Há duas festas das Dores de Maria. Uma que foi instituída em Colônia durante o século XV, por um piedoso arcebispo, Tierri de Meurs, a fim de reparar os ultrajes praticados pelos hereges hussitas contra as imagens da Santíssima Virgem. Era celebrada na sexta-feira da semana da Paixão, semana imediatamente anterior à Semana Santa.

A festa das Sete Dores de Nossa Senhora nasceu da piedade cristã, que se compraz em associar a Virgem Maria à paixão de seu Filho. Conta antiga tradição que, na terrível manhã da Sexta-Feira Santa, Maria, apartada do seu divino Filho por causa do tumulto da cidade, O voltara a encontrar na encosta do Calvário, coberto de sangue e pó, coroada a fronte de espinhos, e acabrunhado ao peso da cruz, lúgubre instrumento do seu suplício. Ao vê-lo em tão terrível estado, o coração da Virgem partiu-se, desfalecendo Ela e caindo por terra sob o peso de inexprimível dor.

Este fato da vida de Nossa Senhora foi honrado com uma festa, conhecida por diversos nomes: Nossa Senhora da Piedade, Compaixão de Nossa Senhora etc.

Mais tarde o papa Bento XIII decretou que essa celebração fosse inscrita no catálogo das festas litúrgicas, para todo o mundo católico, sob o título de Festa das Sete Dores.

 Já no século XI as dores da Virgem Santa eram objeto de devoção particular. No século XIV, apareceu o comovente Stabat Mater, que uma tradição contestada atribui ao bem-aventurado Jacopone da Todi. No século XV, como vimos, a festa das dores de Maria para reparar os ultrajes praticados pelos precursores dos protestantes, os hussitas, contra as imagens da Santíssima Virgem. No século XVII a festa era celebrada com grande solenidade pelos Servitas – frades da Ordem dos Servos de Maria –, e foi estendida pelo papa Pio VII, em 1814, a toda a Igreja, a fim de lembrar os sofrimentos que acabava de atravessar, primeiro exilado e cativo de Napoleão Bonaparte, depois solto graças à proteção da Virgem.

Em 1912, São Pio X fixou-a em 15 de setembro, oitava da Natividade.

A Igreja, ao mesmo tempo que sublinha os sofrimentos de Maria, insiste igualmente no corajoso amor que A levou a tomar parte tão íntima na obra de nossa redenção.

Diz a Igreja nesta festa citando o Stabat Mater:

“Eia Mater, fons amoris                             Eia Mãe, fonte de amores

Me sentire vim doloris                               Fazei com que estas dores

Fac, ut tecum lugeam                                 Eu sinta convosco, e chore

Fac ur ardeat cor meum                               Fazei que a alma se me inflame

In amando Christum Deum                          Porque a Cristo-Deus só ame

Ut sibi complaceam                                     E só busque seu agrado.

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