Na sequencia de nossa meditação, a respeito dos erros do comunismo, veremos hoje o importante aspecto das relações da Igreja com os Países Comunistas. Transcrevemos trechos de A Liberdade da Igreja no Estado Comunista, do Prof. Plinio — obra traduzida em inúmeros idiomas e distribuída aos Padres Conciliares — a finalidade claramente é mostrar que não é possível a coexistência pacífica católico-comunista.
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“No início, a atitude dos governos comunistas era de perseguição clara e aberta à Religião; para a Igreja não restava outra alternativa senão reagir contra eles vigorosamente. Em meio a peripécias dramáticas, correu abundante o sangue dos mártires. E o comunismo não conseguiu
extinguir a Fé na alma dos povos que lhe estão sujeitos.
De algum tempo para cá, certos governos comunistas estão mudando de tática.
Inauguraram uma era de tolerância restrita, em que aparece para a Igreja a perspectiva de uma tênue liberdade de culto e de palavra. Quão tênue, na verdade, porque a Igreja continua sendo combatida às escâncaras pela propaganda ideológica oficial e espionada pela polícia.
1 . Durante muito tempo, a atitude dos governos comunistas, não só em relação à Igreja Católica como em relação a todas as religiões, foi dolorosamente clara e coerente.
a ) Segundo a doutrina marxista, toda religião é um mito que importa na “alienação” do homem a um ente superior imaginário, isto é, a Deus. Tal “alienação” é aproveitada pelas classes opressoras para manter seu domínio sobre o proletariado. Com efeito, a esperança de uma vida extraterrena, prometida aos trabalhadores resignados como prêmio de sua paciência, atua sobre eles à maneira do ópio para que não se revoltem contra as duras condições de existência que lhes são impostas pela sociedade capitalista.
b ) Assim, no mito religioso tudo é falso, e nocivo ao homem. Deus não existe, nem a vida futura. A única realidade é a matéria em estado de contínua evolução. O objetivo específico da evolução consiste em “des-alienar” o homem no que diz respeito a qualquer sujeição a senhores reais ou fictícios. A evolução, em cujo livre curso está o supremo bem da humanidade, encontra pois um sério entrave em todo mito religioso.
c ) Em conseqüência, ao Estado comunista, que por meio da ditadura do proletariado deve abrir as vias à “desalienação” evolutiva das massas, incumbe o dever de exterminar radicalmente toda e qualquer religião, e para isto, no território sob sua jurisdição, compete-lhe:
- em prazo maior ou menor – conforme a maleabilidade da população – fechar todas as igrejas, eliminar todo o clero, proibir todo o culto, toda profissão de fé, todo apostolado;
- enquanto não for possível chegar inteiramente a este resultado, manter em relação aos cultos ainda não supressos uma atitude de tolerância odienta, de espionagem multiforme e de cerceamento contínuo de suas atividades;
- infiltrar de comunistas as hierarquias eclesiásticas subsistentes, transformando disfarçadamente a religião em veículo do comunismo;
- promover por todos os meios ao alcance do Estado e do Partido Comunista, a “ateização” das massas.
(Veja-se sobre a doutrina comunista a substanciosa e lúcida exposição contida na famosa “Carta Pastoral sobre a seita comunista, seus erros, sua ação revolucionária e os deveres dos católicos na hora presente”, de autoria de S. Excia. Revma. o Sr. D. Geraldo de Proença Sigaud, S.V. D., Arcebispo de Diamantina, publicada em “Catolicismo”, n.o 135, de março de 1962, e pela Editora Vera Cruz, 2ª
ed., 1963).
A partir do momento em que a ditadura comunista se instaurou na Rússia [1917], e mais ou menos até a invasão da URSS pelas tropas nazistas, a conduta do governo soviético em relação às várias religiões foi pautada por estes princípios.
Durante toda esta primeira fase a propaganda comunista ostentava aos olhos do mundo inteiro seu intuito de exterminar todas as religiões, e deixava bem claro que, até quando tolerava alguma delas, fazia-o para mais seguramente chegar a eliminá-la.”
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Como veremos em outro Post, à vista deste procedimento do comunismo, a linha de conduta a ser mantida pela
opinião católica também se patenteava simples e clara. A linha era claramente combativa, denunciando os erros da seita vermelha.