Mais do que física, o extremo da dor moral está expressa neste crucifixo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Durante toda a sua Paixão, Ele padeceu um sofrimento maior na alma do que no corpo. Apesar disso, notamos em sua fisionomia paz, misericórdia, delicadeza de sentimentos. Nela o furor não está presente. Mas a tristeza está inteiramente presente.
Este condenado à morte, privado dos trajes que qualquer um possui, entretanto tem uma atitude superior à majestade de qualquer rei! Em meio à tremenda dor, nota-se a manifestação da misericórdia, do perdão.
A expressão é muito comovente, dando a impressão em quem a contempla, de que entrará de um momento para outro no campo de visão desse olhar.
Também dá a impressão bem acentuada de desolação e desamparo de alguém que sofre uma dor que sabe que não tem remédio, que não tem limite, e que caminha para a morte. Mas uma morte que se anuncia na tristeza de quem vê a maldade dos homens que causaram a crucifixão.
Nosso Senhor desejou beber a taça de fel do sofrimento até o fim! Quis sofrer tudo quanto era possível sofrer. Mas também na alegria de quem tem a certeza de que, após o supremo holocausto, estariam abertas aos homens as portas do Céu; começaria o período em que Ele, passando pelo Limbo, levaria para o Céu todas as almas que lá estavam.
Como que coroando o Divino Crucificado, o artista colocou um lindo topázio. É a linguagem muda e expressiva das pedras preciosas. Se não houvesse esse topázio, a imagem perderia muito. O topázio dourado parece afirmar que, por detrás da dor e mais alto do que a dor, brilha a glória, apesar de tudo.
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 21 de agosto de 1985. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.