Bispo de Mira, na Ásia, famoso por suas esmolas e socorro ao povo cristão, depois que suas relíquias foram trasladadas em 1087 por mercadores italianos para Bari, na Itália, em vários países da Europa se tornou o santo que realça as festas natalinas.

Na vida de São Nicolau é difícil saber o que é realidade e o que é legenda. Este santo do século IV foi um dos mais venerados no Oriente, antes de o ser no Ocidente, pois as legendas contando fatos maravilhosos de sua vida se espalharam por todo o mundo.

Segundo a tradição, Nicolau nasceu por volta do ano 270 em Patara, opulenta capital da Lícia, na atual Turquia. Seus pais eram nobres, ricos, e sobretudo piedosos. Narra a legenda que, quando o infante Nicolau era de peito, só o tomava uma vez por dia às sextas-feiras e aos sábados, seguindo a disciplina do jejum da época.

Na escola o menino evitava a companhia dos colegas perniciosos, só travando amizade com os bons e virtuosos. Crescendo, evitava os espetáculos perigosos, e domava seu corpo com vigílias, cilícios e jejuns.

         Quando seus pais faleceram, Nicolau herdou grande riqueza. Considerou-se entretanto apenas seu administrador, tendo em mente que seus reais senhores deveriam ser os pobres e os necessitados.

Ocorreu então com ele um fato que todos seus biógrafos contam, e que o ilustra tão bem. Um viúvo nobre e caído na pobreza, não tendo como casar e nem manter três filhas jovens e belas, teve o satânico propósito de as prostituir para sustentar a família. Não consta como o jovem Nicolau soube do fato, e naturalmente ficou horrorizado.

Tomando então uma bolsa com moedas de ouro, jogou-a pela janela da casa do infame, dando-lhe com isso o suficiente para casar a filha mais velha. No outro dia, fez o mesmo, possibilitando-lhe casar a do meio. O beneficiado então pôs-se à espreita para ver quem era seu anônimo benfeitor. E quando Nicolau, no terceiro dia, jogou outra bolsa para o dote da terceira, ele lançou-se a seus pés, dizendo-se arrependido de seu infame plano, e agradecendo-lhe aquele benefício.

Por essa ocasião faleceu o arcebispo de Mira. Os prelados da província e o clero elevavam fervorosas preces aos céus, pedindo luzes para encontrar um digno sucessor. Como não chegavam a um acordo sobre a pessoa a escolher, por inspiração do alto, combinaram então que elegeriam bispo ao primeiro cristão que entrasse na igreja na manhã seguinte.

Ora, Nicolau tinha então se mudado de Patara para Mira para viver mais obscuramente, e pensou logo em visitar a igreja local. Assim, bem de manhãzinha franqueou o umbral do templo, ignorando em absoluto o que fora combinado. E foi logo apanhado e aclamado bispo. Embora resistisse, foi preciso ceder à vontade de Deus.

São Nicolau foi encarcerado na perseguição de Diocleciano, sendo libertado depois com a ascensão de Constantino.

         Narra-se que o santo apareceu em sonhos a esse Imperador, increpando-o por ter condenado à morte injustamente três de seus comissários. Despertando, o primeiro Imperador cristão chamou seus secretários, ordenando-lhes que revissem os fatos, para cientificar-se do ocorrido. E levantou a sentença de morte contra aqueles inocentes.

         São Nicolau participou na qualidade de bispo do I Concílio Ecumênico de Nicéia.

Um biógrafo do Santo, o arquimandrita (superior de um mosteiro na Igreja Oriental) Miguel, narra assim sua morte: “Havendo regido a Igreja metropolitana de Mira e embalsamado o país com o perfume de uma santíssima vida sacerdotal, trocou esta vida perecedoura pelo repouso eterno” por volta do ano 341.

Já no século VI o imperador Justiniano I ergueu em Constantinopla uma igreja em sua honra, e seu nome aparece na liturgia atribuída a São João Crisóstomo.

Durante séculos emana do túmulo do santo em Bari uma substância aquosa – antes chamada “óleo” –conhecida como Manna di S. Nicolau. Em 1980 foi marcado o dia 9 de maio, festa da trasladação das relíquias, para recolher-se esse líquido que se limita a dar por volta de meio litro. Isso é feito pelo reitor da Basílica de Bari na presença do Arcebispo, autoridades, clero e muitos fiéis. Aos últimos é distribuída uma garrafinha de água benta na qual foi misturada parte do Manna di S. Nicola, que é altamente procurada por seu poder medicinal.

Em vários países da Europa ele é o santo que no dia 6, sua festa, acompanhado de um escudeiro negro, leva presentes para as crianças que se portaram bem durante o ano. Infelizmente essa tradição está desaparecendo com a invenção do Papai Noel, dando lugar ao espírito comercial e mercantilesco de nossos dias. O Martirológio Romano Monástico diz dele no dia de hoje: “No século IV, São Nicolau, bispo de Mira, na Ásia Menor, contemporâneo do I Concílio Ecumênico de Nicéia. Conforme uma tradição, ele salvou a vida de três oficiais romanos injustamente condenados à morte pelo Imperador, e deu o dote a várias moças pobres destinadas à desonra. O culto a este taumaturgo, venerado no mesmo dia pelos orientais, espalhou-se pelo Ocidente no século XI, após a trasladação de suas relíquias para Bari, na Itália meridional”.

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