplicação mais adequada, pese as misérias dos homens que a fazem parte dela.