Publicamos a seguir a conferência do Prof. Plinio para um grupo de jovens, uma verdadeira aula ensinando o processo de análise de pessoas, ambientes, costumes segundo o prisma do livro Revolução e Contra Revolução.
Texto e áudio: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Mult_751011_RCR.htm
“[…] O princípio é o seguinte: a alma humana é mais ou menos como uma câmera fotográfica; é de um lado a coisa mais parecida com a câmara fotográfica, e de outro lado a mais diferente que se possa imaginar. Ela tem de comum com o filme o seguinte: exposto um objeto na presença dela, ela registra, assimila e grava para sempre; pelo contrário o objeto não exposto, ela não grava, não assimila, não retém.
Assim também somos nós. Nós vendo uma pessoa que é pagã, que tem o espírito da Revolução, etc., ou então vendo um ambiente, vendo um móvel, vendo qualquer outra coisa que tenha o espírito da Revolução, ainda que nós não percebamos, nós por assim dizer fotografamos aquilo na nossa alma.
O que é que eu entendo aqui como “fotografar”? Não é apenas lembrar, porque muitas vezes a gente não se lembra; a gente recebe uma influência e não se lembra. Não se trata, portanto, de lembrar. Mas é mais do que lembrar, é outra coisa. Aquilo produz um efeito em nós. Nós nos tornamos solidários com aquilo, aquilo nos forma ou nos deforma.
E então, nós somos o contrário da câmera fotográfica porque a câmara fotográfica não tem meios senão de registrar a coisa. Nós não. Nós podemos recusar um determinado registro em nossa alma.
Nós devemos ter, portanto, na entrada de nossa alma uma espécie de alfândega. E essa alfândega ser de tal maneira que nós não vejamos nada que nós não critiquemos debaixo do ponto de vista RCR [Revolução e Contra-Revolução]. Analisemos e critiquemos. Tal coisa está má, tal coisa está bem. Acabou-se. É uma coisa imperativa para nós.
Então seria preciso começar por fazer diariamente um exame de consciência em que nós nos fizéssemos a seguinte pergunta, vamos dizer na hora do almoço: qual foi uma coisa revolucionária, quer dizer, uma pessoa, uma coisa, um som, um ruído, qualquer coisa que seja, revolucionária, que eu ouvi, e o que é que aquilo tem de ruim, para detestar.
Aos poucos isso vai criando hábito, que os senhores devem ter, mas entranhado, dentro de algum tempo de exercício, de não ver uma coisa que os senhores não critiquem, quer por ser revolucionária, quer por ser contra-revolucionária. Quando for revolucionária, rejeitem; quando for contra-revolucionária, amem. Porque esta é a vida interior do contra-revolucionário. A gente só é um inteiro e perfeito contra-revolucionário nessas condições.
Então, isso precisa ir aos poucos. Eu preciso ir, por exemplo, tomando alguns boletins dos senhores, não do “curso Guararapes” [de reforço escolar aos jovens da TFP que o necessitassem, n.d.c.], mas desse exame, e analisando o que os senhores sentiram, para ajudar aquele a analisar de fato bem como ele deveria, o que ele sentiu. Então com isto irem ficando contra-revolucionários não relativistas. Porque é assim que a gente não relativiza: é analisando, rejeitando ou aceitando de um modo lúcido e definitivo: aquilo é bom, eu quero para vida inteira; aquilo e ruim, eu rejeito para vida inteira.
(Pergunta: O senhor sempre tem batido nessa tecla da análise. Eu queria saber se isso aí é o ponto principal)
Esse é o ponto para a generalidade dos senhores, no estado de espírito em que atualmente se encontram. Eu posso conceber que uma pessoa muita exercitada nessa análise, faça entretanto a análise com indiferença, acha até um exercício intelectual bonito, mas depois não odeia o que é revolucionário e não ama o que é contra-revolucionário. Aí o senhor está vendo que o ponto se desloca.
Mas no momento, com os senhores, esse não é o grande problema. No momento, o grande problema é os senhores prestarem a atenção e detestarem o que é pagão ou neo-pagão, portanto, revolucionário, e amarem o que é católico. Este, então, no momento para os senhores é o ponto.
(Pergunta: Então como se devia fazer esses relatórios?)
O relatório seria, vamos dizer, eu vou mostrar o relatório como se pode pedir a um dos senhores e como devia ser feita por uma pessoa exercitada.
(Aparte: Nós trouxemos aqui uma foto da Rainha da Inglaterra em trajes muito bonitos. Não sei se o senhor gostaria de usar para…)
Está aí uma coisa muito interessante, o sr Fernando Filho faria o favor de projetar a foto. Primeiro eu deixo os senhores olharem um tempinho e eu quieto. Depois eu faço a análise e os senhores conferem com a análise que fizeram.
(Pergunta: O senhor podia ditar um exame de consciência e também o método de como fazer a análise de um objeto revolucionário e como detestar?)
Do revolucionário e do contra-revolucionário. A pergunta do exame de consciência é uma só – podem tomar nota os que quiserem, é à vontade. Eu vou fazer um exame de consciência muito fácil: mencionar para mim mesmo uma das coisas mais revolucionárias ou mais contra-revolucionária – infelizmente vai ser muito mais raro – que eu tenha visto no período que agora termina. Vamos dizer, por exemplo, que seja o período entre o almoço e o jantar, dependem de como dividem o dia; ou no dia de hoje, se fizerem uma vez só por dia. Mas é muito “poca” [pífio] fazer uma vez só por dia. Esta é a pergunta.
Como fazer a análise sob o ponto de vista de Revolução e Contra Revolução
Agora, como fazer a análise? Eu dou teoricamente, depois dou a aplicação prática. Em geral, eu noto uma coisa revolucionária de dois modos: ou doutrinariamente ou intuitivamente.
Como é doutrinariamente? Eu sei, por exemplo, que o demônio é um ente maldito. Eu passo em frente a uma casa, por exemplo, onde está pintada, uma casa comercial em cuja entrada está pintada em enorme demônio, é uma coisa revolucionária. Quer dizer, eu faço um raciocínio: o demônio é revolucionário. Ora, estava ali a figura do demônio. Logo, aquilo é revolucionário. Os senhores estão vendo que é em doutrina que eu dou conta que isso é uma coisa revolucionária.
Mas pode ser também de outra maneira: eu passo por alguma coisa e eu noto que ela me choca, que ela produz em mim uma estranheza. Eu então vou examinar essa estranheza. Muito freqüentemente, não é todas as vezes, às vezes a estranheza é produzida por uma bagatela qualquer. Mas muito freqüentemente é porque tem uma coisa revolucionária ali, tem uma influência, aquilo exprime, é um símbolo da Revolução, de algum modo.
Isso que se diz de coisa revolucionária, pode-se dizer da coisa contra-revolucionária em outro sentido. Eu vou, por exemplo, tratar de alguma coisa no escritório ou vou ao dentista, ao médico, qualquer coisa, encontro uma bonita imagem ali. Eu sei que a imagem simboliza ou representa Nosso Senhor, ou Nossa Senhora ou tal santo. Ora, isto é católico. Logo, isto é contra-revolucionário. Logo, eu vi um símbolo contra revolucionário. É uma coisa do raciocínio.
Mas pode ser também algo que seja instintivo. O que quer dizer aqui a palavra “instintivo”? É o seguinte: os senhores notam uma profunda harmonia com aquilo, uma profunda coerência sua com aquilo. O mais das vezes é porque aquilo tem um lado bom que exerce sobre os senhores uma influência favorável. Eu volto a dizer, muitas vezes não é. Mas muitas vezes, o mais das vezes é.
Então a pergunta genérica que eu fiz em cima pode traduzir-se nessa pergunta: pelo raciocínio ou pela intuição eu cheguei a notar alguma coisa que me causasse ou muita estranheza ou muita harmonia? Alguma coisa que, segundo os princípios católicos, fosse muito digno de aplauso ou muito digno de censura? É um outro modo de fazer a pergunta que eu já exprimi aos senhores.
Como é que se faz, depois, a análise da impressão que se teve?
Eu vou fazer de um modo vivo diante da fotografia da Rainha Elizabeth II. Eu vou fazer até como a coisa se passa em mim, mas depois de os senhores terem olhado. Assim eu vou me filmar em câmara lenta para os senhores. depois os senhores se filmam a si mesmos.
Olhem primeiro um pouco. Fixem bem a atenção.”
Continuaremos no próximo post.
Fonte: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Mult_751011_RCR.htm