Santo Antonino teve uma vida tão exemplar e tão santa, que o Papa da época, Nicolau V, afirmou que o julgava digno de ser canonizado em vida.

“Antonino” – afetuoso diminutivo de Antônio que lhe davam seus diocesanos por sua fragilidade e pequena estatura – nasceu em Florença em 1389. Seu pai, Nicolau Pierrozi, notário, e sua mãe, Tomazina, tiveram grande cuidado em educá-lo no temor de Deus. Entretanto, como diz um seu biógrafo, eles não tiveram grande trabalho, porque Antônio era de uma natureza tão boa, que se pode dizer que a virtude tinha nascido com ele.

Crescendo, Antonino empregava seu tempo nos estudos, sem descuidar da oração e da mortificação. Assim, ia rezar frequentemente diante de um crucifixo na igreja do Arcanjo São Miguel, suplicando com muita instância a Nosso Senhor que lhe outorgasse graça para guardar a pureza de sua alma e a virgindade perpetuamente sem mancha. O Divino Salvador inspirou-lhe então a ideia de entrar em religião, tomando o hábito do Patriarca São Domingos.

Desse modo, na idade de 15 anos, o adolescente pediu admissão na Ordem Dominicana. Segundo dizem vários dos biógrafos do Santo, o então Superior do convento, – que não era outro senão o Beato Frei João Dominici, mais tarde Cardeal-arcebispo de Ragusa, legado da Santa Sé na Hungria, e continuador da reforma da Ordem começada por Santa Catarina de Siena –, julgando o candidato muito novo, perguntou-lhe que estudos tinha. Antonino respondeu que estudava o Direito Canônico. Como evasiva, o Bem-aventurado lhe disse: “Estude bem esse direito, e quando o tiver aprendido de cor, prometo recebê-lo”. O Santo não perturbou-se. Voltou para casa e, um ano depois procurava outra vez João Dominici que, agradavelmente surpreso, constatou que Antonino aprendera exemplarmente o Direito Canônico. Recebeu-o então aos 16 anos de idade.

A carreira de Santo Antonino foi a de um gigante. A virtude, suprimindo nele a idade, fez que fosse escolhido, embora muito jovem, para governar o convento de Roma. Nomearam-no sucessivamente prior dos conventos de Nápoles, Baeta, Cortona, Siena, Florença e outras cidades da Itália; por toda a parte ele reavivou, sobretudo pelo exemplo o espírito primitivo da regra, seguindo fielmente a reforma começada pelo Beato Dominici. Nomeado Vigário Geral da província da Toscana, e depois da de Nápoles, nada afrouxou de suas austeridades.

Santo Antonino viveu em pleno “Cisma do Ocidente”, no qual três papas disputavam o trono de São Pedro. Por isso, em 1409, ele e seus religiosos tiveram que fugir de seu convento em Fiésoli, e se refugiar no de Foligno, para escapar às arbitrariedades do governo florentino, partidário do antipapa Bento XIII. Durante esse cisma os dominicanos italianos permaneceram fiéis ao verdadeiro papa, Gregório XII, do qual o Beato Dominici tornou-se conselheiro e Cardeal.

Quando o arcebispo de Florença, Bartolomeu Zabarela, faleceu em 1446, o papa Eugênio IV, que tinha por Santo Antonino a mais alta das considerações, nomeou-o seu sucessor. Embora o Santo quisesse de todos os modos evitar essa nomeação, o Papa ordenou-lhe que, em virtude da santa obediência, recebesse o quanto antes a sagração episcopal.

No século XV, no qual a santidade era rara sobre a terra, Antonino fez reviver em sua pessoa todas as virtudes que haviam brilhado nos maiores bispos da antiguidade. Seu zelo apostólico, as obras de sua caridade, a austeridade de sua vida, são a glória da Igreja de Florença, que foi confiada a seus cuidados.

Com efeito, Santo Antonino viveu no século XV, quando desapareciam os últimos vestígios da Idade Média, “a doce primavera da fé”, nas palavras de Montalambert, e começava a grassar a mentalidade materialista do chamado “Humanismo”, ou “Renascença”. Esta foi descrita por um autor como a implantação do espírito moderno em oposição ao espírito que prevaleceu na Idade Média, isto é, um espírito genuinamente católico.

          Se naqueles primórdios do movimento renascentista tivesse surgido uma verdadeira coorte de Santos que combatesse a Renascença como fez Santo Antonino, por certo ela, com seu espírito naturalista e neopagão, não teria dominado os espíritos e penetrado nos ambientes católicos como ocorreu nos séculos XV e XVI.

Tal era a fama de santidade de Santo Antonino que, quando ele faleceu no dia 2 de maio de 1449, o papa Pio II concedeu sete anos de indulgência a todos aqueles que fossem visitar seus restos mortais e lhe osculassem os pés. Por isso seu corpo precisou ser exposto durante oito dias, exalando durante todo esse tempo agradável odor.

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