Retábulo de Ouro, Idade Média, primavera de Fé

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Os inimigos da Igreja e da Civilização Cristã mentem ao denegrir a Cristandade Medieval. Idade Média, para esses adoradores do paganismo renascentista, siginifica atraso, trevas, noite de mil anos …

Escreveu o Santo Padre Leão XIII: “Tempo houve em que a filosofia do Evangelho governava os Estados …”, essa é a Idade Média. (1)

Hoje, festa de São Marcos, reproduzimos comentário do Prof. Plinio sobre essa joia da Cristandade, o Retábulo de Ouro, que se encontra na Basílica de São Marcos, em Veneza.

Localizada atrás do altar-mor da célebre Basílica de São Marcos, em Veneza, encontra-se a famosa obra-prima da ourivesaria medieval que recebeu a denominação Palla d’oro (Retábulo de Ouro).

Sua primitiva douração data do ano 978. Ela foi depois enriquecida com mais ouro e esmaltes provenientes das presas trazidas para Veneza, por ocasião da IV Cruzada, de 1202 a 1204. Essa obra compõe-se de mais de 80 esmaltes, em meio a numerosas pedras preciosas, aplicados sobre uma placa de ouro que mede 3,48 metros de extensão por 1,40 de altura.

Cada um dos esmaltes que ela contém é uma verdadeira maravilha.

Vê-se um esmalte representando a majestade de Nosso Senhor Jesus Cristo, apresentado com as características de um Imperador bizantino, rodeado dos quatro Evangelistas. Em cima, à esquerda, São Marcos, e à direita São João; embaixo, à esquerda, São Mateus, e à direita, São Lucas.

Diz o livro do Gênesis: “E Deus viu todas as coisas que tinha feito, e eram muito boas.” (Gen I,31)

Analogamente, no primeiro golpe de olhar que incide sobre o Retábulo de Ouro, nota-se uma beleza que em francês se diria “bariolée”, isto é, constituída pela mistura indefinida de muitas cores, formas e figuras, e da qual resulta um “bariolage” extremamente deleitável à vista. Mas também muito conveniente à piedade, porque os olhos sentem atração para se deterem sobre temas santíssimos, cristianíssimos. E isso contribui singularmente para a formação, em primeiro lugar religiosa e em segundo lugar artística, do povo de Deus.

Todos esses elementos concorrem para que o Retábulo de Ouro seja considerado um verdadeiro tesouro. 

(*) Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio para sócios e cooperadores da TFP em 7 de dezembro de 1988. Sem revisão do autor.

(1)

Na Encíclica Immortale Dei, Leão XIII descreveu nestes termos a Cristandade medieval:
“Tempo houve em que a filosofia do Evangelho governava os Estados. Nessa época, a influência da
sabedoria cristã e a sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos,
todas as categorias e todas as relações da sociedade civil. Então a Religião instituída por Jesus
Cristo, solidamente estabelecida no grau de dignidade que lhe é devido, em toda parte era
florescente, graças ao favor dos Príncipes e à proteção legítima dos Magistrados. Então o
Sacerdócio e o Império estavam ligados entre si por uma feliz concórdia e pela permuta amistosa
de bons ofícios. Organizada assim, a sociedade civil deu frutos superiores a toda a expectativa,
cuja memória subsiste e subsistirá, consignada como está em inúmeros documentos que artifício
algum dos adversários poderá corromper ou obscurecer”. Encíclica “Immortale Dei”, de 1º-XI-1885, Bonne Presse, Paris, vol. II, p. 39.

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