João Maria Mastai Ferretti, o futuro Pio IX, nasceu no dia 13 de maio de 1792 em Senigaglia, na Itália. De família da nobreza local, estudou no Colégio Piarista em Volterra. Como sofria de epilepsia, não pôde seguir a carreira militar. Foi então para Roma em 1809 para estudar teologia, mas teve que abandonar os estudos em 1812, por problemas de saúde. O que é curioso, pois ele viveu longamente, sendo seu pontificado o mais longo da História depois do de São Pedro. Assim são os caminhos da Providência.

Mastai Ferreti fez parte da Guarda Nobre Pontifícia, mas também, por motivos de saúde, teve que deixá-la. Foi então que ele teve, em 1815, um encontro providencial com São Vicente Pallotti, que lhe profetizou o pontificado. A partir daí a Virgem de Loreto o curou gradual e definitivamente.

O beato voltou aos seus estudos teológicos, sendo ordenado sacerdote em 1819. Em 1823 acompanhou o Núncio Apostólico ao Chile, onde ficou durante dois anos. Ao seu retorno em 1825, foi nomeado cônego de Santa Maria in Via Lata, e diretor do grande hospital de São Miguel. Finalmente, em 1827, Leão XII o designou Arcebispo de Espoleto.

Aconteceu então que, em 1831, um bando de revolucionários italianos que queriam sua independência da Áustria, combateram o exército imperial e foram derrotados. O Arcebispo os convenceu então a depor as armas e a se dispersarem, dando-lhes dinheiro suficiente para voltar às suas casas. Obteve também para eles o perdão do comandante austríaco.

No ano seguinte Mastai Ferreti foi transferido para a sé de Imola e, em 14 de dezembro de 1840, criado cardeal, embora o tivesse sido já em 1839,“in petto”. Ele, entretanto, conservou a sé de Imola até ser Papa.

Em junho de 1846, com a morte de Gregório XVI, ele foi eleito Papa como candidato dos cardeais liberais, que desejavam reformas políticas moderadas.

O novo Papa aceitou relutantemente a tiara, e tomou o nome de Pio em memória de Pio VII, seu benfeitor. Por sua caridade para com os pobres, bondade de coração e perspicácia, foi aceito com alegria pelo povo.

Em sua primeira encíclica, Qui Pluribus, de 9 de novembro de 1846, Pio IX lamenta a opressão dos interesses católicos, as intrigas contra a Santa Sé, as maquinações das sociedades secretas, sectarismos, as associações bíblicas, o indiferentismo, as falsas filosofias, o comunismo, e a licenciosidade da imprensa.

Durante a revolução de 1848, estando a cidade em poder dos revolucionários, o palácio papal do Quirinal foi cercado. Com a assistência do embaixador da Baviera, o Papa conseguiu fugir disfarçado, indo para Gaeta, onde outros cardeais se juntaram a ele. Em Roma os revolucionários queriam proclamar a república. O Papa apelou para a França, Áustria, Espanha e Nápoles. No dia 29 de junho as tropas francesas comandadas por Oudinot, restaurou a ordem, e no dia 12 de abril de 1850 Pio IX voltou a Roma. Foi então que abandonou daí para a frente sua política liberal, tornando-se um contra-revolucionário de trús.

Durante o Risorgimento, com a queda de Roma em 20 de setembro de 1870 e o fim do poder temporal da Santa Sé, Pio IX encerrou-se no Vaticano, passando a se considerar como prisioneiro.

O pontificado de Pio IX foi cheio de grandes realizações, como o restabelecimento da hierarquia católica na Inglaterra, Holanda e Escócia; a condenação das doutrinas galicanas; o envio de missionários ao Polo Norte, Índia, Birmânia, China e Japão; a criação de um Dicastério para as questões relativas aos orientais.

Em sua estrênua luta contra o liberalismo, sua encíclica Quanta Cura, de 8 de dezembro de 1864, condenava 16 proposições relativas aos erros da época. Era acompanhada do famoso “Syllabus errorum”, lista de 80 proposições previamente censuradas sobre o panteísmo, naturalismo, racionalismo, indiferentismo, socialismo, comunismo, e maçonaria.

Grande devoto da Santíssima Virgem, Pio IX promulgou o dogma da Imaculada Conceição em 8 de dezembro de 1854. Ele também incentivou a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

Em 29 de junho de 1869 pela bula AeterniPatris, o Pontífice convocou o Concílio do Vaticano. Durante sua quarta seção, em 18 de julho de 1870, foi proclamado o dogma da Infalibilidade Pontifícia.

Pio IX faleceu no dia 7 de fevereiro de 1878, e foi sucedido por Leão XIII. Seu túmulo está na igreja de San Lorenzo Fuori le Mura. Ele foi beatificado em setembro de 2000.

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