Reunião de formação para simpatizantes (áudio e texto)

0

São duas as impressões que este Encontro vai deixando na minha alma. A primeira foi a que tive, quando, hoje de manhã, tive a ocasião de vos saudar pessoalmente naquele longo contato, fracionado e pequeno com cada um, mas sendo grande o número de pessoas que passaram por lá [na Sede do Reino de Maria] para nos saudarmos. Era um longo contato com todo o conjunto dos correspondentes e esclarecedores de [algumas] partes do Brasil convidadas para este Encontro.

https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Mult_891007_opiniao_publica.htm

Nesta manhã, as pessoas se sucediam: elas saudavam-me e eu as saudava… Eu comecei a sentir uma nota constante que se afirmava no meu espírito, uma razão de agrado peculiar, que no começo não sabia definir, e cuja causa profunda, por minha psicologia, não atinava. Mas à medida que as pessoas se sucediam e os cumprimentos iam-se, de algum modo repetindo, eu percebia claramente algo que me deixou espantado: eu tinha uma espécie de surpresa deleitada, agradável e, por que não dizer, algum tanto maravilhável notando o carinho e o afeto com que os pais tratavam seus filhos.

* O aborto

É tão rude a civilização na qual vamos penetrando – ou, para melhor dizer, vamos afundando – que esses gestos de carinho, paterno e materno, para com criancinhas que andam pela rua e se veem aqui, lá e acolá, às vezes deitando-se um olhar indiscreto para dentro de uma casa por onde se passa e se vê na vida de família onde tal carinho se faz mais sentir, isto tudo foi-se tornando aos poucos tão raro. Os sentimentos do homem foram-se tornando tão duros, tão rígidos, tão implacáveis, invadindo essa implacabilidade até a vida de família; e por que não dizê-lo chegando a multiplicar dentro da própria vida de família o crime, isto é, o aborto; os pais e mães com tão pouco carinho para com seus filhos, que não hesitam em evitar que venham à luz do dia, não hesitam até em matá-los depois que, pela ordem posta por Deus na natureza, tenham chegado a ver a luz do dia.

* As novas leis que defendem o pirralho contra a justiça paterna

Relembrar assim as épocas passadas que conheci outrora, as do carinho, as da proteção, ver com que afeto, com que entrega absoluta essas criancinhas estavam em relação a seus pais; ver depois a união dos casais, a estabilidade dessas famílias, tudo isso me trazia à memória coisas de outros tempos que tanto admirei e que tanto admiro, mas que infelizmente a brutalidade neo-pagã de nossos dias foi eliminando cada vez mais.

Cada vez mais, a tal ponto que se chegou, em vários países dos mais proeminentes e dos mais civilizados do mundo, em nossos dias, na França por exemplo, a pensar na instalação de departamentos policiais especiais para proteger os filhos contra as violências dos pais.

Há uma lei, em andamento lá, segundo a qual existem delegacias policiais especiais para onde os filhos podem telefonar denunciando que estão sendo castigados pelos pais de um modo injusto. Imediatamente vem uma perua ou qualquer veículo do gênero, policial, encosta na casa; um pelotão invade o lar e estabelece-se um julgamento: o pai ou a mãe de lado, o pirralho ou a pirralha de outro lado; este (ou esta) acusa; o pai ou mãe se defende; o delegado ou um mero esbirro, um “tira”, vai julgar quem tem razão.

* Tempos diferentes dos de Dona Lucília

Nos tempos remotos em que eu abri os olhos para a vida, em que o primeiro sorriso que notei foi o de Dona Lucília, como tudo isto era diferente! Diferente só, não: impensável, inexcogitável.

Se naqueles tempos se tivesse dito que havia o risco de um número ponderável de pais abusar de sua força física para atormentar seus filhos – eu cito um caso que eu li na imprensa francesa, acontecido nesse país que é o paradigma da nação da delicadeza, da gentileza, do “savoir faire”, do “savoir vivre”, do “savoir dire”: a polícia verificou e os jornais publicaram que uns pais mataram uma criancinha que tinham tido, a pontas de cigarro. Acendiam e enfiavam-no na criança, para que ficasse toda queimada, e assim morrer – pensar nisto, era inexcogitável!

Um tribunal, uma delegacia de Polícia para onde os filhos pudessem apelar contra seus pais; em que pais fossem julgados por agentes policiais ou judiciários, para saber se era justo que o filho devia ou não apanhar… Uma pessoa que assim pensasse era imediatamente tida como candidata ao Juqueri, o estabelecimento dos loucos de São Paulo, situado entre São Paulo e Jundiaí. Por que razão? Porque isto parecia fora da ordem das coisas, uma loucura, um melodrama, um pesadelo! Quantos e quantos dos senhores aqui alcançaram o tempo em que isto era uma loucura.

* O final da composição da sociedade contemporânea

Chegados a uma época em que isso vai generalizando – e, pelo que me consta, na própria Câmara Federal dos Deputados está um projeto de lei estabelecendo uma coisa nesse sentido, sobre o que a TFP dirá, num momento oportuno, algo a respeito disso – e de repente ver-me num ambiente inundado de harmonia entre cônjuges (que saltava aos olhos), de afeto paterno, de afeto filial, de unidade familiar, é uma coisa tão diferente, tão marcante, encantou-me tanto aquilo; mas espantou-me tanto de me encantar e de me surpreender com uma coisa na qual eu fui criado, e que para mim era comum como o ar que se respira, como a água que se vê no mar, quando se anda, viaja ou está numa praia, quanto panorama do alto de uma montanha, ver isto, e fiquei profundamente pasmo, e disse para mim mesmo: “Estou tocando com as próprias mãos o final da decomposição da sociedade contemporânea”.

Não é mais estar ouvindo, estar analisando ou raciocinando, é estar tocando com as mãos. É ali! Essa é a decomposição a que vamos chegando. Decomposição que é decomposição final…

* A família, pilastra da sociedade civil

As senhoras e os senhores não se iludam, a Igreja sempre ensinou que, na ordem temporal, a pilastra da instituição da sociedade civil, do Estado, é a família. Onde está bem organizada, forte e florescente, a sociedade está bem. Quando assim é, o Estado organizado se torna possível.

Pelo contrário, onde a família se apresenta em condições enfermiças, viciadas, cambaleantes, é toda a sociedade que está enfermiça, viciada e cambaleante. E, nestas condições, é inútil imaginar que se pode construir um Estado – seja ele democrático ou qualquer outro – que seja capaz de fazer alguma coisa que preste.

Por quê? Porque quando o homem está doente, se tem que fazer uma tarefa, esta refletirá a doença de que aquele sofre. Assim também uma sociedade, que é composta de homens, que estão moralmente doentes a ponto da instituição da família muito e muito largamente estar deteriorada, pode-se fazer o que quiser, votar as constituições que se entenderam, reformar, emendar, inventar, cada vez que se mexer mais nela, mais sairá pior.

* Com a família decadente, não adiante querer reformar a Constituição

Eu acho que um exemplo eloquente disso é a nossa pobre Constituição brasileira, reflexo direto da infeliz sociedade brasileira, penetrada pelo espírito neo-pagão, pelo espírito completamente pós-moderno, diz-se hoje – porque o moderno já envelheceu – e que tende para a sua destruição final.

Destruição final que se designa por uma ideia, se designa por um estilo de música, por um estilo de arte, por uma palavra. É toda uma espécie de escolas de música, escolas de arte e de pensamento – se é que a isso se pode chamar pensamento e não delírio – que se seguiram à explosão da Sorbonne, que vieram inundando o mundo, daquilo que nós, na TFP, chamamos a IV Revolução. A Revolução que já está para além do comunismo. Para onde caminha ela? Para aquilo que é a Autogestão: a destruição e esfarelamento do Estado; a dissolução ecológica dos homens pelos campos, vivendo como Freud queria, isto é, mais ou menos à maneira de animais dentro da floresta e o fim da sociedade humana. É para isto que vamos caminhando com a dissolução da família.

* O cerimonial de entrada disse coisas que palavras humanas ainda não disseram nesta reunião

Em oposição a esse contraste, que eu senti hoje cedo, entre o que me foi dado observar no recinto da TFP e o que a minha experiência diária me mostra por todos os lados, temos já esta magnífica reunião de hoje à tarde.

O cerimonial de entrada disse coisas que palavras humanas ainda não disseram nesta reunião. Disse coisas que, entretanto, despertaram um entusiasmo verdadeiro em todos os que estão aqui presentes.

O que se passou? Em última análise, entrou uma fanfarra. Entrou tocando coisas marciais. Depois passaram rapazes revestidos de seus belos hábitos, conduzindo alabardas e dando brados – ham! ham! – e todos se entusiasmaram. Todos se levantaram!

O que era isso? O que queria dizer esta marcha? O que queria dizer essa alabarda, esta coisa que vai para a frente? Era a afirmação de que a todos nos une um ideal; nos une um grande ideal, mas um ideal cheio de esperança, cheio de entusiasmo, cheio de certeza de vencer!

Ideal que se exprimia em termos de harmonia, em termos de música. Mas música que traduzia uma vontade de afirmação.

* Confrontação de ideias, a mais nobre das confrontações

Há muito tempo que a alabarda não é senão uma arma de museu. Não é usada por qualquer força armada contemporânea. Existe apenas porque é bonita, e como tal foi guardada nos museus que registram a história do armamento humana.

Mas, aqui, o que quer dizer a alabarda? Não quer dizer nem necessária nem principalmente a vontade de uma confrontação física, mesmo porque a experiência histórica nos mostra à saciedade que a confrontação física não é nem a mais heroica nem a mais importante das confrontações humanas. A confrontação verdadeira, a mais nobre delas é a confrontação das ideias.

É a confrontação pela qual um diz “Credo” e outro se revolta e diz “Non credo”. Discutem. Procuram convencer um ao outro. E não conseguindo convencer um ao outro, cada um procurar arrastar para o seu lado a maior parte possível de pessoas, é esta nobre confrontação pela qual, afinal, uma afirmação vence uma negação, uma verdade vence um erro; em uma palavra: Nossa Senhora esmaga a cabeça da serpente! Esta é a mais nobre das confrontações!

Esta confrontação é que temos nós, os da TFP, a exercer todos os dias, e sobre a qual eu vos quero dizer uma palavra nesta noite. Porque é por excelência a tarefa não só dos sócios como dos cooperadores; não só dos cooperadores como dos correspondentes da TFP, cujo número louvável enche, neste momento, esta sala. Esta confrontação se exerceu simbolicamente, primeiro, por cânticos que encheram o auditório, esta sala; depois, por alabardas, com gente que as portava marchando e avançando, como quem diz: “Nada nos detém, nós furamos e vamos para a frente!”

* A entrada da imagem de Nossa Senhora, símbolo da entrada d’Ela no início do Reino de Maria

Em certo momento houve um frêmito que perpassou o auditório, todo o mundo se levantou, a sensação de todos foi: é isto! Era a imagem de Nossa Senhora que entrava. Ah! é para Ela que fazemos esta luta! Ela é – nas meras criaturas – o ápice de todas essas virtudes. É a pedra de cúpula de toda essa ordem. É a Mãe de toda a Criação, é a Mãe da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana. É a Mãe – para dizer tudo numa palavra só – de Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem.

O avançar Ela do fundo deste auditório, de um lugar para onde os olhares não estavam voltados, com os cânticos que anunciam que Ela está presente, com o suave perfume de incenso que começa a divulgar por toda a parte; e, afinal, todos percebem que Ela entra e todos se levantam: isto me parece um símbolo da vitória final!

Depois de muito avançar, depois de muito meter o peito, depois de sofrer muita contestação, mas contra-contestar com força sempre maior, com vigor sempre maior e ir para a frente, haverá um momento em que, por menos numerosos que sejamos, por mais débeis que sejamos, Ela entrará no teatro dos acontecimentos para realizar as promessas que Ela fez em Fátima. Promessas de prêmio e de amor para os que forem fiéis e lutarem. Promessas de castigo – maldições, desde já – para os que se fecharem à voz d’Ela até os momentos extremos. Mas Ela avançará! Ela triunfará!

* “Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará!”

Diz Ela expressamente na revelação que fez aos três pastorinhos: “Por fim, meu Imaculado Coração triunfará!” E muito simbolicamente, cercada da veneração de todos, da aclamação de todos, do entusiasmo de todos, com as músicas, com as alabardas abrindo caminho para Ela, veio até aqui e está no alto desta coluna presidindo, reinando e imperando sobre esta sala: é o Reino de Maria!

* O mundo moderno verga sob o peso do próprio progresso

É uma antecipação do Reino de Maria que nos deve dar a vontade de que o mais breve possível esse Reino chegue. Que quantos antes cessem estes dias de pecado, estes dias de desvario, de caos e de desordem, em que toda a humanidade vive sobressaltando. E ao mesmo tempo maravilhada com a riqueza, o fausto, as facilidade técnicas, as seguranças de toda a ordem que o progresso cercou a vida do homem e atemorizada diante de qualquer estampido, sobressaltada com o barulho de qualquer briga… Pode haver uma luta entre a Tailândia e o Vietnã, ou, se quiserem, entre obscuros esquimós no Polo Norte, pode haver uma revolução em qualquer canto desconhecido ou semidesconhecido da África, ou até, talvez, entre índios da Amazônia, e já o mundo inteiro fica sobressaltado: os jornais dão notícias, a ONU intervém, os peritos na matéria se consultam e o mundo inteiro se sente inseguro.

Nós nos curvamos ao fardo de nosso próprio progresso: ele é pesado demais para nós. Porque o trabalho feito por mãos de homens de uma civilização ímpia, denunciada por Nossa Senhora em Fátima como civilização imoral, corrupta – o que Ela disse em 1917 e o que pensa Ela do mais alto do Céu sobre o que se vê em 1989 – isso tudo que se construiu são montanhas que carregamos.

Construímos para sermos carregados… Pelo contrário, vergamos ao peso delas. Em certo momento, se não houver uma conversão do mundo contemporâneo – e cada instante que passa, essa conversão é mais improvável ao peso dos pecados que se vão sucedendo uns aos outros, na recusa sistemática de obedecer e atender aos pedidos, às implorações, às súplicas que Nossa Senhora fez em Fátima por meio dos três pastores – portanto, devemos nos preparar para a grande tragédia, que é, sem dúvida, a do mundo contemporâneo.

* É a tragédia de Nossa Senhora por ver seus filhos a caminho do inferno

Mas, mais ainda, em certo sentido da palavra – num sentido acomodatício da palavra, pois só assim nos podemos referir Àquela que se encontra no Céu, na irradiação da maior das felicidades, porque é a que está mais perto do trono de Deus, contemplando diretamente a Santíssima Trindade e contemplando a Nosso Senhor Jesus Cristo; Aquela que está inundada numa felicidade inconcebível para nós, mas que nós mesmos, algum dia, com o auxílio dEla haveremos de ter, quando chegarmos ao Céu, também nós – dizemos: é a tragédia de Nossa Senhora. É a Mãe que, numa situação trágica, apareceu e advertiu seus filhos: “Vossos pecados chegaram a este auge. Sereis castigados!”

E uma nação, que há séculos não difunde seus erros pela Terra, era a Rússia – na qual a Igreja cismática [IO], completamente cadavérica e imobilizada, não dava um passo para progredir – a rússia espalhará seus erros por toda a parte. Como isso? A Rússia, assim imobilizada, paralisada, espalhará seus erros por toda a parte? Depois seguem-se as várias coisas que Ela diz, até prenunciar a Sua vitória final.

* As modas imorais

Ela deu razões. Uma das que indicou foi a moda. A moda imoral daqueles tempos. Comparem um figurino daquele tempo com um figurino de hoje, e poderão entender quanto nós descemos, para nos prendermos aqui noutras cogitações.

Nossa Senhora para fazer sentir aos homens que tinha dito a verdade e que o que Ela disse não se podia contestar, permitiu que, pouco depois, arrebentasse na Rússia a revolução comunista e que do cadáver putrefato da Rússia greco-cismática saísse a revolução comunista que espalha seus erros por toda a parte, larga e largamente; de tal maneira que não há um canto da Terra que não sofra, de algum modo, uma convulsão ou uma propaganda ideológica partida da Rússia comunista. Espantosa profecia que, pouco depois, se realizou.

Depois da realização dessa profecia – eu salto sobre vários elos intermediários desta narração que podem encontrar, muitíssimo bem feita num livro por todos conhecido do Dr. Antônio Augusto Borelli Machado a respeito de Fátima – Ela chega a fazer isto que parece aos homens impossível, e que, de fato, só é possível à omnipotência de Deus: o sol deslocar-se, saltar e dar a impressão que vai despencar sobre a Terra, a tal ponto que a população que lá estava fugiu espavorida. Foi para dizer que castigos desta ordem podem sobrevir, acontecer… E se o mundo não atender ainda assim a essas ameaças, elas se tornarão efetivas.

* Na esperança de salvar seus filhos… essa Mãe faz ameaças terríveis

A tragédia de Nossa Senhora é a de uma mãe de família que agrada, que protege, que favorece, que manifesta seu carinho das maneiras mais enternecedoras e vê que nada adianta… E então, levada não só pelo zelo de justiça, mas pela esperança de que, pelo menos a ameaça converta, essa mãe de família faz ameaças terríveis: “Vede, meus filhos, o que eu quero vos evitar. Eu aviso, para evitar e não para castigar. Se eu me calasse, vos despencaríeis pelo castigo. Eu ainda vos estendo a mão sobre o abismo. Evitai os passos da morte. Evitai a gangrena que sobe. Ficai comigo e não ide de encontro ao apelo da Revolução gnóstica e igualitária. Este é o meu convite de Mãe. Mas duas palavras in extremis – Eu, posta na minha tragédia, no meu drama, ainda vos digo – ainda vos falo do meu perdão. Aos que ficarem, aos que forem fiéis, ao que souberem resistir à torrente geral que levará tantos e tantos homens para o abismo, a esses, eu prometo que o Meu Imaculado Coração triunfará. E que uma ordem de coisas virá, um dia virá em que Eu serei Rainha e vós filhos. E uma nova ordem e um novo Reino Eu vou construir!”

Tudo isto foi tão evocado pelo que vimos aqui.

* Perante este drama, o que os correspondentes devem fazer?

Agora, devemo-nos perguntar: diante deste drama de Nossa Senhora, nós, correspondentes – porque eu vou fazer abstração de que na sala há, antes de tudo, dois ínclitos muito queridos e muito respeitados sacerdotes; que há sócios e cooperadores da TFP, e vou pensar apenas nos correspondentes, para os quais esta reunião é feita – o que temos a fazer com isto? Qual a nossa atitude perante isto?

Quando me foram cumprimentar, hoje cedo, tantos e tantos correspondentes da TFP, vários me pediam que rezasse por eles. Estas súplicas, por este canal que poderia ser mais bem escolhido, se dirigiam a um alvo que não poderia ser mais bem escolhido: era Nossa Senhora; e por meio d’Ela a Nosso Senhor Jesus Cristo.

Uns pediam isto; outros, aquilo. No semblante de todos, havia uma preocupação: “E os nossos filhos?” Aqui estão alguns pequeninhos, um ou outro no braço materno ainda. Outros estão dando os primeiros passos na infância; e outros penetrando pela vida adentro; e outros, com uma solicitude inquieta dos pais, estão penetrando na adolescência. O que vai ser deles nessa adolescência, neste mundo?

* Nós, que rezamos pelos nossos filhos, não temos piedade de Nossa Senhora?

Então, pediam: “Dr. Plínio, por favor reze!” Naturalmente, queriam que nos êremos e nas camáldulas e em todos os setores da TFP se rezasse. Está muito bem. É muito legítimo. Mas não nos podemos esquecer disso: achamos tão natural que Nossa Senhor tenha piedade de nós… E, nós não temos piedade de Nossa Senhora?… Nós, correspondentes, não entendemos que a dor que Ela sofreu, por tudo quanto nos predisse, é uma dor muito maior do que a de todos nós reunidos por tudo quanto nós vemos?

São Luís Grignion de Montfort diz que ama mais a qualquer um dos homens – especialmente dos que são filhos d’Ela pelo Batismo; dentre esses, especialmente os que são filhos d’Ela pela consagração – Nossa Senhora ama a cada um de nós, ao mais anônimo, ao mais desconhecido, ao mais desvalido de todos, com um amor maior, e muito maior, do que o amor somado de todas as mães do mundo a um filho único que tivessem.

Podemos calcular quanto Nossa Senhora sofre com o drama contemporâneo, vendo as almas que se perdem às torrentes?

Os srs. me dirão: “Dr. Plínio, como o senhor é pessimista, eu não vejo nada disso!”

Eu diria: “Meu caro, não me leve a mal, mas passe colírio nos seus olhos… Porque o que lhe acontece é uma tristeza…” São Luís Maria Grignion de Montfort já descrevia assim o mundo do tempo dele! E pouco tempo depois veio essa espécie de dilúvio da Revolução francesa. E nosso mundo de hoje é o da pré-Revolução francesa agravado muito e muito, que dá nesta revolução muito pior, que é a Revolução comunista. Mais ainda a revolução comunista não venceu no mundo inteiro, e já o monstro da IV Revolução vai aparecendo, com a dissolução da sociedade, da ecologia, o freudismo e tudo aparece na ponta do horizonte… Nessa situação estamos.

Não temos pena de Nossa Senhora? Não nos lembramos de quanto ao pé da Cruz Ela chorou – juxta crucem dolorosa, stabat Mater lacrimosa: Junto à Cruz, cheia de dor estava – em latim stare é estar de pé – de pé a Mãe lacrimosa ou cheia de lágrimas, lacrimejante?

Dirão: “Chorava pela morte do Filho d’Ela”. É verdade. Antes de tudo chorava por tudo quanto era feito contra seu Divino Filho. Mas, chorava também, porque, Rainha dos Profetas, Ela conhecia o futuro. Via todas as ingratidões e pecados que se cometeriam até o fim do mundo, abusando da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, inclusive os pecados de nosso tempo. Ela, por eles, chorou.

* Penetrando aqui, a imagem de Nossa Senhora de Fátima nos faz sentir a sua dor e o seu drama

Quando a imagem d’Ela penetra aqui, lembrando-A – Nossa Senhor de Fátima – enquanto predizendo tudo isso, Ela nos faz sentir a sua dor e o seu drama. E nós não temos pena do drama d’Ela?

Só pensamos no nosso drama… Nosso drama é real! Eu sou o primeiro a proclamá-lo. Mas, se somos filho d’Ela, um filho sofre mais com o que sofre a sua mãe, do que com o que sofre ele mesmo. Portanto, a nós, correspondentes, católicos apostólicos romanos, coerentes e dedicados, não nos basta ter na vida o ideal de salvar as nossas almas e as dos nossos filhos. É legítimo, é santo, é indispensável.

São Paulo fez esta pergunta: “De que vale ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma?” Não há louvor que baste para incentivar o homem a cuidar da sua própria salvação e da de sua família. Mas… se um homem diz: “É só o que me importa, e as dores de Nossa Senhora não me importam… E eu não tenho um dever, um dever saliente, um dever importante, um dever cheio de consequências, um dever que não cumpro com preguiça, lacrimejando, como quem paga imposto, mas cumpro com entusiasmo: é me dada a alegria e a honra de lutar para diminuir a dor de minha Mãe. Se não é isto, então somos o quê como correspondentes da TFP?

* A TFP é isto que os senhores viram: para obter as graças dela é preciso participar da luta dela

A TFP é isto que os senhores viram: ela proclama; ela enfrenta; ela brada; ela luta; ela é perseguida; ela é caluniada por uma misteriosa máfia por toda a face da Terra e não se incomoda, e vai para a frente; e tem a alegria de ver que vós ides para a frente com ela.

Mas não vos esqueçais, meus caros, se vós quereis, tão legitimamente, graças abundantes para vossas almas, graças abundantes para vossos filhos, para os que vos são próximos, o modo excelente de obter é tratar de que os outros salvem suas almas também, é tratar de lutar para extinguir este fenômeno satânico que se chama RevoluçãoE para fazer triunfar este fato admirável, este fato todo ele nascido da graça que se chama a Contra-Revolução!

* Nada é feito sem ajuda da graça, nem dar uma esmola

Eu gostaria de acrescentar algo. O homem não é capaz de fazer qualquer ato inspirado na Fé, na Esperança e na Caridade, sem que este seja movido nele pela graça de Deus.

Quer dizer, se, por exemplo, uma pessoa movida pela Fé, Esperança e Caridade dá uma esmola a um mendigo, a pessoa tem a impressão de que viu o mendigo, ficou com pena e deu-lhe um dinheiro. Na realidade, algo se passou de mais profundo… Pois se a pessoa fosse movida apenas pelo amor ao mendigo, isto seria um ato natural. Está na natureza humana, quando não chegou a um grau extremo de perversão, ao ver uma pessoa que sofre, ajudá-la no seu sofrimento. Mas, quando isto é feito por amor a Deus, tomando em consideração toda a revelação, num ato de Fé, num ato de Esperança, num ato de Caridade, quando o motivo é sobrenatural, é preciso uma graça para que o homem se mova naquela direção. Portanto, todos os atos motivados pelo amor de Deus são motivados pela graça. A graça nos convida internamente para fazer isso. Não percebemos, mas é assim que as coisas se passam. É Deus que nos chama para isso.

* Um grande chamado de escol por parte da Providência: participar da luta da TFP

Ora, vós deixastes vossas casas longínquas, deixastes membros de vossas famílias, cuja saúde e tranquilidade dependem, em boa parte, de vossa presença, e viestes vos reunir aqui para vos associardes à TFP, para serdes um só com ela, para viverdes da vida dela, para participar do espírito dela, para aplaudir a luta dela… quereis participar desta luta como correspondentes da TFP. Se tendes Fé, tendes Esperança, tendes amor de Deus, que é a Caridade, foi Deus que vos chamou para isto.

Se vós sois correspondentes da TFP, como graças a Deus o sois, é porque, pelos mil modos diferentes pelos quais a Providência chama as pessoas para a realização de Seus planos, Ela vos chamou a vós, mais do que a muitos outros, e, tantas e tantas vezes, sem mérito prévio, como Ela chamou a todos que estão aqui, como Ela chamou o mais velho dos que estão aqui, que sou eu – não foi por um ato bom previu meu, mas porque Nossa Senhora olhou complacente para mim, olhou complacente para quem está a minha esquerda e no extremo desta mesa à minha direita, a quem quis elevar às graças e às alturas excelsas do sacerdócio, olhou para o Príncipe que Ela fez nascer na culminância da Tradição, para os membros do Conselho Nacional, para os sócios, para os cooperadores da TFP, e, em determinado momento, algo veio neles…

Talvez tenha sido ouvindo uma fanfarra na rua, talvez tenha sido vendo um grupo de capas vermelhas que se deslocam, talvez tenha sido vendo um jovem que reza numa igreja, talvez tenha sido isto ou aquilo, Deus sabe o quê, mas, num momento, um entusiasmo tomou conta de nossa alma, e disse: “Venha! Aconteça o que acontecer, seja qual for a oposição ou a incompreensão, venha! Algo me chama, uma luz me chama para isto! Eu vou!”

Nesse momento, vós fostes chamados. Este chamado levou-vos para algo de muito alto, para fazerdes parte da tropa espiritual e intelectual, de escol, que constitui a TFP.

De escol, não porque tenha muitas qualidades humanas, nem é porque debaixo desse ponto de vista se avantaje a muitos outras. De escol, porque Deus convidou-vos para isso. Para ser escol, é preciso ter sido escolhido. Deus escolheu-nos: somos, sem mérito nosso, esse escol, para o qual, vós, correspondentes, fostes convidados.

* Palavras de ânimo, entusiasmo e convicção para levar a luta, até durante o Reino de Maria

Estas palavras são, então, palavras de ânimo, de entusiasmo, de convicção. Vamos cada vez mais para a frente nesta luta, trabalhando na tarefa específica da TFP, o de opinião pública, para que se realize aquilo que aqui se simbolizou: coortes de pessoas dedicadas que não se incomodam com as risotas, com o desprezo, com a campanha de silêncio, com as máfias nem as calúnias, mas, debaixo da saraivada e do granizo de tudo isso, vão para a frente, marcham até que no seu caminho encontrem Nossa Senhora, e ali onde o Reino de Maria despontar, terá despontado a nossa vitória.

Terá cessado a nossa luta? Não! Porque mesmo no Reino de Maria será dado ao demônio tentar os homens. Ali, também, nos caberá ser argutos, ser perspicazes; nos caberá reclamar medidas urgentes aos moles que não querem ver, porque nunca mais se repita a desgraça debaixo da qual nós hoje gememos. Esta é a nossa vida.

De maneira que, nos momentos, desiguais no tempo, quando a Providência nos chamar para dar contas de nossa vida, e para – assim apraza a Nossa Senhora – sermos apresentados por Ela a Deus, até o momento extremo de nossa vida, a nossa preocupação seja a preocupação firme e constante de saber se está tudo direito, tudo em ordem como Nossa Senhora quer.

* Últimos instantes de Felipe II, de São Francisco de Sales

Eu li na biografia do rei Filipe II da Espanha – esse rei que eu tanto admiro – eu li esse fato extraordinário:

Segundo a medicina daquele tempo, quando o doente – aqui há médicos, eu duvido muito da eficácia que a medicina daquele tempo ensinava, mas quem sabe tenha sido bom – quando vai agonizando assim naquele torpor, o modo de evitar a agonia, diziam eles, era produzir uma coisa que sobressaltasse o doente. E este levado pelo sobressalto, a vida voltava ele, pelo menos um pouquinho… Com Filipe II, o modo de o reacender um pouco era este: diziam-lhe coisas agradáveis e o grande rei agonizava, num letargo e mantinha indiferente a tudo… Mas tinha uma caixa com relíquias, à sua cabeceira, que ele osculava. Era só mexer nessa caixa, de modo a fazer algum barulho que ele voltava a cabeça e olhava… Com aqueles olhos grandes e investigadores com os quais entrou para a História, para ver: “Será que alguém está mexendo com falta de respeito nas relíquias?” Aí ele se levantava inteiro.

Eu não posso escapar à tentação de contar mais um fato análogo. Antes de Filipe II, agonizava em algum lugar da Savóia, provavelmente em Annécy, o grande São Francisco de Sales, Doutor da Igreja, Bispo-Príncipe de Genebra. Ele agonizava lentamente, docemente, como o fora a vida dele e como o foram os seus escritos. O confessor jesuíta recebeu do médico esta recomendação: Diga-lhe uma coisa que o sobressalte. O confessor chegou-se ao doente, que já ouvia mal e disse-lhe alto: “Monsenhor, será que Vossa Excelência, no segredo de seu coração não professa as doutrinas de Calvino?” – Ele [imediatamente]: “Não!”

* O que eu desejo para todos que pertencem à família de almas da TFP

Eu quero que, quando tiver chegado o extremo momento de todos aqueles que pertencem à família de almas da TFP ou ainda lhe vierem a pertencer, alguém, ao lhes perguntar: “Há alguma coisa no seu espírito da jaça revolucionária?”, logo se sobressalte e diga: “Não!”

Já que nosso trabalho é de luta contra a opinião pública, falemos um pouco dela, para que não se demore por demais esta reunião, que, segundo o relógio indica implacavelmente, vai chegando ao seu fim.

O que vem a ser essa opinião pública dentro da qual, ou, por outra, dentro da qual devemos lutar – sempre dentro dela e, às vezes, contra ela; tantas vezes em nossos dias contra ela?

* Uma reminiscência, para se entender o que é a opinião pública: os alunos do colégio São Luiz

Permitam-me dar uma reminiscência. Eu era menino, ainda muito menino, tinha dez anos, quando entrei para o Colégio São Luís. Notei desde logo um choque entre a mentalidade dominante entre os meus jovens companheiros de estudos e a mentalidade do ambiente onde eu fora formado. Era um choque tão frontal, de todos os modos e de todas as modas, que me causou uma estranheza, que me tomou por inteiro. Eu compreendi que aquele era um caminho, e o que eu tinha aprendido em minha casa era diferente.

A diferença era: aqueles todos estavam dispostos a me combater, a caçoar do mim, para me obrigar a seguir o caminho deles. E que eu, de meu lado, se tivesse meios, obrigá-los-ia pela persuasão, pela convicção, pelo raciocínio, a seguir o meu caminho. Havia duas forças em sentidos opostos: uma era a deles; outra, a minha.

Eu representava uma série de coisas; eles representavam o mundo moderno como no ano de mil novecentos e… não sei… dezessete, dezoito, dezenove, mais ou menos, vinha emergindo da tragédia da primeira guerra mundial e penetrando nas alegrias, que duraram tão pouco, e que, em francês, se chama “entre-deux-guerres” (entre as duas guerras), as duas catástrofes: a Primeira e Segunda guerra mundial. Era uma alegria, uma esperança, uma euforia…

Era também uma ignorância de Deus, um mero colocar a sua esperança nas coisas da Terra. Uma certeza otimista infundada de que o mundo seria uma grande gargalhada, uma grande alegria. Não se pensava no fim dessa gargalhada, que tinha que ser para todo o mundo, no fundo, a morte. Não se falava da morte, não se pensava na morte! Era uma espécie de vida eterna na Terra que as pessoas desejavam, sem ousar esperar. Era o mundo do jazz band que ia intercorrendo com suas primeiras cacofonias, precursoras das músicas pós-Sorbonne.

Eu percebi que, embora – e este é o ponto delicado, para se entender bem o que é opinião pública – não fosse nada combinado, e ainda que não houvesse nada articuladoquem opinasse num sentido diferente do meio ambiente, seria objeto de uma caçada comum da parte de uma boa parte das pessoas. A presença de um que estivesse em desacordo, provocava um mal-estar em todos, uma perseguição da parte de todos.

* Incompatibilidade com o jogo de futebol

Essa perseguição eu a senti muito bem, quando uma vez, em pé, no pátio do colégio – imaginem o que fazia; se alguém estiver em desacordo comigo eu lamento-o, mas não mudo nem um pouco o meu modo de pensar – eu tinha uma incompatibilidade temperamental e fundamental com o futebol.

Todos os meus colegas o jogavam no meio do intervalo das aulas. Eu não podia compreender – eu que gostava de jogar xadrez – que se fizesse dos pés o principal elemento de diversão do homem. Era uma coisa que…

Há aqui [na cabeça] uma coisa que não é pé e que serve para divertir e interessar mais o homem do que a chanca do futebol e o pezão do futebolista: que negócio é esse? Não jogava futebol. E ficava andando no recreio, de um lado para outro, sem provocar ninguém, sem criticar ninguém, mas sem participar de nada. Era como se as bolas de futebol se tornassem mais pesadas; as chancas mais pesadas; o chão mais poeirento e a partida de futebol atropelada. Por quê? Porque um não estava de acordo!

* A pedrada na têmpora…

Acontecia que nos intervalos de aula eu não tinha companheiros, porque ninguém queria estar à margem do jogo, andando de um lado para outro, filosofando comigo. “Filosofando”, como pode filosofar um menino de dez anos?… Andava de um lado para outro, e pensando mais ou menos coisas destas… De repente, sinto uma pedra que voa de um dos lados do recreio e vai direto bater aqui na minha têmpora, e faz um ferimento sério.

Naquele tempo se achava – não sei se é o mesmo o que a medicina diz hoje – que uma pedrada forte na têmpora podia ocasionar facilmente a morte. Portanto, a pontaria fora bem feita: o intuito era matar. O agressor era um menino, e sabendo eu quem era – não foi um assassino depois.

Os senhores compreendem o vigor de uma oposição geral de todos contra a minha atitude, porque estava em desacordo com um modo de ser e de pensar, que eles defendiam e esta espécie de contra Credo. Defendiam-no como eu nunca vira alguém defender o Credo.

* Solidariedade dos maus contra os bons

Compreendi isto e pensei: Não tenho diante de mim apenas uma soma de pessoas, mas tenho uma coligação de pessoas. Ligadas, no sentido etimológico da palavra: co-ligadas – ligadas umas com as outras por um reflexo; ligadas umas com as outras por uma solidariedade profunda, e que vinha da semelhança delas entre si e da dissemelhança comigo. E que eu deveria fazer era estudar o modo de eu, sozinho, desarticular aquilo. Mas isso eu faria!

Anos e anos depois… Tinha talvez uns trinta anos, caiu-me nas mãos um escrito do grande São João Bosco, que era a confirmação das minhas débeis e fracas percepções de menino de colégio. Ele dizia o seguinte: a solidariedade dos alunos maus, uns com os outros, era uma coisa incrível. Bastava um aluno ruim entrar no colégio que, em poucos dias, ficava conhecendo quais eram todos os outros alunos ruins do colégio e ficavam solidários entre si, para fazer oposição aos padres, aos diretores do colégio, aos vigilantes, enfim, aos que representavam a ordem dentro do colégio, coligados por uma união de sentimentos, que era a união que eu sentira entre os meus colegas.

* Futricando com o meu canivete na rocha da opinião pública

Eu pensei: não podendo desarticular essas moles de pedras enormes, vou meter o meu canivete pelo menos entre dois pedregulhos… E vou ver no que dá. Vou – desculpem-me a palavra – futricar nesse negócio para ver o que sai.

Eu percebo que tal colega meu não tem apenas como ídolo as chancas do futebol, mas que é um menino inteligente e que lê. Percebo que aquele outro presta atenção e conversa com este que lê. Percebo que aquele outro também lê. Quem lê, tem alguma coisa na alma que não é apenas a torcida do futebol. Eu vou ver se me ponho a conversar com um, depois com outro, outro e outro, durante o recreio, desviando as atenções do futebol. Assim, faremos uma roda de discutidores entre nós, iniciando uma espécie de bate-bola do espírito, que faça fronda ao bate-bola dos pés.

* Logo que respirei, parece que me senti monarquista!

Aproximando-me de um, outro e outro, formamos uma rodinha, sem que os amantes do futebol percebessem que eu estava formando tal rodinha.

Desde logo, verificou-se que eles não pensavam como eu.

Porque era uma época em que o problema monarquia e república se discutia muito ainda, e eu provinha de uma família que um bom número de membros era monarquista. E eu, desde tenra idade – D. Bertrand sabe disso, embora quem fosse pequeno naquele tempo era o pai dele – me sentia monarquista. Logo que respirei, parece que me senti monarquista.

Bom, muito mais do que isso, infelizmente já no tempo de menino, no meu tempo, era moda ser ateu. E vários daqueles colegas com quem eu discutia eram ateus militantes. Antes mesmo de me sentir monarquista, eu me sentira católico. Eles eram ateus. Não faz mal. Isso dava em discussões aos berros.

Criança não sabe argumentar bem, berra. Vai e fala mais alto… Graças a Deus, eu tinha voz bem alta. O berreiro obedecia à minha intenção: chamava a atenção dos que jogavam futebol. E abria um outro pólo, um outro estilo, um outro lugar dentro do espaço mental das pessoas do colégio São Luís. O futebol continuou a ser jogado, ninguém derruba um ídolo facilmente…

* A corrente dos não “footballers” no Colégio São Luís

Mas uma corrente de não footballers começou a assistir às nossas discussões, começou a interessar-se por nossas pelejas. A maior parte estava em desacordo comigo, mas ia-me ver brigar com os outros. Com isso, eu tinha conseguido uma fissura e tinha conseguido um tanto de alheamento e de afastamento da posição inicial, rumo a um estilo e a um nível mais alto, a alguma coisa, onde a palavra cultura tivesse sua significação. Cultura, que eu só concebia enquanto católica, e que eu afirmava e proclamava que havia somente uma verdadeira: a Católica, Apostólica, Romana!

* Dez anos de solidão; uma esperança me dizia: “Tu encontrarás!”

A condição para este resultado ser alcançado, era o primeiro passo numa longa vida com batalhas assim, foi que eu não me incomodasse nem de ser apedrejado, nem que se berrasse comigo, nem que se risse de mim, mas que eu fosse para a frente, não restituindo uma pedra com outra pedra, mas restituindo à pedra com um argumento. Interpelando: se tiver coragem responda, meu argumento é este. Vamos ver!

Essa experiência durou o resto de minha vida.

Eu passei dos dez aos vinte anos, procurando entre as pessoas de meu tempo quem pensasse como eu. Entre os meus parentes tinha bons amigos, com os quais eu tinha convívio muito agradável, muito interessante, pois eram muito espirituosos. Enfim, eu tinha cem afinidades de família com eles, como era natural… Mas, não pensavam como eu.

Eu queria quem pensasse como eu para abrir a cruzada dos que pensassem como eu, ou seja, dos que fossem católicos até o fim do caminho. Passei dez anos!

Dez anos, quando se está entre os dez e os vinte, [parece uma eternidade] eu passei-os sem encontrar ninguém. Mas, não deixei de procurar. A cada procura, uma decepção. Nunca, depois, um desânimo. Uma esperança estava em mim, que me dizia: “Tu encontrarás!”

A cidade de São Paulo era pequena naquele tempo: estava-se nos anos entre vinte e trinta [do século XX]. Talvez a cidade tivesse uns trezentos mil habitantes… Comparem este Moloque com treze a quinze milhões de habitantes, e compreendam como as circunstâncias se modificaram. No meu tempo de menino, mocinho, de adolescente, podia-se imaginar que se conhecida São Paulo inteiro. Mais ou menos, grosso modo era verdade. Não aparecia ninguém!

E se havia uma coisa que era censurada por todos e desprezada por todos era o moço católico. O moço católico era o símbolo da vergonha e do ridículo. Dizia-se que era um maricas, um efeminado, que era um homem sem pulso nem impulso de força, de varonilidade, de capacidade de realizar; um anacrônico, mofado nas poeiras do passado. Entretanto, eu ia para a frente…

* Tudo começou ali no Congresso da Mocidade Católica

Até que um dia, eu passando de bonde – ele chegava até lá nesse tempo – na Praça do Patriarca, passei em frente da igreja de Santo Antônio, e vi um cartaz de pano grande, que cobria em toda a sua extensão a fachada da igreja: “Do dia tanto a tanto de setembro – 1º Congresso da Mocidade Católica – Inscrições em tal endereço”. Mas é uma coisa tão boa, que nem posso acreditar. Será isso mesmo?

Tomei nota do endereço, no dia seguinte eu compareci: era isso mesmo. Era uma tentativa da Arquidiocese de São Paulo, por meio dos vários párocos de São Paulo, de convocar uma reunião de moços católicos. A reunião deveria realizar-se na igreja de São Bento, do Mosteiro, transformado para esse efeito em salão, onde havia conferências etc. Um véu cobria o presbitério com o altar-mor, onde se realiza o Santo Sacrifício da Missa, onde houvesse, talvez, naquele tempo o Santíssimo Sacramento. Não me lembro… E quem se inscrevia, recebia uma fitazinha azul, tendo pendente uma medalha de Nossa Senhora. Bonita medalha, cunhada em Roma.

Eu fui ao Congresso da Mocidade Católica. Mas com tanta ânsia, com tanta esperança de encontrar outros congêneres comigo, com quem iniciar essa cruzada, que eu de sobressalto juvenil, já pus a fita ao pescoço ao tomar o bonde que ia para o São Bento. Para todos verem, para ver se algum também lá não ia…

Cheguei ao São Bento e encontrei, com pasmo para mim, a igreja cheia de moços. Eram coletados pelos vigários nas várias paróquias de São Paulo. Estava começado o Movimento das Congregações Marianas.

* O jogo da opinião pública: começa a ser bonito ser católico

Aí eu presenciei uma coisa como nunca tinha imaginado: o fenômeno de opinião pública. E aqui nós voltamos a ele… Até aquele momento era ridículo, isto, aquilo e aquele outro um indivíduo ser católico; ser congregado mariano, nem se fala! Nem se sabia bem o que era ser congregado mariano: era o carola multiplicado pelo carola. Era a ideia que faziam.

Eu lembro-me de um fato que não vai edificar os senhores e menos ainda as senhoras. Eu tinha um primo que era amigo meu, muito chegado, mas que tinha as ideias opostas à minha. Vivia muito em [minha] casa.

Numa ocasião eu estava, era já noite, antes de jantar, numa espécie de sofá, deitado. E lendo a vida de um dos tzares Romanoff ou alguma coisa assim. Ele entrou no meu quarto, sem bater, e sentou-se diante de uma cadeira giratória, diante de mim. Olhou-me, perguntando: “Bem. Como vai você?” Eu respondi-lhe: “Bem, e você como está?” Ele olhou para o meu criado mudo e viu uma imagem de Nossa Senhora que eu tinha comprado há pouco, pois eu tinha entrado para a Congregação Mariana. E logo perguntou [em tom de debique]: “O que é isso?” – “Você não está vendo? É uma imagem de Nossa Senhora!” Porque, com essa gente, é preciso pular no pescoço. Como verão, eu levei o pulo longe demais… Ele atacou: “Isto é ridículo… E esse rosarinho, o que é esse rosarinho azul aqui?” – “É um rosário de carola que eu comprei, para dizer para gente como você que eu sou carola!” Eu sabia que essas coisas só se enfrentam assim: metendo o peito!  Ainda mais de moço para moço. E de moço daquele tempo para moço daquele tempo.

Ele me disse um desaforo qualquer de que não me lembro o que foi… Ele estava sentado de tal modo que estava ao alcance preciso do meu pé. Eu estava calçado… Eu virei-me ligeiramente e meti-lhe um pontapé no peito, tão profundo, que a cadeira giratória em que ele estava voltou-se para trás, e bateu numa mesa, e rachou o encosto.

Ele saiu sem poder falar e arfando… Fumando e arfando – o fumar, dava a entender que os pulmões estavam em ordem e que não havia grande perigo –, ele saiu arfando e eu continuei nos meus Romanoff.

Daí a pouco, vieram me chamar para jantar. E eu fui jantar. Durante este, ele apareceu. Como ele era da família, puxou de uma cadeira, sentou-se e começou a jantar também. Todos conversamos e ele pelo meio também… Em certo momento, eu terminei de jantar e estava querendo ir para a Congregação. Levantei-me. Ele se levantou também. E quando estávamos os dois sozinhos no corredor contíguo à sala de jantar, ele disse-me: “Olha, o pontapé que você me deu não foi nada em comparação com o sorriso de superioridade que você me deu, quando você me viu entrar na sala”. Não era verdade, pois não tinha dado esse sorriso. Era a desconfiança dele: ainda era a cicatriz do pontapé. Eu aí procurei aquietá-lo: “Não, não foi. Eu não sorri, não é verdade”. E não tinha sorrido mesmo, nem me tinha passado a ideia de superioridade pela cabeça.

Ele despediu-se. E eu fui a pé para a Congregação, pensando: “Eu vejo afinal que um que sustenta a boa doutrina toma uma atitude que até põe nessa posição de inferioridade quem sustenta a doutrina má. A batalha de opinião pública está sendo ganha.

* A “avis rarissima” tornou-se moda: moço católico

Quando em todas as paróquias de São Paulo, talvez por ordem desse Arcebispo – que eu admirei profundamente, e que foi Dom Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo de São Paulo – todos os padres começaram a aglutinar moços, chegava-se à Missa das oito ou das nove, conforme a paróquia – em geral era uma Missa muito frequentada – se via entrar uma fila de cinco, de dez, depois de vinte, depois de cinquenta, às vezes até duzentos moços cantando hinos marianos, e com a fita de congregado ao peito – ela mudou depois de forma e tal – em torno do pescoço, entoando “o Averno ruge enfurecido, Altar e Trono quer destruído. De mil soldados não teme a espada, quem pugna à sombra da Imaculada“, eu, que estava na fila, na minha congregação de Santa Cecília, olhava para o público, e olhava sobretudo para os homens, que julgava tão feio a gente ser católico…

Para abreviar essa história, uns cinco ou sete anos depois, nesta cidade, onde o homem católico era uma “avis raríssima” tornou-se tão frequente e tão prestigioso ser congregado mariano, que até pessoas não congregados usavam ou queriam usar o distintivo da Congregação. E houve fabricantes que faziam sem licença os distintivos, pondo-os no comércio, para não-congregados fingirem de congregados.

No começo dessa epopeia, os congregados, às vezes, tinham vontade de fingir que não eram. No fim, os não congregados fingiam que eram. Por quê? Porque ficou provado que não era uma minoria insignificante, era uma minoria grande, forte e aguerrida; minoria em franca expansão. E, com isso, a gargalhada cessou e a desarticulação caiu.

Em São Paulo, se pôde ser moço católico à vontade, sem atrair a caçoada. Isto foi mais ou menos em todas as grandes cidades do Brasil. E em muitas cidades médias e pequenas do Brasil.

* Princípio: se uma minoria aguerrida caminha para frente, cresce

Estava ensinado o princípio: se uma minoria é aguerrida, forte, ufana de seus ideais e caminha para a frente, ela cresce, porque há sempre muita gente que não tem a coragem de dar o primeiro passo, mas que do fundo de sua fraqueza admira aqueles. E quando estes passam, vai acompanhando. É preciso que alguém rompa o gelo. Rompa o silêncio. Rompido este, o número começa a crescer. Crescendo o número, os outros começam a se calar. Em pouco tempo, o jogo está invertido: é a batalha de opinião pública que foi ganha. Não sei se isto está bem expresso?

* A missão dos Correspondentes Esclarecedores

Os nossos correspondentes têm a missão de batalhar nesta grande luta da opinião pública, pelo seu exemplo, pela sua conduta, por tudo aquilo em que poreja num verdadeiro católico que ele assim o é. E que é um verdadeiro contra-revolucionário, quer dizer, contra esta esta onda de perdição que vai arrastando o mundo moderno.

Nós estamos fazendo isto. Devemos repetir cada vez mais o bom exemplo, repetir cada vez mais a boa palavra, saber cada vez mais proclamar alto os nossos ideais e levantar alto os nossos estandartesAconteça o que acontecer, e ainda que o comunismo tenha todas as audácias, se nós ficarmos de estandarte de pé e proclamarmos a mesma coisa que os congregados marianos daquelas épocas heroicas“O Averno ruge enfurecido Altar e Trono quer destruído. De mil soldados não teme a espada quem pugna à sombra da Imaculada”No fim, nós é que teremos ganho a batalha da opinião pública!

* Os primeiros passos de uma grande batalha já foram dados

É bem verdade, é bem verdade que essa batalha a ser ganha, já deu passos expressivos, senão não seríamos tão numerosos. Os senhores sabem onde é que se deu a primeira reunião geral da pré-TFP? Deu-se numa sala que talvez fosse apenas um pouco maior do que este palco, em que estamos agora aqui. Alguns dos veteranos desse tempo estão aqui presentes. Era uma reunião de estudos com gente vinda de todo o Brasil, reunida em torno do então jornal mensário “Catolicismo”. Convidada por gente nossa. Mandávamos emissários visitar os assinantes de “Catolicismo” em torno o Brasil, para reunir gente para esses estudos. E, ao cabo de muitos anos, muitas décadas e muitas lutas, temos aqui enchendo esta sala uma parte apenas de nossos correspondentes de nosso território de tamanho continental. Esta é a realidade.

* Ideias gloriosas para um futuro próximo

E eu não posso me esquecer da primeira campanha, por ocasião de um de nossos Encontros, em que os senhores e as senhoras tomaram parte, o espanto do público! Eu fui ver isso de uma janela do Hotel Oton, para medir as reações de opinião pública. Eu acompanhei com atenção.

Não podiam caber em si que no nosso modo de agir e no nosso modo de lutar, as senhoras tivessem uma ação de presença tão significativa. E que a reunião de senhoras simpáticas e entusiasmadas, interessadas, em torno dos nossos que faziam propaganda pública houvesse de produzir aquele efeito.

Quem sabe se daqui a algum tempo a nossa preocupação será de evitar que se fabrique este distintivo… Porque gente haverá que quererá bancar que é da TFP, porque está ficando moda ser da TFP. Este distintivo, dos senhores correspondentes e das senhoras correspondentes.

* Eu ponho ênfase no combater

O passo para isto é o que eu já recomendei em anteriores ocasiões: cada um dos senhores e das senhoras, no meio em que está, fazer apostolado; falar, não deixar passar uma ideia errada, sem dizer: “Olhe, isto também se pode ver de tal outra maneira assim, e de tal outra”. Não deixar passar uma ideia certa, sem dizer: “Estou de acordo! Muito bem! isso mesmo! é assim que se deve pensar!” Apoiar tudo o que deve ser apoiado; combater tudo o que deve ser combatido.

Eu ponho ênfase no combater, porque, nós, brasileiros, somos campeões para apoiar, mas a questão é combater. Nós não somos um povo combativo. Nossos maiores o eram. Os heróis das guerras contra os holandeses, os heróis das lutas contra os índios, os heróis de todas as lutas que houve pela História do Brasil, esses heróis eram combativos. Essa fibra heroica diminuiu em nós. É preciso que ela ressuscite. É preciso que ela ressuscite nos lábios dos homens de Fé, das senhoras de Fé, a favor da Fé, para que o Brasil seja verdadeiramente a Terra de Nossa Senhora Aparecida, a Terra de Santa Cruz!

* Um calote por cumprir

Para isso, há uma promessa de nossa parte não cumprida. O caloteiro é digno de respeito, sobretudo quando ele diz: “Estou em calote, estou em débito, e procurarei pagar logo que possa”.

Eu quero ser caloteiro honrado. Como tal, devo dizer, e sei bem que já falei em anterior reunião dos senhores na possibilidade de um boletim especial para os nossos correspondentes esclarecedores. Um boletim que oriente nesse sentido, em que os senhores e as senhoras nos possam escrever cartas e bilhetes perguntando assim: “Alguém me fez tal objeção e eu não pude responder; o senhor quer fazer o favor de publicar pelo seu boletim a nossa verdadeira resposta?” E outra diga: “Eu me encontrei em tal situação, tive tal atitude, mas senti que não era a atitude perfeita, o que senhor pode sugerir para tal situação?”

E, assim, ser uma espécie desse tipo de seção, chamado em nossos Encontros “Pergunte o que quiser e Dr. Plínio responderá”, ou uma coisa nesse gênero, por escrito, de modo que possamos conversar durante o ano inteiro e não apenas nestes rápidos Encontros.

* O apelo que lhes faço

Eu conheço um homem, o único que conheço nesse sentido, que tem um predicado interessante.

Fizeram-me sentir que eu não podia espichar além das nove e meia a reunião, porque os senhores têm que jantar. É mais do que justo, mais do que justo, e eu estou na hora, pois são nove e trinta e cinco pelo meu relógio; há uma coisa inexorável: o relógio –, eu conheço um homem, cujos relógios são como que de borracha, porque o tempo dele é de borracha. Ele estando muito ocupado, põe-se-lhe em cima mais uma ocupação, ele alarga o relógio e realiza: o Dr. Plínio Vidigal Xavier da Silveira. [Palmas]

Ele que, com tanta dedicação, orienta de minha parte este setor de nossas atividades, ele vai arranjar um tempo de aumentar o relógio de borracha dele e ver se logo sai então esse boletim, que dará corpo a esse meu apelo: insistamos, insistamos, insistamos, porque podemos virar o jogo, podemos virar a mesa, pelo simples fato de multiplicar o nosso número e aumentar o nosso fervor! É este o apelo que lhes faço.

Fonte: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Mult_891007_opiniao_publica.htm

Artigo anteriorEfemérides – 24/07
Próximo artigoEfemérides – 25/07
Homem de fé, de pensamento, de luta e de ação, Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) foi o fundador da TFP brasileira. Nele se inspiraram diversas organizações em dezenas de países, nos cinco continentes, principalmente as Associações em Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), que formam hoje a mais vasta rede de associações de inspiração católica dedicadas a combater o processo revolucionário que investe contra a Civilização Cristã. Ao longo de quase todo o século XX, Plinio Corrêa de Oliveira defendeu o Papado, a Igreja e o Ocidente Cristão contra os totalitarismos nazista e comunista, contra a influência deletéria do "american way of life", contra o processo de "autodemolição" da Igreja e tantas outras tentativas de destruição da Civilização Cristã. Considerado um dos maiores pensadores católicos da atualidade, foi descrito pelo renomado professor italiano Roberto de Mattei como o "Cruzado do Século XX".

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui