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Numa conferência para sócios e cooperadores da TFP, em 9 de outubro de 1971, Plinio Corrêa de Oliveira tratou de vários aspectos da fisionomia moral de nosso Divino Redentor. Para este Domingo de Ramos, selecionamos o seguinte trecho sobre a entrada de Jesus em Jerusalém — primeiro dia da Semana Santa.
Quando analisamos a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, notamos que as circunstâncias dessa vida Lhe permitiriam exercer de modo supereminente todas as profissões lícitas que um homem pudesse exercer. Não há atividade lícita alguma que Ele não pudesse ter exercido.
Jesus Cristo, por exemplo, como Rei, a mais alta atividade na ordem temporal. Ele, de fato, era Príncipe da Casa de Davi. Tinha, portanto, toda a nobreza, toda a superioridade, toda a grandeza do principado. Em sua entrada em Jerusalém no Domingos de Ramos [quadro acima], Ele foi aclamado verdadeiramente como Rei de Jerusalém. O povo bradava dando vivas: “Hosana ao filho de Davi!”.Descendente, portanto, dos antigos reis.
Se bem Ele tenha entrado em Jerusalém montado num burrico, que era a manifestação da sua mansidão, sua majestade não perdeu nada com isto. Pelo contrário, o Evangelho narra que o povo O aclamava com entusiasmo, numa verdadeira consagração. O povo sentia a grandeza régia d’Ele.
Nosso Senhor foi o sacerdote por excelência. Todo o sacerdócio que existiu na Antiga Lei era uma prefigura do sacerdócio d’Ele. De outro lado, todo o sacerdócio que o sucedeu é uma participação do sacerdócio d’Ele. O pontífice por excelência. Aquele que foi pontífice e vítima ao mesmo tempo — porque Ele foi vítima, oferecendo-se a Si próprio em sacrifício — foi o instituidor da Santa Missa. E, portanto, o celebrante e vítima ao mesmo tempo, o que posteriormente foi consumado no altar da Cruz.
Deveríamos imaginar um rei com todas as qualidades arquetípicas de rei, o mais majestoso e o mais nobre dos reis que existissem. Ainda assim teríamos pálida ideia da majestade de Jesus Cristo. Deveríamos imaginar um sacerdote, um pontífice, um Papa o mais plenamente papal que pudéssemos conceber. Mesmo assim teríamos pálida ideia de quem foi Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ele foi verdadeiramente batalhador e guerreiro. Sua vida foi de luta. Não só lutou contra os demônios, expulsando-os continuamente, mas combateu também contra o poder das trevas nesta Terra, enfrentando de modo magnífico a conjuração secreta que se tramava contra Ele. Inclusive no momento em que O buscavam para prender, os soldados queriam saber quem era Jesus de Nazaré e Ele respondeu: “Ego sum”(Sou eu). Nesse momento, todos os soldados caíram por terra.
É a afirmação magnífica do guerreiro, que, simplesmente ao enunciar seu nome, derruba todos os adversários. Ele depois se entregou, declarando que se entregava porque assim o desejava. Pois se Ele quisesse, teria muitas legiões de anjos à sua disposição. Elas desceriam imediatamente e liquidariam seus adversários. Para se compor o feitio moral de Nosso Senhor, imagine-se o mais perfeito dos guerreiros de todos os tempos e ter-se-á, assim, uma pálida ideia daquilo que Ele foi.