Esta festa muito antiga, é também chamada “da Cruz gloriosa”. Os Orientais a denominavam “Da preciosa Cruz, portadora da Vida”. Realmente é uma das mais antigas solenidades da Igreja, e tinha primeiramente como único objetivo, o aniversário da descoberta da verdadeira cruz de Nosso Senhor, por Santa Helena, e a dedicação das basílicas constantinianas, consagradas em Jerusalém a 14 de setembro de 335, no próprio local do Sepulcro e do Calvário.

Mais tarde, uma confusão de datas fez passar para este dia a memória da restituição da Santa Cruz em 629, pelo Imperador Flávio Heráclio Augusto, conhecido como Heráclio, o Jovem, para distingui-lo do pai,que a recuperou dos persas, que a tinham furtado.

Isso ocorreu no ano de 628. Na campanha para recuperar terras do Império que haviam sido roubadas pelos persas, o Imperador, simulando que ia libertar a Palestina e o Egito, de surpresa Heráclio marchou sobre Nínive, atacando os persas no coração de seu país, conseguindo retumbante vitória. A volta de Heráclio à Constantinopla trazendo a relíquia da verdadeira Cruz de Nosso Senhor, que fora resgatada de seus inimigos, constituiu em um dos maiores triunfos já registrado pela História.

O imperador foi depois a Jerusalém para repor a verdadeira Cruz de Cristo em sua basílica. Conta-se então que Heráclio vestia-se então com todo o esplendor de suas vestes imperiais e reais, precedendo a solene procissão carregando a preciosa relíquia. De repente, sentiu-se barrado por força misteriosa. Diante do estupor de todos, considerou-se que o Filho de Deus carregara a Cruz coroado de espinhos, enquanto o Imperador ia coroado de ouro. Cristo fora então injuriado, e o Imperador era ovacionado. Heráclio então despojou-se de todos os ornamentos imperiais, continuando o caminho com a Cruz de Cristo em espírito penitencial.

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Entretanto, a  Cruz que “se exaltava” neste dia, era menos a de Jesus sofredor no Calvário, que a de Cristo glorioso subindo para seu Pai, depois de vencer a morte e salvar o mundo.

O que se recorda na festa de hoje é, portanto, o triunfo de Cristo, e a mudança por Ele causada na condição humana, como tinha anunciado repetidamente: “Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também tem de ser levantado o Filho do Homem, a fim de que todo aquele que n’Ele crer, tenha vida eterna” (Jo 3, 14). “Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim” (Jo 12, 32). Por isso a liturgia da Cruz é uma liturgia triunfante: a Igreja celebra nela a vitória de Cristo sobre a morte, e o glorioso troféu da nossa redenção. Na epistola da Missa de hoje, é citada a carta de São Paulo aos Filipenses, na qual diz o Apóstolo a respeito de Cristo Jesus: “Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso também Deus O exaltou, e lhe deu um Nome que está acima de todo nome para que, ao Nome de Jesus, todos dobrem o joelho no céu, na terra, e no inferno, e toda língua confesse que o Senhor Jesus Cristo está na glória de Deus Pai”. (2, 8-11).

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